Três municípios de Mato Grosso do Sul foram alvos da Operação Fluxo Oculto, da Polícia Civil, deflagrada ontem, que desmantelou um braço de uma facção criminosa de Goiás que atuava no Estado, em mais uma das “parcerias” interestaduais no tráfico de drogas. O grupo teria movimentado R$ 30 milhões com atividades ilícitas, valor que foi bloqueado.
Sob comando da Polícia Civil de Goiás (PCGO), foram cumpridos 10 mandados de prisão temporária e 23 mandados de busca e apreensão domiciliar no decorrer da ação nos municípios de Cassilândia, Chapadão do Sul e Campo Grande em Mato Grosso do Sul, além de Mineiros, Portelândia, Jataí, Goiânia e Aparecida de Goiânia em Goiás.
Durante a investigação, foram identificadas pessoas que forneciam drogas em Mineiros (GO) com relação direta com membros da facção Amigos do Estado (ADE), organização aliada do Primeiro Comando da Capital (PCC) e que foi responsável por 40% dos homicídios goianos em 2021.
Além disso, os fornecedores também mantinham contato com uma associação criminosa que atua em Campo Grande, também no tráfico de drogas.
Tanto que, na Capital, foram cumpridos três mandados de busca e apreensão, desses, dois foram no Bairro Moreninhas e outro no Itamaracá, segundo informou a Delegacia Especializada de Repressão a Roubo a Banco, Assaltos e Sequestros (Garras), que contribuiu com a operação. Ainda de acordo com a delegacia, não havia mandados de prisão expedidos para a Capital.
Segundo um levantamento recente do jornal O Globo, a facção goiana Amigos do Estado é uma das 10 que disputam o “domínio” do território sul-mato-grossense, além da sua aliada PCC, o Comando Vermelho (CV) e outras organizações criminosas.
Como reportaram diversos veículos de Goiás, foi realizado o bloqueio de R$ 30 milhões das contas dos investigados, além da prisão de cinco deles. Porém, outros cinco alvos continuam foragidos, ainda sem informação do município onde eles estão.
Ao todo, foram expedidas 139 medidas judiciais, das quais também englobam os estados do Rio de Janeiro e Paraná. Para identificar o esquema de fluxo do dinheiro (por isso o nome da Operação), foi preciso o auxílio de escutas e análises bancárias. As investigações e as buscas pelos foragidos seguem.
PRINCESINHA
Um dos principais alvos da operação é Francielly Paiva, também conhecida como Cielly Paiva, que atua em diversas profissões: modelo, corretora de imóveis e criadora de conteúdos adultos. Ela já é investigada pelas autoridades goianas há muito tempo, além de ser prima de um traficante que está preso na Penitenciária Federal de Catanduvas (PR).
Em outubro do ano passado, ela foi alvo de um mandado de busca e apreensão durante a Operação Portokali, que apontou ela como operadora financeira de um esquema criminoso ligado ao tráfico de drogas e lavagem de dinheiro.
Para piorar, ela utilizava o nome das filhas de 6 e 17 anos para lavar o dinheiro. Como, na época, ela estava viajando pela Europa, o mandado de prisão não foi cumprido.
Há pouco mais de quatro meses, Francielly foi localizada e presa em Lisboa, Portugal, com ajuda da Interpol e da Polícia Federal. Segundo a PF, a modelo passou todo o período – desde a deflagração da Operação Portokali – viajando pelo Velho Continente. Tanto que, o nome da ação policial é grego e significa “laranja”, referindo-se a um país para onde ela teria ido antes de ser presa.
Recentemente, no dia 19 de setembro, a “Princesinha do Tráfico”, como foi apelidada após as ações, foi extraditada de Portugal para Goiás. Nas redes sociais, Francielly sempre esbanjou uma vida de luxo, com fotos em diversas cidades conhecidas mundialmente e em festas de classe alta.
Inclusive, a polícia acredita que ela utilizava de sua fama nas redes sociais e ostentação explícita para esconder os crimes que praticava. No mandado de busca e apreensão cumprido contra ela na Operação Portokali, no ano passado, foram confiscados veículos de luxo, documentos e dispositivos eletrônicos.
*SAIBA
Participaram da Operação Fluxo Oculto as delegacias de Jataí (GO), Rio Verde (GO), Cassilândia e Chapadão do Sul, além de agentes do Garras e da delegacia de Mineiros (GO).
Fonte;Correio do Estado