Um momento raro e encantador foi registrado em um dos ninhos monitorados pelo Instituto Arara Azul, em Bonito. O fotógrafo Maycon Portilho flagrou um casal de araras-azuis realizando movimentos que lembram um passo de dança, em perfeita sincronia, como se uma imitasse a outra.
A cena chamou atenção não apenas pela beleza, mas também por reforçar a forte ligação entre a espécie, que costuma permanecer junta por toda a vida. Gigante entre as araras, a arara-azul-grande é a maior representante da família no mundo, podendo chegar a um metro de altura, com envergadura de até 1,40 metro e peso em torno de dois quilos.
A plumagem azul intensa, em diferentes tonalidades, é inconfundível, contrastando com o amarelo vivo ao redor dos olhos e na base do bico.
Considerada ameaçada de extinção, a espécie enfrenta riscos devido à destruição de seu habitat e ao comércio ilegal. No Pantanal sul-mato-grossense, cerca de 90% dos ninhos estão concentrados em árvores de manduvi, possuindo dieta altamente especializada em frutos de palmeiras, principalmente bocaiúva e acuri.
A reprodução também é um desafio. A arara-azul-grande põe de um a três ovos, mas geralmente apenas um filhote sobrevive. O período de incubação dura em média 30 dias e o filhote permanece no ninho por cerca de 107 dias.
Mesmo após voar pela primeira vez, ele ainda depende dos cuidados dos pais por até 18 meses. Por isso, a espécie realiza apenas uma postura por ano, e em alguns casos, apenas a cada dois anos.
O flagrante em Bonito reforça a importância do trabalho de monitoramento e conservação desenvolvido pelo Instituto Arara Azul, que há anos acompanha a vida desses animais emblemáticos do Pantanal.