sexta-feira, 5 dezembro, 2025 04:33
Home CulturaLonga de Ulísver Silva e curta de Daphyne Schiffer Gonzaga são as produções locais premiadas

Longa de Ulísver Silva e curta de Daphyne Schiffer Gonzaga são as produções locais premiadas

de Redação Bonitonet
0 comentários

Duas estreias marcaram a premiação da mostra competitiva sul-mato-grossense do Bonito CineSur – Festival de Cinema Sul-Americano, encerrado na noite de sábado, no Centro de Convenções de Bonito, com o anúncio das produções vencedoras desta terceira edição. “Enigmas no Rolê”, longa-metragem de estreia de Ulísver Silva, e o curta “Jardim de Pedra – Vida e Morte de Glauce Rocha”, estreia na direção da jornalista Daphyne Schiffer Gonzaga, são os filmes de Mato Grosso do Sul que levaram para casa o Troféu Pantanal.
Com o seu primeiro curta-metragem, que busca documentar e resgatar a trajetória da atriz Glauce Rocha (1930-1971), Daphyne conquistou o prêmio de Melhor Filme de MS na votação do júri popular.

“Enigmas no Rolê”, ficção infantojuvenil sobre um irmão e uma irmã do interior que fazem de tudo para assistir a um show de rap em Campo Grande, garantiu a Ulísver, além do Troféu Pantanal de Melhor Filme sul-mato-grossense pelo júri oficial, uma premiação em dinheiro no valor de R$ 7.500.

O cineasta Alfredo Manevy, a curadora Andréa Cals e o ator Buda Lira foram os integrantes do júri oficial da mostra MS do festival. O longa-metragem “Oro Amargo”, coprodução de Chile, Uruguai e Alemanha dirigida por Juan Olea, venceu pelo júri oficial da mostra sul-americana, levando o Troféu Pantanal e um prêmio de R$ 20 mil (confira todos os vencedores no box).

PRECIOSO

“Um festival de cinema que reúne um continente inteiro numa única tela traz para o real, traz para o concreto, aqui, em Bonito, a transformação da utopia em realidade. O festival é a celebração do cinema sul-americano. Das imagens, das histórias, das lutas e conquistas que nos movem quando a tela se acende”, disseram Thiago Lacerda e Cláudia Ohana no início do discurso da cerimônia de encerramento e premiação.

Durante nove dias, Bonito, a quase 300 quilômetros de Campo Grande, transformou-se em um grande cenário do audiovisual sul-americano, onde integração, conexão e pertencimento estiveram no dia a dia de um festival que movimentou a cidade. Artistas, cineastas, produtores, figurinistas, roteiristas e profissionais que atuam com o cinema estiveram na cidade para participar de várias ações desenvolvidas pela terceira edição do Festival de Cinema Sul-Americano, o CineSur Bonito.

O festival que movimentou o trade do setor de cultura e artes cênicas foi um esforço coletivo para ser realizado. Nas manhãs, tardes e noites, seja no Centro de Convenções de Bonito – onde foram realizadas a maioria das atividades –, seja nos bairros ou no Sesc Bonito, sempre teve um momento para aprendizado e discutir o cinema. Para os apaixonados pelo tema, a oportunidade foi única.

É o caso de Daniela Rodrigues, que mora em Bonito há três anos e participa de todas as edições. A supervisora de logística conta que não perde uma atividade, seja nas exibições dos filmes, seja nos debates.

“É um festival precioso, estar tão perto de uma arte acessibilizada, gratuita. Temos oportunidade de conhecer outros diretores, artistas, temáticas importantes, como as ambientais, uma das minhas preferidas, porque desperta minha visão de como estou inserida nesse contexto. É incrível, já tem esse tapete vermelho do Oscar, é todo um conceito que existe que contribui para esse clima maravilhoso”, afirmou Daniela.

Foi uma programação pensada para toda a família. Além de exibição da filmes, a população pôde contar com debates e seminários. Ana Lívia Teixeira, aspirante a atriz que veio especialmente para o curtir o festival, disse que gostou especialmente do cine debate sobre os filmes exibidos nas mostras competitivas.

“Falar diretamente com produtores, artistas e roteiristas, que estiveram nos bastidores do filme desde a concepção, é enriquecedor e amplia nosso conhecimento, não só sobre o filme, mas sobre toda a indústria que existe por trás dessa imensa máquina que é o audiovisual. É uma oportunidade única, imperdível e dá muito orgulho que esteja acontecendo na minha terra, Mato Grosso do Sul”, disse Ana Lívia.

FASCINANTE

Também foi destaque a diversidade de temáticas e narrativas abordadas nas mostras competitivas, todas concorrendo à premiação: Mostra Sul-Americana e Mostra Ambiental, nas categorias de longas e curtas-metragens; e a Mostra Sul-Mato-Grossense, de Melhor Filme.

“Foram 120 horas de programação, em que as atividades começavam às 7h30min e terminavam às 23h. Estamos trazendo um festival que vai se qualificando ano a ano, tanto nos nomes que traz para essa troca quanto no público que traz. O Bonito CineSur também tem esse compromisso, de impulsionar o audiovisual local”, afirmou Andréa Freire, coordenadora do Bonito CineSur.

Para o artista plástico Humberto Espíndola, um dos jurados da Mostra Ambiental, o sentimento de pertencimento é um dos legados do festival, colocando Mato Grosso do Sul no mapa cultural do Brasil.

“Esse é o grande desafio, desde o início da minha carreira, quando fiz a opção por ficar no Estado quando tantos outros partiram. E o festival traz esse sentimento de muita intimidade com tudo o que foi exibido aqui. Pertencer a uma região geográfica, a uma cultura de fronteiras, encontrando-se na linguagem própria do cinema. Ter esse festival é prova de que o Estado está no caminho de se posicionar nesse mapa do Brasil e da América do Sul”, declarou Humberto Espíndola.

“Fascinante”, disse o cineasta Joel Pizzini, um dos palestrantes do evento, sobre a imersão de fazer e falar sobre o cinema sul-americano. “A gente está de costas para a América do Sul, pois não temos uma relação efetiva e afetiva, como deveria. São 12 países, 400 milhões de pessoas, um mercado ultrapotencial, e não nos demos conta disso. Somos um povo plural, com muitos talentos e diversidade absurda, tanto dos povos originários quanto dos sequestrados. E qual o rosto desse cinema?”, questiona Joel.

SINGULARIDADE

Um dos curadores da Mostra Sul-Americana, o jornalista, roteirista e crítico de cinema Rodrigo Fonseca, afirma que “um dos grandes compromissos de um festival como o de Bonito é celebrar o sonho de uma integração territorial, permitindo a celebração das vozes com mais singularidade”.

De acordo com ele, a partir de cicatrizes comuns, como machismo, exclusão social e questões econômicas e sociais, o CineSur “conecta-nos com os povos vizinhos e provoca uma concatenação de poéticas e de angústias”.

“Às vezes, essas angústias são revisitadas, numa perspectiva como a de ‘Oro Amargo’; às vezes, é feito no terreno do documentário, como no caso de ‘Brasiliana, o Musical Negro que Apresentou o Brasil ao Mundo’, um musical. São diferentes formas narrativas pinceladas para mostrar a riqueza e a diversidade da produção”.

O Festival de Cinema Sul-Americano teve início no dia 25 de julho e apresentou 63 filmes. É uma realização da Associação Amigos do Cinema e da Cultura (Aacic), em parceria com o Ministério da Cultura (governo federal), por meio de emenda parlamentar do deputado federal Vander Loubet.

Conta com patrocínio da Fecomércio-MS, Sesc, Emgea, Agência Nacional do Cinema (Ancine), Petrobrás, Caixa Econômica Federal e Banco do Brasil. Tem o apoio da Secretaria Municipal de Turismo e Desenvolvimento Econômico e da Prefeitura de Bonito, da Fundação de Turismo de Mato Grosso do Sul (Fundtur), da Secretaria de Estado de Turismo, Esporte e Cultura (Setesc) e do governo de Mato Grosso do Sul, além do apoio cultural da Energisa e da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS).

3º Bonito CineSur – Vencedores

JÚRI OFICIAL SUL-AMERICANO

Melhor Longa-Metragem Sul-Americano: “Oro Amargo”, de Juan Olea (Chile/Uruguai/Alemanha).
Melhor Curta-Metragem Sul-Americano: “Amor en los Tiempos de como Sea que se Llame el Presente”, de Valentina Qaszulxkef (Colômbia).
JÚRI OFICIAL AMBIENTAL

Melhor Longa-Metragem Ambiental: “Rua do Pescador, nº 6”, de Bárbara Paz (Brasil).
Melhor Curta-Metragem Ambiental: “Sobre a Cabeça os Aviões”, de Amanda Costa e Fausto Borges (Brasil).
JÚRI OFICIAL SUL-MATO-GROSSENSE

Melhor Filme Sul-Mato-Grossense: “Enigmas no Rolê”, de Ulísver Silva.

JÚRI POPULAR

Melhor Longa-Metragem Sul-Americano: “A Melhor Mãe do Mundo”, de Anna Muylaert (Brasil).
Melhor Curta-Metragem Sul-Americano: “Revelación”, de Emanuel Moreno Elgueta (Chile).
Melhor Longa-Metragem Ambiental: “Sinfonia da Sobrevivência”, de Michel Coeli (Brasil).
Melhor Curta-Metragem Ambiental: “Sobre Ruínas”, de Carol Benjamin (Brasil).
Melhor Filme Sul-Mato-Grossense: “Jardim de Pedra – Vida e Morte de Glauce Rocha”, de Daphyne Schiffer Gonzaga.


MENÇÕES HONROSAS

Menção Honrosa ao curta-metragem ambiental “Uma Menina, Um Rio”, de Renata Martins (Brasil).
Menção Honrosa ao longa-metragem ambiental “Sinfonia da Sobrevivência”, de Michel Coeli (Brasil).

Você também pode gostar

-
00:00
00:00
Update Required Flash plugin
-
00:00
00:00