As tarifas comerciais impostas pelos Estados Unidos, por Donald Trump, entraram em vigor nesta quarta-feira (6) e atingiram em cheio a indústria sul-mato-grossense, afetando principalmente o setor de carnes e miudezas comestíveis.
O levantamento feito pelo Estadão aponta que Campo Grande lidera as perdas, com mais de US$ 117,5 milhões em exportações impactadas, seguida por Nova Andradina (US$ 37,8 milhões), Naviraí (US$ 29,2 milhões) e Bataguassu (US$ 16,1 milhões).
Além da carne bovina, outros setores também sentiram os efeitos das barreiras comerciais, como o açúcar e produtos de confeitaria, gorduras e óleos de origem animal ou vegetal, preparações alimentícias e até papel e cartão. Municípios como Rio Brilhante, Cassilândia, Paraíso das Águas, Angélica e Ivinhema aparecem entre os mais afetados nessas áreas.
Dourados, Três Lagoas e Iguatemi também registraram perdas significativas, assim como pequenas exportações de segmentos menos tradicionais, como máquinas e aparelhos mecânicos, preparações hortícolas e caldeiras, que partiram de Campo Grande e Parnamirim.
Confira abaixo a relação detalhada:
Carnes e muidezas: Campo Grande (US$ 117.535 milhões), Nova Andradina (US$ 37.899 milhões), Naviraí (US$ 29.243 milhões), Bataguassu (US$ 26.152 milhões) e Anastácio (US$ 23.896 milhões).
Açúcar e produtos de confeitaria: Rio Brilhante (US$ 6,81 milhões), Paraíso das Águas (US$ 4,11 milhões), Angélica (US$ 2,59 milhões), Naviraí (US$ 2,33 milhões) e Ivinhema (US$ 2,02 milhões).
Gorduras e óleos animais ou vegetais: Cassilândia (US$ 4,44 milhões) e Dourados (US$ 498,36 mil).
Preparações alimentícias: Campo Grande (US$ 2,54 milhões).
Papel e cartão: Três Lagoas (US$ 182,33 mil).
Máquinas e aparelhos mecânicos: Campo Grande (US$ 20,24 mil).
O impacto reforça a dependência de Mato Grosso do Sul das exportações do agronegócio e da indústria alimentícia, setores diretamente vulneráveis a decisões políticas e comerciais internacionais.
Cenário nacional
O tarifaço de 50%, imposto pelo presidente dos Estados Unidos, atingiu 906 municípios brasileiros que vendem para os americanos, conforme levantamento do Estadão. A medida foi decretada há uma semana e passou a valer nesta quarta-feira (6).
Trump livrou produtos como aeronaves da Embraer, suco de laranja, petróleo e celulose, mas sobretaxou carne, café, máquinas, pescados e outros produtos.
No cenário nacional, as empresas mais afetadas são dos municípios do Sudeste e Sul do País, regiões que mais exportam para os EUA. O levantamento feito pelo Estadão leva em conta os 30 produtos mais exportados pelo Brasil aos Estados Unidos em 2024 e os segmentos que foram alvo da sobretaxa adicional de 40% decretada por Trump no último dia 30 — uma taxa de 10% já havia sido anunciada sobre o Brasil, totalizando 50%.
Entre os municípios mais prejudicados estão Piracicaba (SP), que vende máquinas e peças para os americanos; Matão (SP), com preparações de frutas; Guaxupé (MG), que vende café; Jaraguá do Sul (SC), com máquinas e materiais elétricos; Ribeirão Pires (SP) e São Leopoldo (RS), que têm fábricas de armas vendidas aos EUA.
O levantamento foi realizado com base nas incidências divulgadas pelo Ministério do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC). Dentro dos grupos de mercadorias que não escaparam da tarifa adicional, há produtos que, a depender da especificação, podem ser isentos. Portanto, o levantamento não é definitivo.
Não foram considerados os itens enquadrados na Seção 232, que taxa produtos específicos com a mesma alíquota em todos os países, como aço, alumínio e madeira.
Fonte:correio do estadao