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Em evento com foco ambiental, Riedel diz que viabilidade econômica do Pantanal é desafio

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Uma coincidência oportuna. Foi assim que os organizadores do Fórum Pontes Pantaneiras e o governador de Mato Grosso do Sul Eduardo Riedel trataram o evento que começa nesta quarta-feira (16) em Campo Grande, e que se estende até a próxima sexta-feira (18).

Na abertura, Riedel afirmou que o debate realizado no evento contribuirá para a elaboração da nova Lei do Pantanal, mas também lembrou que além do desafio da preservação ambiental, que voltou à pauta com a disparada do desmatamento no primeiro semestre deste ano, a viabilidade econômica das propriedades rurais pantaneiras também deve ser discutida.

“A soja no Pantanal é uma ameaça?, nós temos muito mais perguntas do que respostas”, comentou o governador.

Além de Eduardo Riedel, na abertura do evento estiveram presentes o Cônsul-Geral dos Estados Unidos em São Paulo, David Hodge.

“Faremos tudo o que pudermos para apoiar o Brasil nas ações a favor do meio ambiente, de combate ao desmatamento e de promoções de cultura de baixo carbono”, afirmou o diplomata.

A embaixada dos EUA e seus consulados são apoiadores do evento, que é promovido por uma organização brasileira, a SOS Pantanal, e por outra norte-americana, a Fundação Smithsonian.

Gerson Oliveira/Correio do Estado

Pesquisadores da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), integrantes dos ministérios da Agricultura e Pecuária (Mapa) e do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA), também estiveram presentes na abertura, e estarão presentes nas discussões que ocorrem até sexta-feira.

Práticas sustentáveis, agroecologia, povos originários, conservação e sustentabilidade dominarão as pautas das mesas de discussão até a próxima sexta-feira.

Na abertura Eduardo Riedel fez o contraponto econômico, porque pelo menos neste evento, os produtores rurais que estão acuados pela mudanças na legislação que virão, estão menos representados.

Pudera, a disparada do desmatamento no Pantanal desde que um decreto publicado por seu antecessor, Reinaldo Azambuja (PSDB), entrou em vigor, acendeu um alerta não apenas entre os ambientalistas, mas ganhou outros segmentos.

Um exemplo da disparada do desmate, que é permitido pelo decreto de 2015, foi constatado no primeiro semestre deste ano pelo sistema MapBiomas: exatos 25.543,1 hectares foram suprimidos no primeiro semestre, o que representa aumento de 175% na comparação com os 9,3 ml hectares de igual período de 2022.

Toda esta escalada sobre a mata nativa pantaneira levou Riedel a publicar, nesta quarta-feira, um novo decreto que suspende todas as novas licenças ambientais para supressão ambiental no bioma pantaneiro, inclusive as que estão em andamento.

As suspensões ocorrerão enquanto Riedel promete redigir, a muitas mãos, uma nova Lei do Pantanal.

“O meio ambiente faz parte de uma agenda que se mistura com a economia, e também com o social. E essa discussão, que não foi planejada, pensada que ocorresse aqui (o evento foi agendado há cinco anos), começa justamente agora, no momento em que será levada para a Casa de Leis de Mato Grosso do Sul (Assembleia Legislativa), onde os assuntos devem ser debatidos”, disse Riedel.

No processo de elaboração de uma nova lei para o Pantanal, o governador afirmou que as partes envolvidas precisarão conversar, e também lembrou do papel das instituições científicas, como a Embrapa.

Viabilidade Econômica

Mas foi a viabilidade econômica das propriedades pantaneiras, um ponto usado pelo governador em seu discurso de abertura do evento para levantar a discussão.

Reportagem publicada recentemente pelo Correio do Estado indica que o cultivo de monoculturas, como soja, milho, e até mesmo eucalipto, já foram constatado em propriedades do bioma pantaneiro.

“Vamos precisar entender a dinâmica social (do Pantanal). Se no passado existia aquela dinâmica com oito ou dez guris em baixo de um pé de manga no Pantanal, hoje a gente está perdendo um pouco disso. As pessoas estão deixando o Pantanal por falta de viabilidade econômica”, afirmou Riedel. “A soja é uma ameaça? Temos muito mais perguntas do que respostas”, complementou.

O contexto aplicado por Riedel mostra o que as ONGs, como a SOS Pantanal, organizadora do evento, e também o Instituto Homem Pantaneiro (IHP), já haviam constatado: uma mudança no perfil da produção das propriedades pantaneiras, pautada sobretudo pela busca de um novo modelo de produção que não se encaixa na cultura pantaneira, a qual quase a maioria dos sul-mato-grossenses atribui como a responsável pela preservação do bioma nos últimos séculos.

A pecuária com gado da raça pantaneira, que se alimentava da vegetação nativa do bioma, está dando lugar a uma pecuária ainda extensiva, mas com nuances mais intensivas, com pastos exóticos, porém, mais economicamente eficientes, como a braquiária, novas raças de gado, como os nelores e cruzamentos indoeuropeus, além das monoculturas.

“A Casa de Leis vai debater com profunda responsabilidade uma lei que contemple a preservação de um dos biomas mais ricos do nosso planeta, mas também vai debater as tecnologias que devem ser aplicadas”, afirmou.

O governador também falou em uma possível linha de crédito específica para o Pantanal, que seria viabilizada pela Superintendência para o Desenvolvimento da Região Centro-Oeste (Sudeco). “Isso é para que a gente possa conduzir estas ações no sentido de integrar preservação, produção, e dar sequência neste trabalho”, comentou o governador.

Fonte:CE

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