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Sergio Moro: ‘Eleger Lula ou Bolsonaro é suicídio’

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Desde que anunciou sua pré-candidatura a presidente da República, em novembro passado, a rotina, os hábitos e o comportamento de Sergio Moro mudaram substancialmente. Dois meses atrás, se alguém perguntasse ao ex-juiz a opinião dele sobre o retorno do ex-presidente Lula ao centro do debate político, receberia uma resposta evasiva, insossa, na linha do “eu prefiro não falar sobre pessoas”.

Moro demonstrava então uma extrema dificuldade em reagir a ataques, se recusava a criticar de maneira veemente quem quer que fosse e não se sentia à vontade em caracterizar adversários com adjetivos mais contundentes. O máximo que o léxico do ex-ministro da Justiça conseguia produzir em uma situação de confronto era classificar Jair Bolsonaro como “populista”— ainda assim, no calor de sua demissão do cargo e depois de ser xingado de traidor e mentiroso pelo antigo chefe. Se a disputa fosse por uma vaga no Itamaraty, Moro estaria habilitado naquele tempo.

Para uma batalha eleitoral que promete ser uma das mais acirradas desde a redemocratização e competindo com profissionais da política, havia dúvidas.

O ex–ministro bolsonarista e atual pré-candidato à Presidência, Sergio Moro (Podemos), adotou um tom mais agressivo para a campanha deste ano e não poupou críticas aos seus adversários políticos de maior destaque, o presidente Jair Bolsonaro (PL) e o petista Luiz Inácio Lula da Silva em entrevista concedida à Veja e veiculada nesta sexta-feira (14). Colocado na posição de eleitor, Moro foi direto: não votaria em nenhum dos dois. “O Brasil não corre o risco de ter essa escolha trágica. Eleger Lula ou Bolsonaro é suicídio”, disse.

O ex-juiz acredita que somente o fato de Lula retornar à política é uma afronta. “É um acinte, um tapa na cara dos brasileiros, um desastre, um sinal verde para a volta da roubalheira”, disse. No entanto, é Jair Bolsonaro, para quem foi conselheiro e catapulta para a campanha em 2018, que considera seu maior adversário. Além da clara oposição, Moro chama o mandatário de mentiroso em sua política “anticorrupção” e afirma que saiu do governo porque o chefe do Executivo queria proteção jurídica além dos limites do cargo de ministro.

“O presidente mente ao falar que acabou a corrupção. Ele não queria combater nada. Queria apenas se blindar, ficar longe do alcance da Justiça. Ele me disse que eu tinha de sair do governo porque não aceitava protegê-lo de investigações”, declarou.

E continuou: “O adversário principal no primeiro turno é o Bolsonaro. Quero dar às pessoas a alternativa de que não é preciso tratar quem pensa diferente como inimigo. As pessoas sabem que esse governo não tem compromisso com o combate à corrupção e que não funcionou na economia. Elas precisam de uma outra alternativa, inclusive para enfrentar o outro extremo, que é o Lula. Se insistirem na polarização vamos acabar entregando o poder ao Lula”.

Mais uma vez, Moro desmente rumores de que estaria desistindo do pleito presidencial para tentar uma vaga como parlamentar, no Senado, pelo Podemos em São Paulo. O presidenciável diz que esses boatos são inflados por outros integrantes da disputa. Dando sequência ao repertório de críticas, o líder da terceira via tem como alvo, também, o Judiciário, em especial o Supremo Tribunal Federal (STF), que anulou as condenações impostas a Lula pela Operação Lava-Jato.

“As pessoas sabem quem está do lado certo dessa história, quem combateu a corrupção, quem cometeu corrupção e quem favoreceu a corrupção”, alfinetou. E sobre Bolsonaro? O insosso “populista” agora vem acompanhado de “mentiroso, enganador, irracional e inconfiável”, diz. A reportagem menciona que o novo perfil de discurso de Moro foi planejado e que o ex-ministro tem feito treinamento com fonoaudiólogos, sessões de media training e ensaios com especialistas em oratória.

Sobre o motivo pelo qual resolveu arriscar a candidatura ao Planalto, volta a inflar seu currículo no combate à corrupção, e se vê como a melhor alternativa entre Lula e Bolsonaro. “Precisamos romper essa polarização, que tem transformado os brasileiros e dividido as pessoas entre amigos e inimigos. Estamos todos no mesmo barco. Tenho a credibilidade construída durante minha carreira de juiz, especialmente na Operação Lava-Jato, em que conseguimos responsabilizar pessoas que tinham cometido grandes crimes de corrupção, e durante minha passagem pelo Ministério da Justiça, para onde entrei a fim de realizar um projeto e de onde saí porque vi que havia sabotagem do presidente. Isso demonstra minha integridade e meu compromisso com princípios e valores que são importantes para construir um projeto para o Brasil. Infelizmente, não vejo nas candidaturas de extremos uma proposta de país”, completou.

Fonte:Veja

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