As águas do Rio Formoso, um dos principais cartões-postais de Bonito, voltaram a apresentar sinais de turbidez após uma intensa chuva registrada na região. Com aproximadamente 60 milímetros de precipitação acumulada em poucas horas, o fenômeno transformou a aparência cristalina do rio em alguns trechos, levantando alertas sobre os impactos ambientais e turísticos na região.
Imagens captadas na última segunda-feira (7) mostram áreas com a água visivelmente escurecida, especialmente nas proximidades do Balneário Municipal, um dos pontos turísticos mais visitados do município. Em contrapartida, na altura da Ponte Rosita Ovando Rodrigues, o visual permaneceu praticamente inalterado, o que indica que a alteração não ocorreu de forma uniforme em todo o curso do rio.
Impacto visível nas águas e possíveis causas
Segundo especialistas, a alteração na coloração está diretamente ligada ao acúmulo de partículas de argila, sedimentos e matéria orgânica em suspensão, que são levadas até o leito do rio pelas enxurradas intensas. Esses elementos sólidos criam uma espécie de “névoa” aquática densa, comprometendo a visibilidade submersa, característica marcante que faz da cidade um destino cobiçado por turistas do Brasil e do exterior.
“Dentro do rio, a impressão é como atravessar uma nuvem de poeira aquática”, explicam ambientalistas que monitoram o fenômeno. A situação, embora natural em muitos biomas após chuvas intensas, tem ganhado proporções preocupantes devido a possíveis ações humanas nas margens do rio.
Investigações e ações do Ministério Público
Em agosto deste ano, o Ministério Público de Mato Grosso do Sul (MPMS) instaurou um inquérito civil para investigar a remoção de vegetação nativa em Área de Preservação Permanente (APP) na região. Além disso, o órgão também apura a construção de um açude irregular às margens do Formoso, o que pode estar contribuindo para a maior vulnerabilidade do rio a esse tipo de alteração.
Embora desta vez o fenômeno não tenha exigido o fechamento de atrações turísticas, como já ocorreu em outras ocasiões, a situação serve de alerta para o futuro. Em anos anteriores, o aumento do nível do rio e a baixa visibilidade chegaram a comprometer a segurança dos banhistas e a atividade de flutuação, uma das mais populares em Bonito.
O equilíbrio entre preservação ambiental e exploração turística tem se mostrado cada vez mais delicado. A cidade, que depende economicamente do turismo ecológico, precisa enfrentar o desafio de manter seus recursos naturais preservados diante do crescimento das atividades comerciais e do fluxo constante de visitantes.
Fonte:Tempo MS
