A Azul Linhas Aéreas anunciou o fim das operações em 14 cidades do Brasil e o corte de 53 rotas de menor rentabilidade, com desempenho 17% inferior à média da companhia aérea. As mudanças fazem parte de uma reestruturação da empresa, que está em processo de recuperação judicial nos Estados Unidos, sob o chamado Chapter 11.
As alterações foram apresentadas aos investidores no início deste mês. O foco da Azul passará a ser os hubs – aeroportos que funcionam como pontos centrais para as operações.
A Azul informou por meio de nota enviada ao Estadão que a medida afeta as 14 cidades anunciadas em fevereiro e que a suspensão das atividades nestas bases começou em março. Já as mudanças nas rotas estão acontecendo de forma gradual desde julho, “em um processo normal de adequação da malha, inclusive para novos voos que serão implantados na alta temporada”.
“A Azul informa que, como empresa competitiva, a companhia reavalia constantemente as operações em suas bases, como parte de um processo normal de ajuste de oferta e demanda”, diz a empresa.
“Os ajustes levam em consideração, ainda, uma série de fatores que vão desde o aumento nos custos operacionais da aviação, impactados pela crise global na cadeia de suprimentos e a alta do dólar, até questões de disponibilidade de frota, bem como o seu atual processo de reestruturação”, afirma.
A companhia acrescentou ainda que os clientes impactados pelas mudanças receberam a assistência necessária, conforme prevê a resolução 400 da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac).
A empresa fará cortes em mercados considerados não estratégicos ou fora de hubs na malha internacional. A expectativa é de que as mudanças ajudem a reduzir operações irregulares e custos jurídicos.
Na apresentação, a companhia justificou que a redução de capacidade permitirá concentrar esforços em rotas com maior rentabilidade, oferecendo mais oportunidades de precificação em dias de pico e reduzindo a dependência de promoções, com foco na demanda de última hora.
Lista das cidades onde a Azul encerrou as operações
Barreirinha (MA)
Campos (RJ)
Correia Pinto (SC)
Crateús (CE)
Iguatú (CE)
Jaguaruna (SC)
Mossoró (RN)
Parnaíba (PI)
Ponta Grossa (PR)
Rio Verde (GO)
São Benedito (CE)
São Raimundo Nonato (PI)
Sobral (CE)
Três Lagoas (MS)
Recuperação judicial
A Azul iniciou a recuperação judicial nos EUA em maio de 2025 e espera concluir o processo entre dezembro deste ano e fevereiro de 2026. A meta é eliminar mais de US$ 2 bilhões em dívidas existentes, levantar US$ 1,6 bilhão em financiamento e atrair até US$ 950 milhões em investimentos de capital na saída do Chapter 11.
“A Azul está divulgando essas informações exclusivamente para cumprir obrigações contratuais sob acordos de confidencialidade no âmbito do processo de Chapter 11″, diz o documento.
As outras duas maiores companhias aéreas do Brasil, Latam e Gol, também já recorreram ao Chapter 11, assim como empresas estrangeiras, entre elas a Delta e a American Airlines.