segunda-feira, 8 dezembro, 2025 06:08
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Setembro Amarelo reforça acolhimento e combate ao estigma na prevenção ao suicídio

de @bonitonet
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Campanha lembra que falar salva vidas e que o sofrimento psíquico pode ser tratado com empatia e cuidado

OHospital Universitário da Universidade Federal da Grande Dourados (HU-UFGD), vinculado à Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), participa da campanha Setembro Amarelo, movimento nacional de conscientização sobre a prevenção do suicídio. Criada em 2015, a mobilização se tornou a maior ação do tipo no Brasil, chamando atenção para a importância de abrir espaço para o diálogo, combater preconceitos e incentivar a busca por ajuda profissional.

De acordo com dados oficiais, o Brasil registra mais de 30 internações por dia em decorrência de tentativas de suicídio. Esse cenário revela a urgência de campanhas que estimulem o acolhimento, a solidariedade e a construção de redes de apoio.

O psiquiatra e gerente de Ensino e Pesquisa do HU-UFGD, Thiago Pauluzi, lembra que o sofrimento psíquico raramente é resultado de um único fator. Ele surge da interação de aspectos biológicos, sociais e familiares que se acumulam ao longo do tempo — como angústias, violência doméstica, abusos, dificuldades financeiras, medo, vergonha ou falta de perspectivas. Por isso, a prevenção exige sensibilidade, empatia e disposição para ouvir.

“O suicídio é um fenômeno multicausal, envolvendo fatores biológicos, como baixas concentrações de serotonina no cérebro e aumento de marcadores inflamatórios (citocinas), bem como fatores genéticos e socioeconômicos. Além disso, o impacto psicológico e social do suicídio sobre a família e a sociedade é profundo e muitas vezes de difícil mensuração. É importante ressaltar que a ideação suicida, o ato suicida e a tentativa de suicídio constituem emergências médicas, uma vez que o desfecho pode ser a morte do paciente. Nesses casos, o indivíduo deve ser imediatamente encaminhado para avaliação em Pronto Socorro. Além disso, é fundamental que familiares, amigos e a comunidade estejam conscientes da gravidade da situação e saibam agir de forma adequada para oferecer suporte e garantir a segurança do paciente”, afirma Thiago.

O psicólogo alerta que os 6 “Ds” do suicídio são sinais de alerta importantes para identificar risco. “Depressão (tristeza e desânimo persistentes), Desespero (falta de esperança no futuro), Doença (transtornos mentais ou doenças crônicas), Desamparo (isolamento e sensação de incapacidade), Descontrole (impulsividade ou abuso de substâncias) e Declínio funcional (queda no desempenho e descuido pessoal). A presença desses sinais indica a necessidade de busca imediata de ajuda profissional”, pontua o especialista.

O psiquiatra destaca ainda que o uso de medicação é um recurso fundamental para o manejo eficaz do risco suicida, especialmente em casos de depressão grave, transtorno bipolar, esquizofrenia ou outros transtornos mentais que causem sofrimento intenso. “Alguns tratamentos farmacológicos apresentam robusta evidência científica na redução do risco de suicídio. Além disso, é essencial que o cuidado seja integral, envolvendo psicoterapia, terapia ocupacional, suporte social e estratégias de acompanhamento contínuo, garantindo um manejo mais seguro e eficaz do paciente em risco”.

Para prevenir o suicídio, o Setembro Amarelo também tem um papel fundamental para os profissionais de saúde, lembrando-os da importância de se prepararem para acolher pessoas em sofrimento, respeitando suas dores e fortalecendo a esperança.

O HU-UFGD oferece serviço de internação psiquiátrica em enfermaria especializada, com abordagem multiprofissional e rotinas de cuidado contínuo, sendo referência em atendimento em Saúde Mental para toda a macrorregião da Grande Dourados. Nesta unidade são acolhidos casos de tentativa de suicídio e, além do tratamento farmacológico conduzido por psiquiatras, os pacientes recebem suporte de enfermagem, terapia ocupacional, assistência social e psicologia. O setor também se destaca no campo acadêmico, desenvolvendo atividades de ensino, pesquisa e extensão em Saúde Mental. Nesse contexto, a Liga Acadêmica de Psiquiatria mantém um projeto de Humanização com Arteterapia, que oferece vivências terapêuticas aos pacientes internados. Além disso, a Gerência de Ensino e Pesquisa do HU-UFGD está implantando um projeto de telemedicina e telematriciamento voltado à população da Aldeia Indígena Jaguapiru, com o objetivo de fortalecer a prevenção do suicídio nesta comunidade. Em setembro, será produzido um podcast sobre prevenção do suicídio, com o objetivo de ampliar a divulgação de informações e conscientizar a sociedade sobre o tema.

Rede Ebserh

O HU-UFGD faz parte da Rede da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Rede Ebserh) desde setembro de 2013. Vinculada ao Ministério da Educação (MEC), a Ebserh foi criada em 2011 e, atualmente, administra 45 hospitais universitários federais, apoiando e impulsionando suas atividades por meio de uma gestão de excelência. Como hospitais vinculados a universidades federais, essas unidades têm características específicas: atendem pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) ao mesmo tempo em que apoiam a formação de profissionais de saúde e o desenvolvimento de pesquisas e inovação. 

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