Com mais pacientes à procura de tratamento do que vagas disponíveis na rede pública de saúde de Campo Grande, quase 100 pessoas estavam ontem em leitos improvisados nos hospitais que atendem pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e também em Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) e Centros Regionais de Saúde (CRSs).
Ao todo, conforme dados divulgados pelas unidades na manhã desta quinta-feira, 94 pessoas ocupavam vagas que não estão contratualizadas com o SUS, portanto, acima da capacidade das unidades.
A pior situação, segundo os dados divulgados, seria a da Santa Casa, que só no pronto-socorro adulto, na área verde, contava com 58 pessoas internadas para 7 vagas existentes. Já na área vermelha, as seis vagas eram disputadas por nove pessoas.
O hospital, o maior do Estado, estava com 631 pessoas internadas na manhã de ontem.
Já no Hospital Universitário Maria Aparecida Pedrossian a unidade de acolhimento adulto, que tem capacidade para 8 pessoas internadas, estava com 26 pacientes.
Os únicos locais com vaga na unidade eram a unidade neonatal e a maternidade. Por outro lado, há poucas vagas no centro de terapia intensiva (CTI) adulto, na unidade coronariana e nas enfermarias adulto.
“O hospital está, portanto, com sua capacidade de internação totalmente ocupada e operando acima do limite na unidade de acolhimento adulto, que registra mais que o triplo de sua capacidade instalada”, disse o Hospital Universitário, em nota.
Já o Hospital Regional de Mato Grosso do Sul (HRMS) tinha no pronto atendimento médico (PAM), local com capacidade para atender 39 pessoas, 55 pacientes sendo atendidos nesta quarta-feira.
No caso das Unidades de Saúde 24 horas do município, a pior situação era a da UPA das Moreninhas, onde quatro pessoas estavam internadas de forma improvisada. Também há necessidade de leitos extras no CRS do Coophavilla e na UPA do Universitário.
FALTA DE LEITOS
Desde a semana passada, o Correio do Estado tem mostrado a situação caótica em que se encontra a Saúde em Campo Grande. A falta de vagas em hospitais é apenas um dos problemas enfrentados atualmente no atendimento pelo SUS da Capital.
Além da falta de medicamentos, da demora nas consultas com especialistas e das cirurgias eletivas, o comando da Secretaria Municipal de Saúde (Sesau) também é apontado como um problema.
Matéria desta semana mostrou que a Sesau está sem comando definitivo há mais de um mês e vive um iminente colapso. O Comitê Gestor da Saúde, implementado por Adriane Lopes (PP) logo após a saída de Rosana Leite do cargo, disse ainda estar realizando estudos e levantamentos para solucionar problema antigo da Saúde da Capital.
Em audiência pública realizada na segunda-feira, a Câmara Municipal tratou da falta de medicamentos na Capital, e algumas autoridades estiveram presentes, como parlamentares e chefes da Saúde.
Questionada sobre qual seria o plano da Sesau para resolver a falta de leitos em hospitais e a superlotação de unidades de saúde, Ivoni Nabhan, gestora-chefe do comitê, hesitou e não saiu do básico.
“Estamos em discussão com o Estado para a gente fazer o levantamento da necessidade de mais leitos. Estamos em conversa”, disse à reportagem.
Além de Ivoni Nabhan, integram o Comitê Gestor da Saúde: a gestora de Planejamento e Execução Estratégica Catiana Sabadin Zamarrenho; a gestora jurídica Andréa Alves Ferreira Rocha; o gestor de Finanças e Orçamento Isaac José de Araújo; o gestor administrativo Vanderlei Bispo de Oliveira; e o gestor de Contratação André de Moura Brandão.

EM BRASÍLIA
Paralelo a isso, a prefeita de Campo Grande, Adriane Lopes, esteve em Brasília (DF) nesta semana para “pedir socorro” ao governo federal.
Adriane participou de uma reunião no Ministério da Saúde, quando ficou confirmada visita de técnicos, nos próximos 15 dias, para elaborar um plano de ação voltado à redução das filas de cirurgias e exames do programa Agora Tem Especialidades.
O programa tem como principal objetivo reduzir o tempo de espera por atendimentos no SUS e busca promover um atendimento mais ágil e eficiente para a população.
Fonte:Correio do Estado