A Feira Literária de Bonito – Flb 2025 trouxe nesta edição diversas oficinas dentro do Cicuito Literário. Na tarde desta sexta-feira (19) foi a vez da Oficina “Anatomia do Insólito na escrita de mulheres na América Latina”, ministrada por Tânia Souza na Sala Carolina, na praça da Liberdade.
A escritora Tânia Souza explica que a oficina é principalmente um momento de leitura, apesar de ser uma oficina de escrita, e uma oportunidade de conhecer um pouco o que escrevem essas mulheres da fronteira, que estão ao nosso redor, que faz parte também da nossa escrita, da nossa identidade. “E tentar entender esse gênero insólito, no que ele traz de contribuição, como forma de expressão, de conhecimento, de uma literatura específica daqui, mas que pode falar de temas, daqui que eu digo especificamente a América do Sul, mas que fala de temas que são importantes para todas nós, em qualquer lugar do mundo”.
Tânia esclarece que “o insólito’ é um gênero bem abrangente, mas que envolve o fantástico, o terror, o maravilhoso, o fabulário. “É um gênero que vai trazer principalmente o estranho, aquilo que rompe, o que é considerado normal, para trazer uma outra forma de literatura. Eu amo, estou muito feliz de participar da Flib e que venham mais e mais edições. Estou sempre acompanhando, assistindo às mesas e, às vezes, produzindo, participando das mesas, e agora estou na oficina, então estou bem contente”.
A escritora e artista visual Patti Wolff decidiu fazer a oficina porque se interessa pela temática. “Eu acho que a gente tem que cada vez mais trazer novidades na escrita e eu fiquei muito interessada no assunto de como trazer uma temática tão diferente porque o insólito eu acho que é um tabu ainda também na sociedade e me interessa. Acho incrível uma oportunidade única e um momento muito enriquecedor e trazer também o debate da literatura escrita por mulheres e uma literatura cada vez mais potente, pulsante. E também que vai por caminhos que não tão… quebra essa coisa ainda do tradicional da poesia, do romance, pela temática, ainda pode ser essa escrita, mas que as temáticas são assim… e que trazem urgências das mulheres femininas, então também traz certas temáticas sociais, eu quero me aprofundar nisso, acho muito importante”.
A estudante de Letras da UEMS Marina Cardoso da Silva disse que a oficina tem tudo a ver com a sua carreira. “Eu acho que tem muito a agregar conhecimento pra gente expandir os horizontes e ter uma outra visão de mundo. Eu achei muito bacana, está sendo surreal, uma experiência incrível esta Flib”.
A quadrinista Marina Duarte também está expondo na Feira Literária de Bonito e decidiu fazer a oficina por gostar muito da escrita da Tânia Souza e achar importante que as pessoas participem desses espaços, prestigie, e também consiga aprender, trocar. “Acho que a Flib é o espaço ideal, perfeito para que a gente faça esse tipo de coisa. É muito importante que cada vez mais a gente tenha eventos literários gratuitos aqui no Estado, e a Flib ocupa esse espaço, além de estar fora do centro, da cidade principal onde ocorrem os eventos, que é Campo Grande, a gente tem a oportunidade de estar transitando e levar literatura para outros locais do estado, cumpre um papel essencial em Mato Grosso do Sul de levar literatura de diversas formas, tanto através da discussão, da exposição e das oficinas. Eu acho que as oficinas cumprem esse papel de trocar, construir coletivamente a literatura do estado”.
A professora do curso de Letras da UEMS Regiane Corrêa de Oliveira Ramos trouxe algumas alunas suas para participar da oficina. “Eu sou feminista, né? Eu me tornei feminista e eu tento passar a literatura feminista para as meninas, porque a literatura transforma e a gente vive num estado extremamente opressor, né? Mato Grosso do Sul. Então, eu acho que é uma forma da gente contribuir com essa literatura rica que essas mulheres estão escrevendo, seus testemunhos, seus relatos, e também o lado criativo, porque a mulher escreve há muito tempo, só a publicação que está sendo muito mais recente do que dos homens, mas essas mulheres sempre escreverem. Então, eu acho que foi uma forma de colocá-las nesse engajamento. Política e social do mundo das mulheres”.
A estudante de Letras da UEMS, Bela Mocchi da Costa achou muito interessante o tópico abordado na oficina. “Eu estou fazendo um projeto de extensão que tem muito a ver com esse tema sobre questão literária, autoria feminina, principalmente ali dentro das mulheres latinas. E nesse projeto que eu trabalho é a ver com o terror escrito por essas mulheres da América Latina. Então eu achei que vai enriquecer ainda mais o nosso projeto, o meu e da professora”.
Com reportagem e fotos de Karina Lima

