Mato Grosso do Sul registrou, em 2024, a segunda maior taxa de feminicídio do país, com 2,4 casos para cada 100 mil mulheres, segundo dados do Anuário Brasileiro de Segurança Pública 2025. O Estado ficou atrás apenas de Mato Grosso, que lidera o ranking nacional com 2,5 casos por 100 mil mulheres.
Ao todo, foram 35 feminicídios em MS ao longo do ano — aumento de 15,7% em comparação a 2023, quando foram registrados 30 casos. Por outro lado, as tentativas de feminicídio caíram 27,8%, passando de 125 para 91 ocorrências. Também houve uma redução de 17,3% nos casos de lesão corporal dolosa em contexto de violência doméstica: foram 2.367 registros neste ano contra 2.837 em 2023.
Apesar dos esforços, o país como um todo vive um agravamento no cenário de violência contra a mulher. Em 2024, o Brasil teve 1.492 casos de feminicídio — maior número desde que a lei foi criada, em 2015. Isso representa, em média, quatro mulheres assassinadas por dia no país. Quinze estados registraram taxas acima da média nacional (1,4 por 100 mil mulheres), com destaque para a região Centro-Oeste, onde todos os estados superaram esse índice.
Perfil das vítimas
Os dados revelam que 99,3% das vítimas eram do sexo feminino. Casos envolvendo pessoas com registro masculino, como mulheres trans, representaram 0,7%. A maioria das vítimas — 63,6% — era negra (pretas ou pardas), e 35,7% eram brancas, evidenciando o recorte racial da violência de gênero no Brasil.
A faixa etária mais atingida foi entre 18 e 44 anos, com pico entre 35 e 39 anos, que concentrou 15,6% dos casos. Em 64,3% dos feminicídios, o crime ocorreu dentro da residência da vítima. Outros 21,2% aconteceram em vias públicas.
Sobre os meios utilizados, 48,4% das vítimas foram assassinadas com arma branca, 23,6% com arma de fogo, e o restante por agressão física ou outros objetos.
Em 97% dos casos em que a autoria foi identificada, os autores eram homens — sendo 79,8% companheiros ou ex-companheiros das vítimas. Casos com autoria exclusivamente feminina foram raríssimos: apenas 1,9%.
Medidas protetivas e descumprimento
Mato Grosso do Sul também aparece com o segundo maior número de medidas protetivas de urgência distribuídas em 2024: foram 16.156 — taxa de 1.103,1 para cada 100 mil habitantes. Destas, 13.762 foram concedidas, mas 2.283 foram descumpridas, evidenciando falhas na proteção das vítimas e a persistente sensação de insegurança mesmo após intervenção judicial.
Denuncie!
Violência contra a mulher é crime. Denuncie, mesmo que de forma anônima.
Em casos de emergência, ligue 190 (Polícia Militar).
Para denúncias e orientações, ligue 180 — atendimento 24h, sigiloso e gratuito. Também é possível enviar mensagem para o WhatsApp (61) 9610-0180.
Em Mato Grosso do Sul, as denúncias também podem ser feitas online.
