A arte cinematográfica de Mato Grosso do Sul é objeto de exibição e discussão no 3º. Festival de Cinema Sul-Americano de Bonito. Paralelo às apresentações de longas e curtas-metragens de vários países da América do Sul, as sessões de filmes produzidos no Estado estão surpreendendo os participantes do Festival. A Mostra fala de temáticas que têm o Estado enquanto foco narrativo ou obras de diretores regionais, de modo a valorizar a cinematografia ainda pouco reconhecida no âmbito nacional.
Este ano foram escolhidos seis filmes entre os mais de trinta recebidos e, por meio de votação popular e de um júri especializado, serão escolhidas as produções ganhadoras da edição 2025.
Para o curador da mostra sul-mato-grossense, Marcos Pierry, está visível a qualidade da produção de filmes, com melhor domínio de dramaturgia para cinema e no modo como as histórias estão sendo escritas para os personagens. “Chegar aos selecionados foi desafiador. Foi preciso buscar o melhor, mas melhor para quem? Para isso, é preciso entender o perfil do festival, os campos de referência, além de exercitar o entendimento do que é o cinema naquele lugar”, explica Pierry. Outra preocupação foi, “dentro desses recortes, além de ficar no lugar de árbitro dos rendimentos estéticos, é entender o lugar de onde os filmes vêm, identificar os ganchos identitários, o horizonte de percepção desses realizadores, as condições de realização dessas produções”.
A Mostra Competitiva Sul-Mato-Grossense vai oferecer troféu “Pantanal” para o melhor Filme Sul-Mato-Grossense, escolhido por júri popular, e prêmio em dinheiro para o vencedor na categoria de Melhor Filme Sul-Mato-Grossense do Júri Oficial e os ganhadores serão reconhecidos no próximo sábado, 02 de agosto, a partir das 20h, no Centro de Convenções de Bonito.
Tentando o bicampeonato, o Coletivo “O Estranho Vale” está concorrendo com “Tempestade Ocre” (2025), de Deividison Pedrê. O produtor, roteirista e diretor de arte, Paulo Taveira, explica que a película traz várias camadas, provocando questões que vão além do artístico, mostrando o último espetáculo de um artista à beira do fracasso e reflete “sobre as obras clássicas que estão se tornando obsoletas, questionando seu lugar neste novo mundo que está sendo formado, onde a criatividade está sendo trocada pelo entretenimento e algoritmos. que o filme foi pensado especificamente para o CineSur, onde fez a sua estreia. Nosso maior desejo é ser reconhecido dentro de casa, ser uma conquista coletiva”.
Um outro concorrente da mostra, é o filme “Eleonora” (2024), Lígia Prieto, que traz Ana Lúcia Serrou, em sua primeira estreia como protagonista. O curta mostra o preconceito sofrido por uma mulher com 60+ vivendo sozinha no interior no Pantanal, sem medo de enfrentar o machismo, a opinião alheia e nem de viver novos amores. A realização de um mostra competitiva específica para a produção local, para a protagonista do filme, Ana Lúcia Serrou, vai além de dar visibilidade ao que está sendo produzido. Ela diz ser “fundamental para o Brasil. É falar da nossa latinidade. Falar de arte na América do Sul é de tremenda importância que começa como educação, de nós latinos-americanos sermos mais vistos, sendo registrado por meio da sétima arte. Estou encantada”.
Estreante no Bonito CineSur, a diretora do curta “Jardim de Pedra – Vida e Morte de Glauce Rocha” (2024), Daphyne Schiffer, reforça que é necessário e urgente fortalecer a cena sul-mato-grossense. “O Festival ainda traz a questão educativa, por meio das oficinas, da troca com os cinemas que têm com mais estrutura. Eu tenho certeza que este evento vai levar nosso cinema para outro lugar.”
A apresentação dos filmes que concorrem na Mostra de Filme Sul-Mato-Grossense segue até o dia 31 de julho.
O BONITO CINESUR é uma realização da Associação Amigos do Cinema e da Cultura (AACIC), em parceria com o Ministério da Cultura (Governo Federal), por meio de emenda parlamentar do deputado federal Vander Loubet. Conta com patrocínio da Fecomércio-MS, Sesc, Emgea, Agência Nacional do Cinema (Ancine), Petrobrás, Caixa Econômica Federal e Banco do Brasil. Tem o apoio da Secretaria Municipal de Turismo e Desenvolvimento Econômico e da Prefeitura de Bonito, da Fundação de Turismo de Mato Grosso do Sul (Fundtur), da Secretaria de Estado de Turismo, Esporte e Cultura (Setesc) e do Governo de Mato Grosso do Sul, além do apoio cultural da Energisa e da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) .

Crédito: Fotografando Bonito