Em celebração ao Bicentenário da Independência Nacional, o Laboratório de Estudos do Horror e da Violência na Cultura (LEHViC/UFMS), em parceria com a Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul, promoverá um ciclo de palestras intitulado “Ainda o Regionalismo, Nosso Contemporâneo?”. O evento será realizado de forma online, às segundas-feiras de setembro, a partir das 19h (horário de MS).
O evento busca proporcionar um espaço de debates sobre disputas em torno de narrativas e projetos de nação. O objetivo é impulsionar propostas comprometidas com a expansão de conceitos como “modernidade”, “arte” e “identidade nacional”.
Reconhecendo as contribuições árcades, românticas e modernistas para as renovações estéticas e temáticas da arte e do imaginário nacional, o ciclo de palestras pretende refletir sobre algumas dessas lacunas. Desde o arcadismo, observou-se o engajamento de vozes intelectuais para formar uma literatura autenticamente brasileira. A partir do modernismo, as culturas dos sujeitos negro, indígena e rural deixaram de ser vistas como defeitos a serem superados e passaram a ser temas imprescindíveis para a atualização e internacionalização do projeto artístico nacional.
O evento defende a necessidade de compreender esses sujeitos não apenas como identidades a serem representadas, mas como intelectualidades que contribuem ativamente para a proposição de novos modelos de nação. Nesse contexto, é fundamental considerar discursos e expressões artísticas – negras, rurais, urbanas, indígenas e não indígenas – provenientes de regiões historicamente invisibilizadas, engajadas na defesa de novos códigos estéticos e saberes para a construção de um modelo de brasilidade livre da violência colonial.
Reconhecendo a importância da arte e da literatura na formação do imaginário de uma sociedade, o ciclo de palestras propõe um revisionismo crítico e uma ampliação do que hoje é compreendido como cânone literário brasileiro. É crucial que propostas de autores de regiões historicamente invisibilizadas passem a circular e serem avaliadas de forma democrática em todo o país. Estados como Mato Grosso do Sul, Acre, Tocantins, Roraima e Amapá devem ser reconhecidos como espaços que acolhem sujeitos produtores de conhecimento.
A proposta é a participação ativa e contínua dessas vozes no mapa literário brasileiro. Estar fora desse projeto corresponde a estar fora do tempo literário, aprisionado em um tempo morto da repetição ou da permanência. Ao considerar a circulação e avaliação das produções literárias dessas regiões periféricas, propõe-se a efetivação do projeto modernista de horizontalizar e postular uma reciprocidade de perspectivas.
Os encontros serão realizados online, gratuitos e abertos à comunidade geral. As palestras acontecerão sempre às segundas-feiras de setembro, a partir das 19h (horário de MS), e serão ministradas por professores e acadêmicos de todo o Brasil.
Confira a programação:
2 de setembro, das 19h às 21h: Palestra “Independências do Brasil: Artes, História e Literatura nas disputas em torno de projetos de nação”, com Prof. Dr. Wellington Furtado Ramos (UFMS).
9 de setembro, das 19h às 21h: Palestra “Identidade e resistência em Luandino Vieira”, com Prof.ª Dr.ª Carina Marques Duarte (UFMS).
16 de setembro, das 19h às 21h: Palestra “A Origem do Fogo e da arte culinária na cultura Kaiowá”, com Prof.ª Dr.ª Gabriela Barbosa Lima e Santos (UFMS).
23 de setembro, das 19h às 21h: Palestra “Mundaú te lambeu: o Quilombo dos Palmares na história e na literatura”, com Prof. Mestre José Minervino Neto (UFAL).
30 de setembro, das 19h às 21h: Palestra “Mulheres no Brasil colônia e contemporâneo: estudo de imagens poéticas sobre sexualidade”, com Prof.ª Dr.ª Ângela Teodoro Grillo (UFPA).
Inscrições
Para obter certificado de participação, inscreva-se no evento clicando aqui:
Fonte: Comunicação Setesc
