“A população de Campo Grande vem convivendo com a dengue desde 1986 e, desde então, enfrentou várias epidemias que causaram muito transtorno e sofrimento à população, além de sobrecarregar os serviços de saúde. Os casos de dengue têm se mantido estáveis em Campo Grande desde o último pico, que aconteceu em 2019, e há dois anos o município não enfrenta uma epidemia da doença”, declarou a superintendente.
Para Veruska, o Método Wolbachia trás uma esperança na queda do número de casos da doença, que deve se comprovar nos próximos dois anos de observação do efeito da soltura dos mosquitos com a bactéria, que foi finalizada em dezembro de 2023.
“O Método Wolbachia, além de ser uma metodologia inovadora, que veio para compor as demais estratégias já existentes, trouxe uma grande esperança para todos nós na redução da transmissão de doenças graves como dengue, Zika e chikungunya”, disse Lahdo.
Outro ponto que pode comprovar inicialmente e eficácia do método se dá pela ausência de surto da dengue em Campo Grande em meio ao surto nacional da doença, que em alguns estados se transformou em uma epidemia no primeiro semestre do ano.
Na capital sul-mato-grossense houve neste período uma mobilização por parte da Sesau para manter a estabilidade das notificações de dengue na Capital.
Campanhas como Meu Bairro Limpo e Todos em Ação contra a Dengue foram feitas, além de ações focadas nos bairros e regiões com a maior incidência, como é o caso do Anhanduizinho, onde os bairros Los Angeles, Jardim Centenário e Jardim Parati estão entre os locais com risco muito alto para a doença.
O efeito da mobilização se vê nos dados recentes, que após o segundo pico de casos no ano, em abril (2.240) os meses de maio e junho se manterão abaixo de mil notificações.
AÇÕES DO MÉTODO
Em andamento deste 2020, o projeto de liberação dos mosquitos do Aedes aegypti com a bactéria da wolbachia espalhou pelas sete regiões de Campo Grande 102 milhões de mosquitos.
De acordo com o World Mosquito Program (WMP), responsável por implementar o método em Campo Grande, a prevalência da Wolbachia na população de mosquitos na Capital aumentou constantemente, sendo que em algumas áreas à prevalência deste inseto que impede a fecundação dos ovos do mosquito da dengue varia de 70% a 100%.
Ao longo das liberações, que aconteceram em seis etapas, mais de 2,5kg de ovos de mosquitos foram eliminados segundo a WMP. As fases realizadas do projeto atingiram aproximadamente 130 mil pessoas por fase.
Além da liberação dos mosquitos nos bairros, a pesquisa também desenvolveu outros métodos, como a iniciativa “Wolbito em casa” e a instalação de uma biofábrica na sede do Laboratório Central de Mato Grosso do Sul (Lacen/MS), para produzir milhões de mosquitos com a bactéria Wolbachia usados para o enfrentamento da Dengue, Zika e Chikungunya, doenças transmitidas pelo Aedes.
A eficácia do método já foi comprovada em outras cidades que desenvolveram as fases da pesquisa.
Em Niterói (RJ) houve uma redução de até 70% nos casos de dengue e de 60% nos casos de chikungunya, se tornando o município com menor número de casos de dengue no estado do Rio de Janeiro, registrando apenas nove casos até abril de 2023.
No Centro-Oeste do país, Campo Grande foi a primeira cidade a receber e completar todas as etapas do Método Wolbachia.
Saiba
A Wolbachia é uma bactéria presente em 60% dos insetos. A ação dela no Aedes aegypti impede que os vírus da Dengue, Zika, Chikungunya e febre amarela se desenvolvam no mosquito, sem a necessidade de modificação genética.