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Em MS, apenas 17 médicos receitam canabidiol

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Pesquisas científicas já mostraram que o uso de canabidiol pode ser eficaz para diferentes tratamentos de saúde, principalmente, nas patologias que envolvem o sistema nervoso ou dores. Porém, na lista de profissionais divulgada pela Associação Sul-Mato-Grossense de Pesquisa e Apoio a Cannabis Medicinal, a Divina Flor, aparecem apenas 17 médicos que assumidamente prescrevem a fórmula no Estado, além de outros 30 espalhados pelo país.

Um dos relacionados é o psiquiatra Ismael Neves, que trabalha na área de saúde mental e nutrição, e atende em Dourados, a 251 km de Campo Grande. Na avaliação dele, ainda há resistência dos médicos em prescrever canabidiol aos pacientes.

“Há uma certa resistência pelos profissionais e também percebo o que contribui para esse fato é que na maioria das faculdades, que formam profissionais médicos, pouquíssimo se é abordado na formação sobre a cannabis medicinal e seus possíveis benefícios para tratamentos na saúde”, acredita Ismael.

Desde 2022, a resolução n° 3.893, a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) autorizou o uso de produto medicinal à base de Cannabis a ser fabricado no Brasil. Mas quem recebe a receita tem de recorrer a poucos locais credenciados, com a Divina Flor em Mato Grosso do Sul, uma das autorizadas a fazer a comercialização, inclusive com acolhimento de pessoas em situação de vulnerabilidade que precisa do medicamento.

Mesmo a passos lentos, o médico diz que aos poucos o medicamento vai ser colocado nas opções de tratamentos, pois existe procura. As pessoas que buscam o óleo de Cannabis já estudaram seus benefícios e têm o apoio da família, argumenta.

“Em alguns casos acontece questões relacionadas à resistência ao uso do canabidiol como um tratamento para a saúde do paciente,  porém nunca cheguei a ouvir de paciente que é ‘coisa de maconheiro’. Quando existe resistência, normalmente a pessoa ou familiar não se sente confortável com o uso da substância por suas crenças particulares. E cabe a nós profissionais trazer a orientação necessária para o paciente se sentir confortável com o uso do canabidiol”, destaca o médico.

Ismael Neves termina pontuando que a substância tem propriedades que promovem a neurogênese, que seria a formação de novos neurônios, e a neuroplasticidade cerebral, que é a habilidade do cérebro de se remodelar e reorganizar. Com isso, auxilia os pacientes que buscam prevenção e tratamento das doenças como Alzheimer, Parkinson e Demência.

Os médicos que defendem o uso do canabidiol recomendam para diminuição das dores, principalmente nos quadros crônicos e em doenças que causam incômodos, como tendinites,  câncer, fibromialgia, artrite reumatoide, lúpus e dentre outras doenças autoimunes.

É importante lembrar: nenhum paciente fuma a planta em um cigarro. A substância é extraída do caule da folha da cannabis sativa, em formato de óleo e não causa dependência química, assim como não tem efeitos colaterais.

Óleo de THC usado pelo Ramiro (Foto: arquivo pessoal)

Associado – O assistente social Ramiro Palicer, de 40 anos, é um dos associados à Divina Flor. Ele passou por vários médicos para tentar acabar com as dores crônicas que sofria na coluna e, antes de se submeter a uma cirurgia, resolveu experimentar o óleo de cannabis.

“Passei pelo médico especialista, com o laudo do problema que eu tinha e receita, e depois passei pela equipe da Divina Flor. Após o processo de cadastramento, fiz uso do óleo de tetraidrocanabinol, o THC, e foi como tirar a dor com a mão! Eu tentei de tudo, mas só isso resolveu o meu problema e trouxe uma vida normal”, disse Ramiro.

Ele e todos os outros associados pagam uma taxa mensal para Associação, mais o valor do produto, que é entregue na casa do paciente. Mesmo com a autorização da Anvisa, ele teme que o acesso ao medicamento seja apenas por caminhos judiciais.

“Nossa sociedade luta pela proibição, por puro preconceito, mas quem recorre a cannabis já passou por diversos tratamentos e não teve resultado. Tem muitas pessoas que são preconceituosas e que, no final, esse preconceito é rompido quando se conhece os resultados”, termina o assistente social.

 

Fonte:CGN

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