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Tragédias climáticas serão mais frequentes, inclusive no Estado

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Mato Grosso do Sul vive frequentemente períodos de fortes ondas de calor, além disso, os incêndios no Pantanal e a seca nos principais rios do Estado começaram mais cedo este ano em razão da falta de chuvas.

O calor extremo em MS bloqueia a passagem das chuvas do Rio Grande do Sul, que permanecem no estado gaúcho e deixam cidades inteiras debaixo d’água. Tudo isso é reflexo das mudanças climáticas, aponta o doutor em Meteorologia Vinicius Buscioli Capistrano.

O professor do Instituto de Física da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) e coordenador de uma pesquisa da Fundação de Apoio ao Desenvolvimento do Ensino, Ciência e Tecnologia do Estado (Fundect) relata que o último relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC,2023) aponta que grande parte do Estado terá aumento de 6°C na temperatura média anual, se não houver uma mudança no cenário de emissões de gases do efeito estufa.

Sendo assim, nesse cenário, o regime de chuvas será alterado e o período de seca no Estado será em média 30 dias maior que o normal, o que prejudicaria setores estratégicos da economia de Mato Grosso do Sul, como a agricultura, a pecuária, os sistemas florestais e os ecossistemas.

“O aumento da aridez em Mato Grosso do Sul pode aumentar substancialmente as queimadas. Além disso, as mudanças climáticas podem expor a população mais vulnerável a uma situação de risco à saúde com o aumento na frequência de extremos climáticos”, relata Capistrano.

O professor informa também que os estudos do IPCC 2023 apontam que os eventos extremos, como chuvas intensas, ondas de calor e secas severas, serão mais frequentes e mais fortes nas próximas décadas, em caso de as atividades que emitem os gases do efeito estufa seguirem no ritmo atual.

“Eventos de ondas de calor intensos, que ocorreriam apenas uma vez a cada 10 anos, no clima presente poderiam ocorrer mais de 9 vezes no mesmo prazo [10 anos] em um cenário de aquecimento de 4°C da temperatura do planeta, ao passo que os eventos de chuvas extremas terão uma frequência de ocorrência três vezes maior no mesmo cenário de aquecimento. Em suma, é esperado que, no Brasil, inclusive em MS, tenha um aumento de eventos climáticos extremos”, informa o doutor em Meteorologia.

Entre os eventos extremos que já podemos observar, Vinicius Capistrano aponta as chuvas e enchentes que assolam o Rio Grande do Sul, o aumento de secas e enchentes na Bacia Amazônica e as secas recorrentes no Pantanal, como em 2019 e 2020, todos compatíveis com o esperado para um cenário de mudança climática.

PREVENÇÃO

Em função deste cenário, o professor relata que ações para a prevenção são essenciais, entre elas, a criação, por parte de grandes cidades como Campo Grande, de centros de monitoramento de eventos extremos, que ajudariam na tomada de decisão mais rápida, talvez até em tempo real, por parte dos órgãos responsáveis, como a Defesa Civil.

“Tal centro de previsão poderia ser dotado de um modelo de previsão de tempo e de enchentes em alta resolução, detectores de campo elétrico e meteorologias para monitoramento de tempestades por radar meteorológico. Aliado a isso, seria importante obras de infraestrutura que contemplem um melhor escoamento ou retenção estratégica da água da chuva extrema sobre a cidade”, expõe Capistrano.

A Prefeitura de Campo Grande informa, em nota, que já tem uma Coordenadoria Municipal de Proteção e Defesa Civil (Compedec), que atua no socorro e na assistência às populações atingidas por desastre ou em situações de risco, além de planejar e promover a defesa em situações emergenciais contra desastres naturais, prevenir e minimizar danos em caso de urgência e executar ações de prevenção, mitigação, preparação, resposta e recuperação voltadas às ações de proteção e defesa civil.

A coordenadoria pontua ainda que tem um mapeamento de todas as áreas de risco do município, levando em consideração os tipos de solo, vegetação, construção e localização geográfica. Além disso, a prefeitura informa também que, no âmbito da Agência Municipal de Meio Ambiente e Planejamento Urbano (Planurb), segue o disposto na Lei Complementar nº 341/2018, que prioriza medida de adaptação às mudanças climáticas e adere à Política Nacional de Mudanças Climáticas.

A prefeitura relata também que tem uma Gerência de Políticas Ambientais e Mudanças Climáticas, que realiza e promove estudos referentes às mudanças climáticas, conforto térmico, sonoro e de poluição atmosférica, entre outras iniciativas de integração e adaptação de mudanças climáticas, e um Comitê Municipal de Enfrentamento às Mudanças Climáticas (Comec), instaurado em outubro do ano passado.
Já o governo do Estado informou que instituiu o Decreto n° 16.244/2023, que “orienta todas as medidas mitigadoras, bem como as responsabilidades dos atores envolvidos em um desastre”.

O decreto também dispõe sobre criação de um Plano Estadual de Proteção e Defesa Civil, que ainda não foi realizado porque, segundo o governo de MS, depende da elaboração do plano nacional, que ainda está em fase de elaboração.

“As coordenadorias municipais e estadual já tem como medida preventiva a elaboração dos planos de contingência para todos os tipos de desastres. Então, cada coordenadoria tem seu plano de contingência de acordo com o mapeamento de risco realizado no município”, informa o governo de MS, em nota.

Saiba

O Fundo Municipal de Meio Ambiente teve repasse de R$ 4.240.000,00 este ano, o mesmo valor de 2023. A Prefeitura de Campo Grande também aponta que as despesas com a gestão ambiental neste ano somam R$ 53.182.532,00, equivalente a 0,83% da receita anual da Capital. Já o Fundo Estadual de Meio Ambiente e Mudanças Climáticas teve repasse de apenas R$ 241.700,00 este ano, enquanto a despesa com a gestão ambiental do Estado ficou em R$ 125.482.243,00.

 

Fonte:CE

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