Em fevereiro de 1987, o guitarrista norte-americano Derek B. pediu para sair da banda carioca Blues Etílicos, na qual ingressara há apenas dois meses, precisamente em dezembro de 1986. Contudo, Derek já se adiantou e apresentou um substituto, também nascido nos Estados Unidos e igualmente virtuoso.
O substituto foi aprovado com louvor e, naquele mês de fevereiro de 1987, o Blues Etílicos – grupo que entrara em cena no Natal de 1985 e se profissionalizara em 1986 com músicos como o gaitista Flávio Guimarães e o baixista Claudio Bedran – passou a contar na formação com a alma e a técnica de John Gregory Wilson (1 de julho de 1963 – 20 de janeiro de 2024).
Greg Wilson – como o guitarrista e vocalista era conhecido no meio artístico – ficou no Blues Etílicos até 20 de janeiro, dia em que morreu, aos 60 anos, na cidade do Rio de Janeiro (RJ), vítima de complicações decorrentes de câncer no reto diagnosticado em 2022.
Greg Wilson era norte-americano do Mississipi (EUA), um dos celeiros do blues, mas, radicado no Brasil e naturalizado brasileiro, vivenciou o blues com o guerreiro espírito nacional da banda, embora tenha sido guitarrista de toque fiel aos cânones do gênero norte-americano.
Como cantor, o vocalista soltava a voz tanto em inglês quanto em português com a mesma fluência – e sem sotaque quando falava a língua do Brasil.
A alma brasileira de Greg Wilson foi saudada pelo grupo Blues Etílicos em nota oficial de pesar sobre a morte do guitarrista, com quem a banda lançou nove álbuns gravados em estúdio – Blues etílicos (1987), Água mineral (1989), San-Ho-Zai (1990), IV (1991), Salamandra (1994), Dente de ouro (1996), Cor do universo (2003), Viva Muddy Waters (2007) e Puro malte (2013) – e três registros ao vivo de shows.
“Bacharel em Música pela Universidade do Arkansas, Greg era um guitarrista de estilo próprio e elaborado, bem como um cantor único no segmento do blues brasileiro”, sintetizou o grupo na nota postada em rede social.
Greg participou pela primeira vez do Bonito Blues & Jazz Festival em 2014, na 2ª edição do Festival no qual foi acompanhado pelos músicos Luis Ávila, guitarra, Marcos Yallouz, no baixo, Zé Fiúza, bateria e Rudy nos teclados e com a participação especial da Tiffany Harp nas gaitas.
Em 2018 Greg Wilson retorna para a 5ª edição do Bonito Blues & Jazz Festival com os Blues Etílicos, a banda de blues mais tradicional do país.
Fonte: com informações de Mauro Ferreira