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No mês do combate a dor, Brasil e países da América Latina enfrentam desafios

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Outubro é o mês do combate à dor. A Organização Mundial da Saúde (OMS) e a Associação Internacional para o Estudo da Dor (IASP), celebram no dia 17 deste mês o Dia Mundial da Dor, condição que se tornou a causa mais frequente de consulta médica no mundo. Quando dura mais de três meses é considerada crônica, sendo uma patologia que pode ter origem em causas biológicas, psicológicas e sociais.

A dor crônica afeta entre 27% e 42% das pessoas na América Latina e, apesar da alta incidência, o tratamento e a abordagem do paciente seguem sendo um desafio para o sistema de saúde brasileiro. Segundo estudos recentes, 37% da população sofre com algum tipo de dor crônica, sendo as mais recorrentes dores de cabeça e dor lombar. O anestesiologista especialista em dor crônica e em cuidados paliativos, João Garcia, diretor científico da Associação Nacional de Cuidados Paliativos (ANCP), alerta para a importância de um atendimento eficaz: “É fundamental que os profissionais que atuam na ‘linha de frente’, como os médicos de atenção primária, estejam bem preparados para avaliar, diagnosticar e tratar a dor em um curto período de tempo”. Tal postura permite que os pacientes recebam um tratamento oportuno e correto.

A dor lombar crônica, maior causa de incapacidade para o trabalho no mundo, é uma das principais patologias relacionadas à dor que atinge grande parte da população. Segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), as dores da coluna (cervical, torácica e lombar) são a segunda condição de saúde mais prevalente do Brasil (13,5%), entre as patologias crônicas identificadas por algum médico ou profissional de saúde. Na América Latina, estima-se que 10,5% da população sofre com esse tipo de dor. Além disso, o panorama para o futuro não é bom: estima-se que a sua prevalência e carga aumentarão devido a fatores de risco como obesidade e trabalhos físicos exigentes.

Sob esse contexto, a IASP declarou 2023 como o Ano do Tratamento Integral da Dor, com o objetivo de promover uma estratégia multidisciplinar para a sua abordagem. Isto envolve a integração coordenada de diversas abordagens para avaliação precoce e manejo personalizado que tem se mostrado mais eficaz em termos de melhoria da qualidade de vida dos pacientes e uso de recursos.

Ao analisar o contexto no Brasil, o Dr. João percebe que o país ainda está muito longe de oferecer o melhor tratamento para a dor dos pacientes brasileiros. Para ele, a raiz do problema está, em parte, no universo acadêmico: “Em meio a tantos temas de estudo que são relativamente novos na medicina, o estudo da dor por parte dos alunos e residentes de medicina fica em segundo plano. Também não há o oferecimento de disciplinas dedicadas exclusivamente ao estudo da dor na grande maioria das instituições de ensino, restringindo-se a matérias optativas ou especializações.”

O especialista também aponta que “a defasagem do rol de medicamentos para a dor no SUS é um problema muito sério que o nosso país já está enfrentando há algum tempo. Além disso, precisamos que haja uma melhora na oferta de recursos que facilitem o treinamento e pesquisa em benefício do tratamento do paciente, por meio do apoio dos governos e seus respectivos sistemas de saúde. Aguardamos muito uma mudança neste cenário para que possamos celebrar com mais intensidade essa data tão importante, de conscientização e combate à dor”.

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