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Adriano Grineberg lança disco inspirado na medicina das florestas

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Além de pianista, compositor, arranjador e cantor, o paulistano Adriano Grineberg, 47, agora também é um sacerdote tradicional do xamanismo. E com foco nesse seu aprofundamento nas medicinas da floresta, Grineberg acaba de lançar, nas  plataformas virtuais de música, um disco que leva justamente o nome de Xamã.

Recheado de assuntos e tessituras sonoras diversas, o quarto álbum do artista (Key Blues, de 2010; Blues for Africa,  2013, e 108, 2019) é uma fusão de linguagens musicais em que ele explora a jornada pessoal na medicina, nos cantos curativos (ícaros), associando a sonoridade da canção à energia da espiritualidade.

Para Grineberg, o propósito do disco é reunir vários elementos do que ele é e apostar muito na sonoridade. É também um convite para a pessoa que não tem relação com o universo xamânico se envolver na musicalidade do trabalho e entrar na frequência.

“Ele traz um caminho que começa no meu segundo álbum (Blues for África), em que visito as vertentes da música nas viagens para a África. É uma busca incansável pela ancestralidade. Ele nasceu nas lives, nos encontros com a banda e me traz inteiro como artista”, conta Grineberg.

Gravado ao vivo, em São Paulo, em plena pandemia de covid-19 (2021), Xamã é composto somente por quatro músicas – Asatoma, Ayahuasca Journey, Boogie de Los Abuelos e Shakti – em que Adriano se alterna entre as teclas do piano, Fender Rhodes, Mini Moog e instrumentos pouco usais como maraca andina, spyro bowl e a flauta de los abuelos.

Todas as ‘longas’ canções de Xamã – o álbum tem aproximadamente 40 minutos e a faixa mais curta, sete – são resultados do mergulho do bluesman nos estudos do ícaro. “O ícaro é uma ciência que me encanta a cada dia pelo diálogo que tem com as várias formas de linguagens musicais que estudei ao longo da vida. Ele é, na verdade, um chamado da medicina da floresta. As faixas do disco são ícaros cantadas na estrutura melódica do blues”, explica Grineberg.

Esoterismo musical

Hoje, Adriano – que já morou na Índia – além de se apresentar como músico, administra sessões espirituais que envolvem o consumo de ayahuasca e direciona pessoas ao autoconhecimento.

“Meu caminho com a música sempre me levou para este lado mais espiritual. Minha grande alegria como músico é procurar decifrar os códigos do que está por trás daquilo que tem uma aparência, trazendo sempre a minha identidade. Quando você ouve o blues tocado por qualquer pessoa, você vê que tem alguma coisa atuando além da mente, do lado teórico”, desvela.

Com cerca de 30 anos de carreira profissional, Adriano garante que suas influências musicais são muito variadas. “Sempre abri meu coração para todo gênero. Amo todos os estilos de música. Ray Charles, por exemplo, dialoga muito com a minha música. Gosto muito de compositores impressionistas, como Satie e Ravel. Mas a minha banda favorita é Emerson, Lake & Palmer, que faço homenagem no Xamã”.

O som de Adriano Grineberg pode ser considerado algo que não é, necessariamente, de consumo de massa, mas para o artista ser popular e absorvido pelo público é muito relativo e muda de acordo com os tempos. “Sempre fiz o som que gostei. O termo popularidade é muito relativo. Hoje você tem liberdade para discernir sobre o que vai ouvir. Nesse trabalho que estamos fazendo, tenho sentido uma busca muito grande de pessoas que curtem o som, dentro daquilo que a gente pode intitular como música xamânica e espiritual, desde que tocada por banda”, diz.

“O caminho hoje é a liberdade. A maior riqueza que você pode ter é ser livre”, finaliza o pianista.

Minibio

Grineberg iniciou seus estudos aos cinco anos de idade com o piano clássico. Em sua formação erudita, além das influências de nomes da música sinfônica, como Beethoven, Mozart e Bach, recebeu a de compositores que misturavam a linguagem tradicional com elementos da música folclórica de outros países – Brahms, Dvorak, Villa Lobos – além dos impressionistas Debussy, Satie e Maurice Ravel.

Aos 16 anos começou a tocar com grandes artistas, como o cantor norte-americano JJ Jackson, e posteriormente se ligou a nomes como Irmandade do Blues, Corey Harris, John Pizzarelli, André Christovam, Lancaster, Magic Slim, Ana Cañas, Filipe Catto, Gilberto Gil, Wanderléa, dentre outros.

Além disso, abriu três vezes os shows de BB King, em 2004, no Brasil.

Desde cedo, mostrou interesse pela música via blues, jazz e rock progressivo dos anos 1970. Tornou-se um dos nomes mais expressivos do blues contemporâneo no Brasil, tendo participado de mais de 150 CDs e DVDs.

O artista sempre manteve um olhar na linguagem musical e étnica de lugares como Índia, Paquistão, Oriente Médio e as Américas. Hoje em dia, é considerado o músico brasileiro com o maior número de participações em gravações de CDS e DVDS de blues, sendo 43 até junho de 2014.

Xamã foi gravado no estúdio Da Pá Virada (SP) e tem Fabá Jimenez na guitarra, Edu Gomes, guitarra e voz, Caio Góes Neves no contrabaixo, e Marco da Costa (bateria).

 

 

Fonte:ATarde

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