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Juro e dólar altos e preço da soja baixo preocupam produtores

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Os juros altos, a inflação e as más condições climáticas do início deste ano vão deixar o produtor no prejuízo. Na sexta-feira, a cotação da soja era em média de R$ 140 no Estado, valor abaixo dos R$ 170 de 2022.

A colheita continua atrasada, o que pode influenciar de forma negativa a qualidade do grão e já coloca como médio risco o plantio do milho, consequentemente gerando ainda mais queda nos valores para o bolso do produtor.

Conforme o presidente da Associação dos Produtores de Soja de Mato Grosso do Sul (Aprosoja-MS), André Figueiredo Dobashi, a situação está ruim para o produtor em razão de diversos fatores, incluindo a alta taxa de juros.

Nesta semana, o Comitê de Política Monetária (Copom) decidiu manter a taxa Selic em 13,75%. Além disso, a safra do ciclo passado já sofreu com a baixa produtividade, por conta dos extensos períodos de seca.

“Os juros altos aqui no Brasil foram mantidos, e os Estados Unidos também elevaram seus juros. Então, o investidor prefere investir por lá mesmo, por ser um investimento mais seguro do que em um país em desenvolvimento”, explica Dobashi.

“No ano passado, houve uma produtividade menor, mas os preços estavam bons, [na casa dos] R$ 160 por saca. Agora, os preços estão por volta de R$ 130 a saca. Então, para que o produtor consiga compensar, precisaria aumentar significativamente sua produtividade, mas essa adição é uma quantidade que ele não consegue fazer assim, de uma hora para outra. A perspectiva, infelizmente, não é boa”, complementa o presidente.

A soja fechou a sexta-feira cotada com máxima de R$ 136, em Sidrolândia, e mínima de R$ 133, em Chapadão do Sul, conforme a Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul (Sistema Famasul). Há um ano, a saca de soja estava cotada a R$ 182,50 no Estado.

Dobashi ressalta que a cotação da soja caiu em dólar, na Bolsa de Chicago, um efeito preocupante para toda a cadeia produtiva.

De acordo com a coordenadora de Economia da Aprosoja-MS, Renata Farias, os juros altos também influenciam no crédito, que acaba não ficando acessível ao produtor que já está lidando com a baixa nos preços.

“A taxa do Plano Safra 2023 é de 12%, então, já é uma taxa elevada para o produtor obter crédito. O valor de R$ 160 por saca equivale a mais ou menos 56 sacas por hectare. Para ele conseguir compensar, teria de aumentar e muito sua rentabilidade, o que não consegue”, afirma.

“Além disso, a soja desta safra está úmida por conta das chuvas, e isso faz com que muitos precisom repetir o processo de colocar o grão na secadora, o que leva o grão a perder qualidade e ter de ser vendido por menos ainda”, detalhe Renata. 

Milho

A safra do milho é motivo de preocupação para todos os produtores. Em razão do grande volume de chuvas no início do ano, a colheita da soja continua atrasada, gerando atraso no plantio do milho em todo o Mato Grosso do Sul.

Segundo o último boletim do Sistema de Informação Geográfica do Agronegócio (Siga MS), composto pela Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação (Semadesc), Sistema Famasul e Aprosoja-MS, até o dia 21, a colheita tinha atingido apenas 64,5%.

Na comparação com o mesmo período do ano passado, a colheita da soja já deveria estar acima dos 90%.

O atraso no desenvolvimento da cultura do milho em algumas regiões do Mato Grosso do Sul é causado por outros fatores climáticos que podem ocorrer na época de sua semearadura, no segundo semestre do ano, como estiagem, geadas e quedas de granizo.

“A safra do milho já é motivo de apreensão. Por ela ser plantada agora, no fim de março, já vai ter uma produtividade mais baixa”, comenta Dobashi.

“O plantio do milho agora, nesse período, já é considerado de médio risco”, acrescenta Renata. Para a coordenadora  de Economia da Aprosoja-MS, “temos a expectativa de que o Plano Safra 2023/2024 apresente taxas um pouco mais lucrativas para o produtor”.

 

Fonte:CE

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