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Rio Paraguai chega a quase seis metros, para de subir e traz alívio a Porto Murtinho

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Depois de subir com velocidade ao longo de duas semanas, principalmente depois das fortes chuvas do dia 24 de fevereiro na região sudoeste do Estado, o Rio Paraguai chegou a 5,94 metros na cidade de Porto Murtinho e recuou para 5,90 metros, trazendo alívio tanto do lado brasileiro quanto do lado paraguaio.

O rio não atingia nível parecido desde março de 2019, quando chegou a 6,57.  No ano passado, o máximo foi de 3,21 metros. No dia 10 de fevereiro, quando o nível da água passou dos 3,5 metros e começou a alagar bahias e corichos depois de quatro anos de estiagem, os moradores de Porto Murtinho chegaram a comemorar a volta das águas, mas agora o nível já estava assustando.

Com 5,94 metros, a cidade de Porto Murtinho não corre risco de ser alagada, pois desde 1982 está protegida por um dique de 11 quilômetros que somente é superado se o nível chegar a 10 metros, o que nunca ocorreu.

Porém, depois que o nível alcança 5,35 metros a água já fica no nível da área urbana e duas comportas pelas quais escoa a água da chuva precisam ser fechadas para que o rio não invada a cidade. A partir daí, toda a água da chuva precisa ser drenada por duas bombas elétricas para evitar alagamentos.

E desde o último sábado estas comportas estão fechadas e a drenagem está sendo feita de forma mecânica. “Como o Rio Paraguai está muito cheio, quando chove, um funcionário da prefeitura precisa correr e ligar estas bombas para evitar que a cidade fique alagada”, explica o representante da Câmara de Vereadores na Defesa Civil do município, Helton Benitez da Graça (Progressista).

Mas do lado paraguaio, praticamente todos os cerca de 80 imóveis da Ilha Margarida estão tomados pela água. “Do lado de lá, depois que o nível passa dos 5,30, a correria começa. Mas as construções estão preparadas e o pessoal sabe conviver com a cheia, mas o susto com a subida rápida foi grande”, conforme o vereador.

Teve dia em que o nível do Paraguai subiu 40 centímetros em apenas 24 horas. E este ritmo acelerado foi provocado por causa das fortes chuvas que atingiram as regiões dos rios Nabileque, Tereré, Branco e Amonguijá. Todos desembocam no Paraguai acima de Porto Murtinho

Mas também teve influência da cheia do Rio Apa, que desemboca no Paraguai 74 quilômetros abaixo da cidade de Porto Murtinho. Mesmo assim, explica o vereador, a água do Rio Apa represa o Paraguai e por isso o nível sobe rapidamente na cidade.

Por causa da cheia do Rio Apa, pousadas e residências na Colônia Ingazeira, no município de Porto Murtinho, estão tomados pela água
Por causa da cheia do Rio Apa, pousadas e residências na Colônia Ingazeira, em Porto Murtinho, estão tomados pela água.

E é por causa da cheia do Rio Apa (que já começou a baixar), que muita gente do lado brasileiro teve as casas invadidas pela água. Na Colônia Ingazeira, por exemplo, pelo menos dez casas seguem tomadas pela água, conforme o vereador. “Seu Hermes, um morador antigo daquele local, perdeu pelo menos 20 cabeças de gado. A água subiu muito rápido e não deu tempo de ele retirar os animais”, lamenta Helton.

Na região da Colônia Cachoeira do Apa a situação á parecida. “Tem muita gente que teve que levar os animais para regiões mais elevadas para reduzir os prejuízos”. Além disso, as pousadas que atraem turistas da pesca estão parcialmente submersas e por isso estão vazias.

Hoje, conforme a medição oficial da Marinha, o nível do Rio Paraguai está pelo segundo dia em 5,90 metros, o que indica que estabilizou. E, mesmo que o tempo melhore, vai levar algumas semanas para baixar e permitir que as famílias da Ilha Margarida retomem sua rotina normal. “A escola deles está circundada pela água, mas mesmo assim a vida segue e está tendo aulas”, informa Helton.

ROTA BIOCEÂNICA

Mas apesar do alto nível do rio, as obras de construção da ponte seguem normalmente do lado paraguaio, garante o parlamentar. Ela está sendo construída sete quilômetros rio acima, numa região mais alta e naquele local o Rio Paraguai não transbordou, explica.

A ponte ligando o Brasil ao Paraguai, uma das principais obras para tirar do papel a chamada rota bioceânica, terá 1.310 metros de comprimento e largura de 20,10 metros. Nas laterais, serão construídas passagem de pedestres e uma ciclovia.

A previsão é de que os investimentos cheguem da R$ 575 milhões, dinheiro que está sendo repassado pela Itaipu Binacional. Os trabalhos, que estão praticamente todos concentrados ainda do lado paraguaio, devem se estender por pelo menos mais 18 meses.

 

Fonte:CE

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