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Sem dipirona nos postos de saúde, preços variam 370% nas farmácias

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Com a falta de remédios básicos na rede pública de saúde, a procura de medicamentos nas farmácias privadas já reflete nos preços. Conforme levantamento realizado pela reporatgem em cinco empresas de Campo Grande, a dipirona sódica 500 mg de 20 ml pode ser encontrada de R$ 3,89 a R$ 18,30, uma variação de 370%.

O remédio que é utilizado como analgésico para tratar dores moderadas ou intensas está em falta em diversas unidades básicas de saúde (UBSs) da Capital, conforme já publicado na edição de ontem. A dipirona é prescrita ainda como antitérmico para baixar febres a partir de 38ºC.

De acordo com a conselheira do Conselho Regional de Farmácia de Mato Grosso do Sul (CRF/MS), Marianne Marks, além da dipirona, é possível notar uma maior procura nas farmácias da rede privada de bromoprida e paracetamol.

“Em relação às medicações que estão em falta nas unidades básicas de saúde, como dipirona, bromoprida e paracetamol, é possível, sim, notar um aumento da procura nas farmácias da rede privada. Não somente esses, como medicamentos que são de primeira escolha, principalmente na área infantil ou para idosos”, disse a conselheira do CRF/MS.

Segundo Marks, um exemplo é a desloratadina (usado para tratamento da rinite alérgica), que não é um medicamento fornecido pelo Sistema Único de Saúde (SUS), mas é prescrito pelos médicos do sistema para a rede privada.

“Para os remédios que tratam hipertensão e diabetes por exemplo, que sempre que estão em falta no SUS, há maior procura na rede privada”, salientou Marianne.

AUMENTO DO PREÇO

Conforme a farmacêutica Marianne Marks, o aumento do preço dos medicamentos é reflexo do próprio reajuste que os fármacos são submetidos anualmente, além de fatores como a alta do dólar e do preço da matéria-prima.

“O preço dos remédios aumentou, até mesmo, em razão do comprometimento das linhas de produção. Nós sabemos que boa parte dos insumos para fabricação de medicamentos é influenciada pela taxa de câmbio, que são cotados em dólar”, destacou a conselheira do CRF/MS.

DESABASTECIMENTO

Na Unidade Básica de Saúde da Família (UBSF) Aero Rancho, um morador, que preferiu não se identificar, relatou ao Correio do Estado que, ao tentar pegar os medicamentos que constavam na receita médica de sua mãe, foi informado que os remédios estavam em falta e que ele teria de arcar com a compra em uma rede particular.

“Realmente, faltam muitos medicamentos, inclusive o mais básico, que é a dipirona. Eu estava com a receita para dipirona, paco [analgésico] e bromoprida, receitados para a minha mãe que está com câncer, e eles não tinham nenhum dos remédios na unidade”, salientou.

Ao questionar se em outras UBSFs encontraria os fármacos, ele foi informado que a falta de dipirona existe há meses e que, segundo a funcionária da unidade de saúde do Aero Rancho, é um problema por falta de compras da Secretaria Municipal de Saúde (Sesau).

O cenário era o mesmo na tarde de ontem na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Coronel Antonino. A equipe da reporatgem conversou com uma idosa que estava acompanhando sua neta no atendimento médico.

Ela relatou que no local não conseguiu receber dipirona em gotas, paracetamol e bromoprida.

“Além de segunda-feira, eu já tinha tentado conseguir os remédios no fim de semana. E, mais uma vez, fui informada de que eles estão em falta”, destacou a idosa.

Uma funcionária da UPA Nova Bahia, que terá a identidade preservada, afirmou que “em todos os postos de saúde há falta geral de medicamentos. Temos poucos remédios para entregar”.

Entre os remédios básicos que ela tinha à disposição, a profissional destacou que contava apenas com o paracetamol.

PREFEITURA

Em nota, a Secretaria Municipal de Saúde informou que, atualmente, a rede municipal de saúde tem 85% do estoque de medicamentos abastecido.

Conforme a secretaria, existem algumas faltas pontuais, “por conta da indisponibilidade do produto ou da matéria-prima no mercado e da estagnação no processo de compra, em razão de pedidos de realinhamento de preço”.

A Sesau alega ainda que, nos casos em que não houve o cumprimento do prazo de entrega por parte do fornecedor, a secretaria chegou a entrar com ações judiciais contra as empresas, no intuito de garantir o abastecimento dos medicamentos.

Para reportagem, a secretária-adjunta de Saúde, Rosana Leite de Melo, destacou que vai apurar junto à Sesau a falta de medicamentos relatada pelos pacientes.

“Tivemos uma reunião técnica na sexta-feira [20] e, até então, não haviam apontado essa situação para nós. No entanto, eu e minha equipe vamos verificar a falta desses medicamentos”, disse Rosana.

 

Fonte:CE

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