A notícia mais quente do fim de semana da Fórmula 1 em São Paulo veio da sua categoria de base, a Fórmula 2: o anúncio de Enzo Fittipaldi como reforço do Programa de Jovens Pilotos da Red Bull. Uma jogada, aliás, muito clara diante do que foi a temporada 2022 para os integrantes da academia, afinal, o time de Milton Keynes pode se orgulhar — e muito — de ter revelado Sebastian Vettel e Max Verstappen, além de ter na lista nomes como Carlos Sainz, Daniel Ricciardo e Pierre Gasly, todos com vitórias na F1. Mas a turma da base decepcionou bastante, e isso nas palavras do próprio Christian Horner, o chefe do time dos energéticos. Faltava, portanto, um ás na manga para fazer frente à turma talentosa que hoje está nas rivais Mercedes (Andrea Kimi Antonelli) e Ferrari (Oliver Bearman e Rafael Câmara).
Mas Fittipaldi não foi uma escolha do nada, pelo contrário. O próprio revelou ao GRANDE PRÊMIO que já havia conversas antes do forte acidente sofrido em Jedá, 2021, e que o pódio duplo na rodada da Hungria este ano o recolocou no radar da exigente equipe.
Em primeiro lugar, Fittipaldi é uma escolha mais que certa, é necessária. E as decisões sobre a dupla de pilotos da AlphaTauri, o time B da Red Bull na F1, escancaram isso. Ao renovar com um criticado Yuki Tsunoda e buscar primeiro Colton Herta (!) e, depois, Nyck de Vries (!!) para aceitar liberar Gasly para a Alpine, ignorando Liam Lawson e cia., os taurinos deixaram claro que nenhum dos nomes atuais eram opções para a F1.
Também, justiça seja feita: o último da academia a subir para a F1 foi Tsunoda, que foi o terceiro colocado na F2 em 2020, ano vencido por Mick Schumacher. Sim, o japonês teve apoio da Honda, mas correspondeu na pista. No ano seguinte, Jüri Vips, Jehan Daruvala e Lawson eram os representantes dos taurinos, e o melhor colocado ao final foi o estoniano: sexto colocado, logo à frente de Daruvala. Lawson ficou em nono ao final (Jack Doohan, que era da Red Bull na ocasião, também esteve no grid, mas participou apenas das duas últimas rodadas).
A F2 2022 trouxe o mesmo cenário: Daruvala é o melhor posicionado, em quinto e com chances de terminar o ano em segundo, mas está empatado justamente com Fittipaldi, que fez milagre com a Charouz, um carro mais inferior que o da italiana Prema, uma das equipes de ponta da base dos monopostos.
O que Fittipaldi tem feito na F2 esse ano é assombroso, e não seria surpresa vê-lo fechando a temporada numa terceira colocação, para um leve desespero de Logan Sargeant e sua saga em busca da superlicença. O brasileiro pontuou em todas as rodadas desde Ímola, quando conquistou o seu primeiro pódio, e impressiona pela consistência e ritmo de corrida com a Charouz.
Dos nomes que compõem atualmente o Programa de Jovens Pilotos da Red Bull, o mais promissor é, na verdade, Isack Hadjar, que fez uma temporada de alto nível na F3, numa disputa acirrada contra Victor Martins, depois Oliver Bearman e Zane Maloney, e chegou na última rodada a apenas cinco pontos do líder.
Ano que vem, Fittipaldi vai para a Carlin, a equipe onde hoje corre Sargeant, que está de malas prontas para a Williams na F1, e Lawson, companheiro de Red Bull. É uma das melhores, portanto o plano é claro: brigar pelo título da Fórmula 2 em 2023. Mas Hadjar também estará no grid, e possivelmente com outro time forte, embora não haja ainda um anúncio oficial: a Hitech. Sem dúvida, uma briga direta.
E é Hadjar o nome que mais pode ameaçar a caminhada de Fittipaldi rumo à Red Bull. O franco-argelino já é visto como o favorito para assumir um lugar na AlphaTauri em 2024, nas palavras do próprio Marko. Levando em conta que o clima da equipe principal não anda dos melhores, e Sergio Pérez tem contrato até o final de 2024, não seria exagero dizer que o futuro companheiro de equipe de Max Verstappen deve sair desse novo Brasil × França.
Fonte:GrandePremio
