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Com seca antecipada, Pantanal de MS pode ter queimada recorde em 2022

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O período de chuvas ainda não chegou ao Pantanal este ano, e com uma estiagem prolongada, que agora alcança 4 anos, os perigos para que incêndios se proliferem no bioma são grandes. Nos últimos cinco meses, a seca está saliente, o que pode causar queimadas recordes na região.

O monitoramento do Instituto SOS Pantanal constatou que, de outubro de 2021 a fevereiro de 2022, a chuva tradicional não ocorreu, enquanto matéria orgânica que serve de combustível para o fogo ficar descontrolado está concentrada no Pantanal Sul, abrangendo principalmente os municípios de Aquidauana, Miranda e parte de Corumbá.

Esse relatório foi condensado a partir da nota técnica “Estiagem e risco de fogo no Pantanal Sul”, concluído em abril e encaminhado para autoridades governamentais no fim de maio.

O trabalho técnico foi desenvolvido como ferramenta para posicionar estratégias de prevenção aos incêndios.

Para identificar o cenário, a organização não governamental utilizou-se de dados de satélite e de mapeamento das condições de chuva e realizou visitas a campo nas áreas que foram consideradas mais graves.

Apesar do prognóstico alarmante, a entidade apontou que, com medidas de prevenção, é possível evitar incêndios.

“Há meios de se evitar este cenário em 2022, a partir de medidas que sejam de interesse comum a toda a sociedade civil pantaneira, assim como do poder público. Medidas como a regulamentação dos Planos de Manejo Integrado do Fogo e a celeridade em licenças de supressão para confecção de aceiros se fazem cada vez mais necessárias e oportunas”, detalhou o estudo do SOS Pantanal, ONG que compõe o grupo Observatório Pantanal, que conglomera entidades para preservar o bioma.

Nessas áreas onde foi constatado maior perigo, as propriedades rurais são mais valorizadas do que em outras regiões do bioma, principalmente as que se concentram no município de Corumbá.

Enquanto na Capital do Pantanal o ciclo de cheia é um pouco mais intenso, fazendas que ficam em Miranda e Aquidauana só ficam embaixo d’água quando o ciclo de chuva acaba sendo mais intenso.

As áreas que são menos suscetíveis a alagamentos ou que agora não estão com água, pelo menos desde 2020, acabam agregando valor no hectare por terem mais áreas de pastagem e uso humano.

De acordo com estudos desenvolvidos pelo SOS Pantanal, a partir desse período de seca longo no bioma, iniciado em 2019, os fatores que contribuíram para os incêndios foram o acúmulo de combustível orgânico (que antes ficava submerso) e a ocorrência de incêndios criminosos.

Em 2021, por exemplo, a queima controlada com licença ambiental foi interrompida e, de certa forma, isso ajudou a aumentar o material de combustível. Neste ano, há liberação para manejo com o fogo, prática, inclusive, que é comum ao pantaneiro.

O critério que não favorece o meio ambiente é que a seca no Pantanal Sul acabou sendo antecipada, sem a chuva entre o fim de 2021 e este primeiro semestre de 2022.

Para o SOS Pantanal, que tem em torno de 400 brigadistas em todo o bioma e o monitoramento de uma área extensa, a necessidade de ações em áreas privadas é necessária para reduzir os riscos de incêndios neste segundo semestre.

Entre o Cerrado e o Pantanal, regiões que abrigam espécies diversas da fauna e da flora, a fragilidade é maior para o fogo espalhar de forma rápida.

“É indubitável o assunto sobre a seca que ocorre no Pantanal nos últimos anos. A questão que ainda se reflete para todos é a persistência deste fenômeno neste e nos próximos anos; por consequência, os possíveis impactos e a vulnerabilidade socioambiental. Quanto à permanência do evento extremo, em outubro e novembro de 2021, a quantidade de chuvas foi bastante abaixo da média. Nos primeiros meses de 2022, a redução das chuvas também foi uma realidade”, detalhou nota técnica, que analisou dados de precipitação até março.

CHUVAS

Na climatologia da chuva mensal entre 1981 e 2010, outubro tinha média de mais de 100 mm, enquanto no ano passado, no mesmo mês, o registro foi abaixo desse volume.

Em novembro, a marca chegava perto de 200 mm, enquanto em 2021 foi de cerca de 100 mm. A maior discrepância foi observada este ano, quando em janeiro houve 100 mm, em média, contra mais de 200 mm no período de 1981 a 2010. E essa quantidade reduzida prosseguiu até março.

Em mais dados apontados no relatório, em 2018 o fogo atingiu 8.610 hectares. Essa área só aumentou a partir dos próximos anos.

Em 2019, chegou a 240.656 ha; depois, em 2020, foram 151.059 ha; e no ano passado 263.232 ha foram queimados. Esses dados foram obtidos pelo SOS Pantanal com subsídio de dados do Lasa/UFRJ, que é uma referência em termos de análise de regiões atingidas por fogo.

O alerta está sendo feito, mas a ong reconhece que há medidas em andamento para prevenção. Uma delas é o estabelecimento do Plano de Manejo Integrado do Fogo (Pemif), que foi estabelecido pelo governo do Estado em 2021.

O desafio a ser superado é a disseminação desse regulamento para o maior número de propriedades rurais localizadas no Pantanal.

SAIBA

Conforme os bombeiros, há mais de 430 brigadistas que estão formados e certificados pela corporação para atuar na prevenção e no combate ao fogo. Convênio entre o Sebrae-MS, o BID e o Ministério da Agricultura formou mais 129 brigadistas este ano.

Fonte:CE

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