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Guerra e condições climáticas triplicam preço de hortifrútis e pesam no bolso

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Pesquisa de preço, cautela na hora de comprar e preferência por produtos da estação são as estratégias mais usadas e indicadas pelos consumidores na hora de “fazer a feira” na Capital. Para comerciantes do setor e, consequentemente, para os clientes, os valores triplicaram e a explicação está nas condições climáticas e na guerra no leste europeu.

A reportagem percorreu pelo menos seis mercados em diversos bairros da cidade para conferir preços nos hortifrútis e saber como os consumidores têm gerenciado os aumentos desses itens. Para a maioria, a sazonalidade e o aumento do preço dos combustíveis, impulsionado pelas instabilidades econômicas geradas pela guerra da Rússia contra a Ucrânia, explica altas.

Segundo a comerciante Ana Paula Ferreira, proprietária do Sacolão do Pequeno, no Jardim Seminário, o preço do tomate disparou na segunda-feira (14). “Subiu demais! Eu pagava R$ 60, R$ 70 na caixa do tomate. Agora, está R$ 200!”, conta. “Os fornecedores falam que é por causa da queda na produção e o encarecimento dos custos com transporte”, completa.

O motoentregador Sebastião Fernandes, de 54 anos, também percebeu o aumento. “Esses dias o tomate estava R$ 3 e pouquinho, agora está R$ 7,99 aqui. É muita diferença”, comenta.

Boom – De acordo com o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor), do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), houve encarecimento de frutas e verduras nos últimos 12 meses devido ao aumento na inflação. No entanto, o consumidor nota também um “boom” bem mais recente nos preços.

Para o proprietário de um sacolão localizado no bairro São Francisco, que prefere não se identificar, os aumentos não têm relação com a guerra no leste europeu. Para ele, a sazonalidade natural dos produtos, as altas temperaturas e o preço dos combustíveis é que explicam os preços mais “salgados”.

Clima – Sim, hortaliças e várias frutas e verduras que não resistem ao clima quente e seco acabam tendo queda na produtividade, como é o caso principalmente das hortaliças. Assim, toda essa instabilidade é sentida aqui em Mato Grosso do Sul, como acredita Arnaldo Freitas que há mais de 15 anos trabalha em um sacolão do Bairro Cruzeiro.

Ele atribuiu a essas questões o encarecimento vertiginoso de alguns itens nas últimas semanas. “Nossa alface, até pouco tempo atrás, custava 0,89 centavos, mas agora é vendida a R$ 3,49 a unidade. A cenoura aumentou muito também, está sendo vendida a R$ 11,50”, detalha o trabalhador.

Arnaldo tem razão. Segundo a economista do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos) em Campo Grande, Andreia Ferreira, “as condições climáticas adversas a alta do diesel são a explicação”.

Combustível – No entanto, o mais recente reajuste no preço do diesel, que vigora desde o dia 11 de março em todo o país, também tem participação na escalada dos gastos do consumidor. A guerra entre aqueles países distantes mais de 14 mil quilômetros de Campo Grande desajustou o mercado mundial. Isso mexeu com o câmbio do dólar, moeda sobre a qual é cotado o preço do barril do petróleo, que é a matéria-prima do óleo diesel.

Com isso, o valor do diesel – e da gasolina – subiu no mundo inteiro, inclusive no Brasil, afetando todos os produtos que dependem de transporte para chegar aos compradores.

Segundo levantamento feito pelo OSP (Observatório Social da Petrobras), citado pela CNN, desde 2021 o maior aumento desses combustíveis havia sido registrado em 19 de fevereiro de 2021. Naquele mês, a gasolina subiu 10,2% e o diesel ficou 15,2% mais caro. De lá para cá, a Petrobras já elevou 13 vezes o preço da gasolina e 11 vezes o do diesel.

Para driblar os efeitos, no bolso, que os aumentos causam,  a dona de casa Patrícia Benites, de 30 anos, a saída é comprar em menor quantidade e aproveitar os produtos da época. “Além de comprar menos, sem levar nada além do programado, acabo comprando sempre as mesmas coisas, e opto sempre pelas verduras e frutas que estejam mais em conta. Levo mais as frutas da estação e nunca levo frutas que sempre são mais caras, como uva”, detalha.

Tabela  A reportagem foi conferir o preço dos produtos em cinco hortifrútis da Capital e listou alguns alimentos que têm sofrido bastante variação de preço. Confira na tabela abaixo:

Pesquisa de preços. (Fonte: Campo Grande News)
Pesquisa de preços.

Fonte:CGN

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