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Série gravada em MS chega à etapa final de produção

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Martin Heidegger (1889-1976) disse uma vez que somente é possível filosofar em grego ou em sua língua natal.

Caetano Veloso requentou a máxima do filósofo alemão existencialista na canção “Língua”, deixando os gregos de fora da peleja, que pode até ter perdido sentido com o tempo, mas parece preservar seu charme intacto ainda hoje.

Mas que tal dar uma filosofada, em bom português, a bordo de uma van em movimento? Foi com essa proposta que o projeto Van Filosofia tornou-se um dos dois únicos vencedores, em Mato Grosso do Sul, da primeira leva de editais do Programa de Apoio do Desenvolvimento do Audiovisual Brasileiro (Prodav), em 2018, que distribui parte dos recursos financeiros do Fundo Setorial do Audiovisual (FSA).

O outro projeto se chama Mitos Vivos. Juntos, os dois projetos conquistaram R$ 1,4 milhão de verbas federais do FSA.

“‘Van Filosofia’ é uma série para televisão em cinco episódios. Cada programa tem 26 minutos e traz cerca de oito pensadores”, diz Lú Bigatão, jornalista, assim como a irmã Rô Bigattão.

A dupla é responsável pela direção do projeto, que só deverá chegar às telinhas em 2023. O edital que contemplou a série é voltado para a produção de conteúdo a ser veiculado em emissoras públicas de tevê.

FILOSOFIA POP

“A proposta é popularizar a filosofia, ver no que ela pode nos ajudar, no cotidiano, a refletirmos perante nossos problemas e tomarmos as melhores decisões. Por meio das histórias de cada um, podemos ver que a maior parte dos desafios que enfrentamos são coletivos, e não individuais”, afirma Lú.

Após 15 dias de gravação, entre os meses de dezembro e março, as manas gritaram “ação” para o take final de “Van Filosofia” no dia 6, um domingo.

A última parada do comboio filosófico foi em uma loja de noivas. No total, 35 personagens participam do projeto. São professores, artistas, vendedores, donas de casa, recicladores, produtores rurais, ambientalistas, defensora pública, poeta, estudante, travesti, empresário, motoentregador, influencer digital e outros perfis de convidados.

Dois filósofos “pilotam” a conversa com os passageiros da van – Josemar de Campo Maciel e, também fazendo as vezes de apresentadora, Thais Umar.

Os relatos e as digressões dos convidados são amarrados por comentários da dupla, que servem de ponte para o espectador adentrar nos conceitos filosóficos apresentados pelos especialistas.

CASTING

“A pesquisa de personagens durou mais de seis meses. Foi um dos maiores desafios encontrar pessoas dispostas a compartilhar suas experiências. São seis pessoas para discutir cada tema, sempre com pontos de vistas diferentes para enriquecer a discussão”, adianta Lú Bigatão.

“Eles foram escolhidos por suas histórias de vida e sua vontade e capacidade de compartilhá-las. O intuito do projeto é promover a reflexão, questionar o valor que damos às coisas, ajudar no autoconhecimento e melhorar a convivência entre as pessoas”, explica.

O filosofia-móvel passou ainda por pontos bem conhecidos do campo-grandense, a exemplo de Camelódromo, praças, favelas e uma aldeia indígena. Rô Bigattão diz que “tudo é pensado” de acordo com cada parada.

“A paisagem do entorno, a posição do sol, o melhor horário para gravar. As locações foram escolhidas de acordo com uma série de necessidades: o tema, a afinidade com a história dos personagens, a integração entre a filosofia e a realidade. Até o cantar das cigarras foi levado em conta na escolha das locais para o ‘Van Filosofia’ fazer do lugar a sua parada”, explica a codiretora.

TEMAS

Os temas de cada episódio são: “O Eu e o Outro – preconceito, intolerância e violência”; “As Relações Humanas – amor, sexo, casamento e internet”; “Ética, o bem e o mal – corrupção, o jeitinho brasileiro e responsabilidade social”; “Ser ou Ter – consumo ou felicidade? Ou os dois?”; e “Que Pressa é Essa? – uma abordagem sobre a vida, a morte e a forma como levamos a nossa vida”.

“A série entra agora no período de edição e pós-produção. Foi uma equipe técnica bem grande. Mais de 30 pessoas envolvidas no trabalho, fora os personagens. A van se transformou em um estúdio de tevê. Viajam nela o filósofo, a apresentadora, os personagens, três cinegrafistas, dois técnicos de som, as duas diretoras e roteiristas e a motorista”, diz a diretora.

Projetos audiovisuais costumam levar mais tempo para ficarem prontos do que o público imagina.

No entanto, desde que o projeto foi contemplado com o edital de 2018, a política pública do governo federal para o audiovisual brasileiro e, de modo geral, para toda a área cultural tornou-se uma montanha-russa que parece ter apenas descida. Veremos que ponto da rota, e que País, o “Van Filosofia” vai encontrar no próximo ano.

Fonte:CE

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