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Após 20 dias sem China, mercado do boi gordo patina à espera de solução do impasse comercial

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O mercado pecuário brasileiro viveu, nesta sexta-feira (24) mais um dia de ausência de seu maior comprador internacional de carne bovina, a China, que, sozinha, respondeu por mais de US$ 4 bilhões em faturamento no ano passado, ou quase 50% da receita total dos embarques brasileiros no período anual.

Pelo menos até o início da noite desta sexta-feira, o governo chinês ainda não havia se posicionado oficialmente em relação ao prazo para a retomada das exportações, que foram suspensas voluntariamente pelo governo brasileiro (conforme acordo bilateral entre os países) em 4 de setembro, após a confirmação de dois casos atípicos de vaca louca (Encefalopatia Espongiforme Bovina-EEB) no Brasil (em Minas Gerais e no Mato Grosso).

Nesta sexta-feira, portanto, completou-se 20 dias de embargo, prazo superior ao computado em 2019, quando um caso atípico de vaca louca (no Mato Grosso) também resultou na suspensão dos embarques à China – na ocasião, o comércio foi retomado 13 dias após o veto.

A vaca louca atípica é considerada de menor risco do que a forma clássica da doença (transmitida por alimentos contaminados), pois ocorre naturalmente e apenas esporadicamente em bovinos mais velhos.

Não à toa, a OIE (Organização Mundial de Saúde Animal) já deu o caso por encerrado e manteve o status de risco do Brasil inalterado para a EEB.

Portanto, na visão dos analistas brasileiros que acompanham de perto o setor pecuário, não existem nenhuma justificativa técnica para a manutenção do embargo à commodity brasileira.

Enquanto o impasse não é resolvido, as indústrias frigoríficas continuam postergando as compras de boiadas gordas em todas as regiões do País.

No geral, a falta de apetite dos compradores, além da paralisação temporária de algumas unidades exportadoras, resulta em estabilidade nas cotações do boi gordo, apesar da forte pressão baixista dos frigoríficos.

“Vale destacar que existem plantas frigoríficas que dispõem de escalas de abate mais confortáveis, o que também sugere uma maior cautela nas compras de gado”, relata a IHS Markit.

Segundo dados apurados pela Scot Consultoria, a cotação das três categorias destinadas ao abate andaram de lado nesta sexta-feira, nas praças paulistas.

Assim, o boi gordo, a vaca e novilha gordos estão sendo negociados, respectivamente, em R$ 302/@, R$ 281/@ e R$ 299/@ (preços brutos e a prazo).

Na avaliação da IHS Markit, embora a produção de carne bovina esteja bem ajustada à demanda vigente, muitas indústrias brasileiras temem a possibilidade do estoque destinado à exportação seja redirecionado ao mercado doméstico, o que desencadearia uma forte pressão sobre os preços da proteína, com severos impactos nas margens operacionais dos frigoríficos.

Por sua vez, do lado de dentro das porteiras, os pecuaristas buscam resistir ao movimento de baixa da arroba, limitando ao máximo a liquidação dos lotes em função dos elevados custos da nutrição animal.

SAIBA MAIS | Pecuaristas falam como está sendo vender boi sem o ‘fator China’; OUÇA ?

“As condições de pastos continuam ruins em boa parte do País e é recorrente a busca por outros insumos que possam ser usados na alimentação animal em detrimento do milho e farelo de soja, que seguem em patamares de preços muito elevados”, relata a IHS.

No atacado, os preços dos principais cortes bovinos, bem como do sebo e couro industrial, permaneceram inalterados nesta sexta-feira.

O abate reduzido de animais em boa parte do País tem feito com que a oferta de carne bovina continue bem regulada à demanda, sem registro de sobras ou grandes excedentes nos estoques, observa a IHS Markit.

Cotações máximas desta sexta-feira, 24 de setembro, segundo dados da IHS Markit:

SP-Noroeste:
boi a R$ 304/@ (prazo)
vaca a R$ 291/@ (prazo)
MS-Dourados:
boi a R$ 302/@ (à vista)
vaca a R$ 283/@ (à vista)
MS-C.Grande:
boi a R$ 300/@ (prazo)
vaca a R$ 281/@ (prazo)
MS-Três Lagoas:
boi a R$ 296/@ (prazo)
vaca a R$ 281/@ (prazo)

Fonte: Portal DBO

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