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Chinesa Great Wall compra fábrica da Mercedes-Benz no interior de SP

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A montadora chinesa Great Wall efetivou a compra da fábrica de automóveis de luxo da Mercedes-Benz em Iracemápolis, no interior de São Paulo, após anos planejando a sua entrada no mercado brasileiro. A venda da unidade foi confirmada nesta quarta-feira, 18, pela Mercedes, que fechou em dezembro a fábrica onde produzia os modelos Classe C (sedã) e GLA (utilitário esportivo), atribuindo a decisão às dificuldades da economia brasileira, agravadas pela pandemia.

O negócio com a Great Wall envolve toda a fábrica de automóveis, incluindo terreno de 1,2 milhão de metros quadrados, prédios e equipamentos de produção. A unidade, porém, tem uma capacidade de produção limitada, de cerca de 20 mil unidades ao ano. Fundada em 2016, a fábrica de Iracemápolis consumiu investimentos de R$ 600 milhões, conforme valores divulgados à época. A expectativa do mercado é que os primeiros automóveis da chinesa saiam da linha de produção em 2022.

Na nota do anúncio, em que não abre o valor de venda da fábrica, a Mercedes-Benz informa que sua rede de concessionárias seguirá funcionando normalmente, vendendo agora apenas carros importados. Também assegura que a decisão não afeta a produção de caminhões e chassis de ônibus no Brasil.

Mercedes e Great Wall Motors
Equipe da Mercedes oficializa venda da fábrica no interior de São Paulo para a chinesa Great Wall Motors. Foto: Great Wall Motors

Grupo vai geral 2 mil empregos

Também em nota, o presidente da Great Wall Motor, Meng Xiangjun, disse que esta transação acelerará o desenvolvimento e a implementação estratégica da montadora no mercado sul-americano e promoverá ainda mais a transformação da companhia em uma empresa de mobilidade de tecnologia global.

O vice-presidente da companhia, Liu Xiangshang, acrescenta que “o Brasil é o maior e mais populoso país da América Latina. Sua força econômica ocupa o primeiro lugar na região, suas vendas de automóveis ocupam o sétimo lugar no mundo e o mercado consumidor de automóveis tem grande potencial.”

Xiangshang afirma ainda que o grupo considera o Brasil um mercado estratégico no plano global de internacionalização. “Dentro deste plano, nos dedicamos a estudar as preferências dos consumidores locais e o desenvolvimento e mudanças do mercado automobilístico.

Também sem revelar valores, a empresa informa que o investimento no Brasil “trará uma experiência de mobilidade inteligente, segura e de alta qualidade para os usuários. Também criará mais empregos diretos e indiretos na região e impulsionará o desenvolvimento de P&D local e de indústrias relacionadas, promovendo a transformação e atualização da estrutura industrial local e contribuindo com mais lucros e impostos para o governo brasileiro.”

O grupo ressaltou ainda que as negociações não incluem transferência de pessoal – a Mercedes emprega cerca de 370 funcionários. Afirma, contudo, que a capacidade de produção da fábrica, que era de 20 mil carro ao ano, chegará a 100 mil após atualizações a serem feitas e que serão gerados 2 mil empregos.  A entrega da fábrica está prevista para antes do final do ano.

Quem, afinal, é a Great Wall?

Fundada em 1984, a Great Wall Motors é considerada uma montadora chinesa jovem. Apesar disso, é a maior fabricante de capital privado do país. Sua especialidade são os SUVs e picapes, alguns deles muito populares na China. Atualmente, a fabricante reúne quatro marcas de veículos: Great Wall, Haval, WEY e ORA.

Carro elétrico da Great Wall
Punk Cat, carro elétrico da marca ORA/Euler, da Great Wall, em evento em Pequim Foto: Tingshu Wang/Reuters 

O portfólio da companhia estaria em sintonia com as tendências atuais do mercado brasileiro. Conforme mostrou reportagem do Estadão publicada no último domingo, 15, os SUVs (ou utilitários-esportivos) ganharam o posto de líder em vendas no Brasil, com 370,5 mil unidades comercializadas até julho. O volume representa 31,7% do total de automóveis e comerciais leves vendidos no País, 1 ponto porcentual à frente dos antigos líderes, os modelos hatch. A expectativa é que, nos próximos cinco anos, essa participação dos SUVs cresça mais 12 pontos porcentuais, chegando a 46%.

Nos últimos anos, a Great Wall vem expandindo seus negócios, com planos de se tornar uma montadora global. Em 2013, a GWM comprou a Haval, marca especializada em SUVs e crossovers. Quatro anos depois, em 2017, lançou a WEY, divisão de veículos de luxo. Na sequência, em 2018, criou a ORA/Euler, marca de carros elétricos – trata-se da fabricante que apresentou o Punk Cat, um clone elétrico do VW Fusca.

Em sua rota de expansão global, a Great Wall já comprou fábricas na Tailândia e na Rússia. A empresa, porém, tem uma pequena unidade na América do Sul. Tem uma pequena linha de montagem no Equador, que abastece países como Uruguai, Peru, Bolívia, Paraguai, Argentina e Chile. Este último país é o seu maior mercado na América Latina e o sexto maior globalmente, com 2.435 unidades vendidas em 2020. Logo, o Brasil já nasceria como a principal operação da Great Wall na região.

A participação dos mercados além da China nas vendas da Great Wall Motors (GMW) já está ao redor de 10%. De janeiro a junho deste ano, a companhia informou ter vendido 618,2 mil veículos, com crescimento de 56,5% em relação ao primeiro semestre de 2020. As vendas de veículos fora do país de origem da empresa somaram 61,7 mil, alta de mais de 200% em 12 meses. Em junho, a empresa vendeu 100,7 mil veículos, alta de 22,7% na comparação anual. Naquele mês, a participação das vendas internacionais já chegava a 10%.

Fonte: Estadão

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