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Cobras ajudam cientistas a monitorar radiação de Fukushima

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Pesquisadores da Universidade da Geórgia (Estados Unidos) usaram cobras para monitorar a radiação de Fukushima, após o acidente da usina nuclear no Japão, ocorrido há uma década. A equipe inseriu pequenos rastreadores de GPS em nove serpentes da espécie cobras-rato para monitorar seus movimentos na zona de contaminação, pois elas servem de bioindicadores do resíduo e são capazes de sinalizar a saúde do ecossistema.

Os indivíduos são nativos e abundantes na região, com movimento limitado a pequenas distâncias. Seu contato próximo com o solo contaminado pode evidenciar a quantidade dos níveis variáveis de radionuclídeos em diferentes ambientes, conforme os refúgios que elas buscam.

“Nossos resultados indicaram que o comportamento animal tem um grande impacto na exposição à radiação e no acúmulo de contaminantes. Estudar como eles usam paisagens contaminadas ajuda nossa compreensão dos impactos ambientais de grandes acidentes nucleares, como Fukushima e Chernobyl”, disse Hanna Gerke, coordenadora do trabalho.

O artigo com a descrição da pesquisa foi publicado no início deste mês na revista científica Ichthyology & Herpetology.

“As cobras são bons indicadores de contaminação ambiental porque passam muito tempo dentro e fora do solo. Elas têm pequenos abrigos e são os principais predadores na maioria dos ecossistemas. Muitas vezes, são espécies de vida relativamente longa”, afirmou James Beasley, orientador da pesquisa de Gerke.

cobra com GPS
Cobra com GPS usada por cientistas para verificar áreas contaminadas na região do acidente nuclear de Fukushima, no Japão

Os aparelhos de rastreamento foram fixados com fitas ao redor das cobras. Os cientistas usaram ainda uma supercola para garantir que outros transmissores permanecessem presos nas fitas. Os materiais foram removidos dos animais no fim do estudo.

Ao longo de pouco mais de um mês, os pesquisadores acompanharam as cobras e notaram que elas passaram por 1.718 localizações a cerca de 15 quilômetros da usina — tanto no subsolo quanto em habitats arbóreos e em superfície. Essa área de cobertura foi apontada como satisfatória para revelar os níveis de radiação no solo.

A análise do comportamento das cobras revelou que mais da metade delas passaram a maior parte do tempo em florestas próximas e em terrenos de construções, como edifícios, celeiros e galpões abandonados, indicando que os répteis buscaram áreas para se proteger da contaminação do solo.

Os cientistas identificaram que o risco de exposição ao material radioativo é maior nos meses de inverno, quando as cobras procuram abrigo no subsolo, áreas mais contaminadas.

Para os pesquisadores, há a necessidade de mais estudos que busquem entender os perigos potenciais à saúde da vida selvagem e dos efeitos no longo prazo do acidente de Fukushima.

 

 

Fonte:TecMundo

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