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Custo da construção civil aumenta 19% no Mato Grosso do Sul

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Com o aumento dos custos e a falta de insumos, o setor de construção civil registra alta de 19% no preço médio por metro quadrado. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no intervalo de 12 meses, o metro quadrado foi de R$ 1.206,70, em junho de 2020, para R$ 1.436,37, no mês passado.

Como consequência, empresários apontam que o preço final para o consumidor também ficou maior.

O Sistema Nacional de Pesquisa de Custos e Índices da Construção Civil (Sinapi-IBGE) aponta que somente o material para construção subiu 27,89%. O valor desembolsado, considerando o metro quadrado, era de R$ 613,77 no ano passado e passou a R$ 785,01 neste ano.

“Somente em 2021 tivemos um aumento de 15% nos materiais. Até mesmo o prazo da indústria para entregar os produtos saiu de 30 dias para 90 dias, e dependendo do produto, 120 dias. O aço, por exemplo, subiu mais de 100%, assim como o piso cerâmico, que mais que dobrou de preço”, aponta o presidente da Associação dos Construtores de Mato Grosso do Sul (Acomasul), Diego Canzi.

“As datas não são cumpridas na entrega de insumos, e, consequentemente, a gente atrasa a entrega para o consumidor”, completa Canzi.

No ano passado, com a paralisação da produção de algumas indústrias materiais, cimento, tijolos e tubulações faltaram no mercado nacional, inflacionando os preços dos produtos.

O presidente do Sindicato Intermunicipal da Indústria da Construção de Mato Grosso do Sul (Sinduscon-MS), Amarildo Melo, afirma que a oferta foi regularizada, mas os preços não caíram.

“Não somos contra o comércio local, mas o aço caiu 25% lá fora e aqui só aumenta, por isso tivemos de importar. Nos outros insumos, como cimento, areia, tijolos e tubulações, tivemos uma regularização da oferta, mas estabilizaram os preços no teto”, avalia.

A mão de obra também ficou mais cara no intervalo de um ano: em 2020, custava R$ 592,93 por m² e, neste ano, passou para R$ 651,36, conforme o Sinapi.

Outro indicador de aumento nos preços é o Índice Nacional de Custo da Construção (INCC), calculado e divulgado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), que aponta alta de 2,16% em junho.

O custo com material e equipamentos cresceu 1,84%, e o custo com a mão de obra registrou alta de 2,69%. No primeiro semestre deste ano foi observado um incremento de 9,73% no INCC, o que correspondeu à maior variação para o período nos últimos 26 anos.

O presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), José Carlos Martins, aponta que os aumentos dos materiais são prejudiciais para o segmento.

“Os aumentos continuam, empregos são perdidos e não vemos movimento do governo para melhorar o abastecimento no mercado de produtos para a construção”, afirma.

CONSUMO

Em decorrência dos aumentos do custo para construir, os empresários do setor apontam a dificuldade na hora de comercializar os imóveis, assim como o impacto em obras públicas.

De acordo com o presidente do Sinduscon, é preciso repassar a alta dos insumos.

“O construtor não tem como não repassar para o consumidor final, senão ele não consegue cobrir os custos. A gente percebe o mesmo com as obras públicas, muitas licitações ficam desertas por causa do preço inviável”, analisa Melo.

“É preciso reequilibrar os preços das obras públicas. Corre-se o risco de que obras públicas sejam paralisadas e até mesmo abandonadas e judicializadas”, completa.

Para o representante dos construtores, há um desequilíbrio entre a renda da população e o aumento de preços.

“A nossa grande preocupação agora é que o custo vem aumentando na contramão da renda. Um imóvel que se enquadra no programa Casa Verde e Amarela saiu de R$ 140 mil para R$ 170 mil. Só que o consumidor não teve o mesmo impacto na renda. A parcela do financiamento sobe e inviabiliza o acesso ao produto”, considera Canzi.

CRESCIMENTO

A indústria da construção iniciou este ano com expectativa de crescer 4%, o que corresponderia à sua maior alta desde 2013. Com o cenário apresentado, a estimativa para o Produto Interno Bruto (PIB) do setor caiu para 2,5% em 2021.

No ano passado, o PIB da indústria da construção foi negativo em 7%. “Nossa expectativa era de que o quadro estivesse estável no segundo semestre, mas não é o que tem ocorrido”, ressalta o titular do Sinduscon-MS.

Canzi também avalia como desafiadoras as perspectivas impostas para o segmento. “A gente vive um cenário bem complicado, sem perspectiva de estabilidade e com aumentos contínuos. Tanto que a maioria dos associados só precificam os imóveis no fim da obra. Um mercado bem difícil de se trabalhar”, finaliza o presidente da Acomasul.

Segundo a economista da CBIC, Ieda Vasconcelos, o setor é essencial para a aceleração da economia brasileira.

“Em um momento em que o País busca acelerar o ritmo de suas atividades, a construção segue enfrentando o desafio de superar a elevação acentuada de seus custos. Esses aumentos podem comprometer o ciclo da sua retomada, pois as construtoras não conseguem absorver altas tão expressivas”, explica.

“Sempre é bom destacar que as atividades do setor são essenciais para que o Brasil possa consolidar o seu desenvolvimento econômico e social”, completa.

 

Fonte:CE

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