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Em visita ao Mato Grosso do Sul, Bolsonaro chama senadores da CPI da Covid-19 de bandidos

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O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) criticou nesta quarta-feira (30), em visita a Ponta Porã, a CPI da Covid, criada no Senado para investigar falhas do governo federal no combate à pandemia do novo coronavírus.

“Não conseguem nos atingir. Não vai ser com mentiras ou com CPI integrada por 7 bandidos que vão nos tirar daqui”, disse o presidente.

A declaração foi feita durante discurso. Ele já havia chamado os senadores de “pilantras” após passeio de moto com apoiadores em Santa Catarina, no sábado (26).

No pronunciamento desta quarta, o presidente também elogiou os “amigos do Poder Legislativo”:

“Pode ter certeza que temos uma missão pela frente e vamos cumpri-la da melhor maneira possível, tendo, além do Poder Executivo, obviamente, os nossos amigos do Poder Legislativo, que têm nos dado um grande apoio em todas as propostas que temos apresentado para o bem do nosso Brasil”.

Na sessão da CPI desta quarta, o presidente da comissão, senador Omar Aziz (PSD-AM), afirmou: “Presidente, pare de olhar no espelho e falar com ele”.

O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) também criticou o ataque de Bolsonaro:

“Causa espécie o presidente da República insistir nos ataques a essa Comissão Parlamentar de Inquérito e, cinco dias depois de os irmãos Miranda terem prestado depoimento a esta CPI, ele não ter dito nada em relação a isso”, disse Randolfe.

“O que essa Comissão Parlamentar de Inquérito quer é saber do senhor presidente da República e do governo qual a responsabilidade que tem nessa fraude de R$ 2 bilhões em vacinas. O que essa CPI quer é assegurar vacinas a todos os brasileiros. Vacinas essas que foram omitidas pelo presidente da República, e vacina sem superfaturamento e sem esquema.”

O vice-presidente do Senado, Veneziano Vital do Rêgo (MDB-PB), divulgou uma nota criticando os ataques de Bolsonaro a CPI da Covid e dizendo que o presidente, “ao ofender os parlamentares membros da CPI da Covid, ofende o Senado Federal, pois a Comissão é uma das importantes contribuições que a Casa dá ao Brasil visando apurar as responsabilidades e omissões do governo no combate à pandemia do novo coronavírus no país”.

A CPI investiga possível pedido de propina em oferta para adquirir 400 milhões de doses da vacina AstraZeneca, bem como suposta irregularidade no contrato assinado pelo Ministério da Saúde para adquirir imunizantes da Covaxin – esse acordo foi suspenso nesta terça-feira (29).

O líder do governo na Câmara, deputado Ricardo Barros (PP-PR), teria sido citado por Bolsonaro em conversa com o deputado Luís Miranda (DEM-DF), que prestou depoimento à CPI junto ao seu irmão, Luis Ricardo Miranda, que é chefe de importação do Departamento de Logística em Saúde.

Os irmãos Miranda detalharam o caso da Covaxin e, também, citaram o suposto pedido de propina envolvendo a AstraZeneca.

Veja a nota do vice-presidente do Senado, Veneziano Vital do Rêgo, na íntegra: “Ao ofender os parlamentares membros da CPI da Covid, de forma agressiva e inconsequente, o presidente da República ofende o Senado Federal, pois a Comissão é uma das importantes contribuições que esta Casa dá ao Brasil visando apurar as responsabilidades e omissões do governo no combate à pandemia do novo coronavírus no país.

O Brasil ultrapassou a triste marca dos 500 mil óbitos por Covid, o que coloca o país numa situação extremamente preocupante no mundo. Esta realidade exige de toda a sociedade um esforço coletivo para que os efeitos da pandemia sejam minimizados o mais rapidamente possível. Mas, ao mesmo tempo, também exige de todos nós a identificação dos motivos pelos quais a situação do Brasil chegou a este patamar tão preocupante e inaceitável.

Por isso, é de fundamental importância a continuidade dos trabalhos da CPI, que tem alcançado êxito em descobrir não apenas as omissões que causaram as irreparáveis perdas que amargamos, mas até mesmo as mais recentes denúncias de possíveis irregularidades e corrupção na compra de vacinas. E isto tem ocasionado intempestivas reações de quem se vê acuado pelos indícios já alcançados nas apurações.

Agindo assim, o senhor presidente da República dá, mais uma vez, infelizmente, mostras de que não está minimamente preocupado com a triste situação atual do Brasil. Seu destempero, sua falta de respeito aos poderes e sua irresponsável maneira de tratar a pandemia e os milhares de brasileiros que choram a perda de seus entes queridos apontam para a realidade de um país que, lamentavelmente, sofre as perdas de uma desastrosa gestão da Covid-19”.

 

Fnte-G1MS

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