DestaqueNotícias

SINDAG emite nota sobre imagens de avião de agrotóxico próximo aos rios de Bonito

Compartilhar:

Na última semana, vídeo no qual exibe um avião, aparentemente de agrotóxicos, sobrevoando área próxima a um dos principais rios de Bonito, foi compartilhado em grupos de mensagem, causando polêmica.

Bonito possui rios de águas cristalinas, natureza preservada, diversidade de fauna e flora que atraem turistas do mundo todo. Motivo pelo qual o vídeo acendeu o alerta sobre a aplicação de agrotóxicos próximos a um dos atrativos mais visitados na região.

Porém, com o intuito de esclarecer alguns pontos, o SINDAG – Sindicato Nacional das Empresas de Aviação Agrícola entrou em contato com o Bonito Notícias e compartilhou as seguintes informações.

Veja abaixo:

“Sobre o registro de avião de agrotóxico próximo aos rios cristalinos de Bonito, trazemos alguns dados que talvez possam esclarecer mais sobre o tema. 

Ocorre que na maioria das vezes a aviação é muito mais vítima de um estereótipo por sua própria transparência do que propriamente culpada de alguma atitude que coloque em risco pessoas e o meio ambiente. Seja na aplicação de agroquímicos, quando a operação envolve produtos biológicos ou mesmo em voos de aplicação de fertilizantes ou semeadura de pastagens. Ou seja, não propriamente “aviões de agrotóxicos”, já que, além de produtos variados, atuam também (e cada vez mais) no combate a incêndios florestais.

Não que, como em toda a atividade humana, não possam ocorrer problemas no setor. Mas, mesmo na hipótese de uma irregularidade na aplicação de agrotóxicos, no caso da aviação trata-se da ferramenta mais facilmente fiscalizável e (quando for o caso) punível. Afinal, é sempre visível, mesmo de longe (não é possível escondê-la dentro da lavoura), além de ser a única com regulamentação específica para operar e com o registro detalhado de todas as suas operações. Registros esses que abrangem pessoal envolvido, tipo de produto aplicado, condições meteorológicas e até o mapa georreferenciado da área tratada, com o registro do DGPS do avião (em arquivo inviolável) e todo o trajeto de voo.

Vale lembrar também que os mesmos produtos (químicos ou biológicos) usados por aviões são aplicados por todos os meios terrestres (de tratores a pulverizadores costais) e com os mesmos riscos. Inclusive o de deriva, que é quando a aplicação desvia do alvo por não terem sido respeitados os parâmetros de velocidade do vento, umidade relativa do ar e temperatura ambiente. Porém, o avião é a ferramenta de mais alta tecnologia embarcada, que exige maior capacitação de seu pessoal e, pela sua velocidade, a que mais facilmente consegue realizar toda a operação dentro da janela meteorológica de aplicação.

Daí, um erro comum de quem não conhece as rotinas no campo é o cogitar a proibição da aviação agrícola para diminuir o risco ambiental no uso de agrotóxicos. Para se ter uma ideia da proporção do equívoco de se relacionar a ferramenta (e não o mau uso dos produtos) ao risco, segundo o IBGE (Censo Agro de 2006 – tabela 2.2.11), o Mato Grosso do Sul registrou 4.584 propriedades com aplicações de agrotóxicos por pulverizadores costais, 1.068 por pulverizadores estacionários e 5.969 propriedades com aplicação de agrotóxicos por tratores, enquanto apenas 340 por aviões.

Infelizmente, o Censo Agro de 2017 ainda não foi esmiuçado a esse ponto. Porém ele já trouxe à tona outro dado importante: 15,6% dos produtores que utilizam agrotóxicos no Brasil não sabem ler e escrever e, destes, 89% declararam não ter recebido qualquer tipo de orientação técnica. Dos produtores alfabetizados que utilizam agrotóxicos, 69,6% possuem no máximo o ensino fundamental e, entre eles, apenas 30,6% declararam ter recebido orientação técnica a respeito da aplicação do produto.

Ao passo que, no que tange à aviação agrícola, a legislação obriga que praticamente todo o pessoal envolvido nas operações seja especialista, além de determinar até que as instalações tenham sistema de tratamento para a água da lavagem dos equipamentos.

Assim, entre as várias obrigações das empresas aeroagrícolas, elas precisam ter na equipe um engenheiro agrônomo coordenando as operações e um técnico agrícola com especialização em operações aeroagrícolas presente em cada operação em campo. Isso além de um funcionário responsável pelo Sistema de Gerenciamento da Segurança Operacional da empresa (SGSO, que obriga todos a seguirem o plano de segurança da empresa). Sem falar no piloto altamente qualificado (ele tem que ser primeiro piloto comercial e completar 370 horas de voo para aí conseguir se matricular em um curso de piloto agrícola).

Além disso, como dissemos antes, para CADA aplicação é preenchido um relatório com informações dos profissionais, produto, condições meteorológicas, mapa do DGPS do avião com a localização da área aplicada e como foi cada sobrevoo, entre outros dados. Esses relatórios ficam na empresa à disposição de qualquer fiscalização e, para completar, seus resumos são enviados mensalmente ao Ministério da Agricultura. No caso do mapa do DGPS, ele é gerado em arquivo inviolável e pode mostrar inclusive onde o avião passou aplicando e onde estava com o sistema fechado, apontando qualquer irregularidade. Sem esquecer o pátio de descontaminação (também obrigatório por lei), onde as aeronaves são lavadas e eventuais resíduos de produtos vão para um sistema de tratamento com ozônio, para quebrar o princípio ativo das moléculas nocivas.

As normas para o setor determinam, ainda, distâncias mínimas de segurança de 250 ou 500 metros de pontos como cursos d´água, vilas, casos ou mesmo aglomeração de animais nas aplicações aéreas. Ou seja: considerando os limites mínimos e os registros operacionais (lembrando que, além do mapa do DGPS, estes consideram tipo de produto e condições meteorológicas no momento da aplicação), qualquer suspeita de irregularidade pode ser facilmente checada pelo Ministério da Agricultura ou mesmo pela Agência Estadual de Defesa Sanitária Animal e vegetal de Mato Grosso do Sul (IAGRO).

Apesar da própria imagem que ilustra a matéria mostrar uma aeronave em voo sem pulverização e, ainda assim, visivelmente em distância bem acima desses limites mínimos de qualquer ponto ambientalmente sensível.

Ou seja, não é por ser feita por avião que a aplicação em lavoura deve receber um olhar cuidadoso. Mas simplesmente por ser feita. Ainda mais em uma região de patrimônio ambiental tão rico quanto o de Bonito, onde a margem de erro para a sustentabilidade ambiental é extremamente reduzida.

A diferença é que, no caso da aviação, nada passa em branco. O que torna essa ferramenta importante para a segurança de todos.”

Fonte:BonitoNoticias

Artigos relacionados

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Botão Voltar ao topo