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“João da Moto”: biografia que fala da deficiência e superação

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Pelo olhar de Lenilde Ramos, que transformou uma amizade de 40 anos em livro. A obra “João da Moto” é um profundo mergulho na biografia, no pensamento e na convivência de João Carlos Estevão de Andrade, personagem conhecido na Capital, que tem paralisia cerebral roda por aí em seu triciclo.

“A ideia de contar a vida de João vinha sendo amadurecida há uns 10 anos ou mais, de ambas as partes. Ele é a fonte principal, pois é muito ligado em história, memória, dele e do cenário em que vive. João conhece todo mundo. Além disso, é um grande pensador, pois vai fundo na análise dos fatos, das situações que viveu e que vive. Ele não podia, de jeito nenhum, concluir sua trajetória nesse plano material, sem compartilhar sua trajetória”, explica Lenilde.

João Carlos vive em Campo Grande desde os sete anos de idade, mas nasceu no Rio de Janeiro, de um parto que passou da hora. Essa ocorrência roubou o oxigênio necessário para que seu cérebro fizesse a necessária conexão entre o comando e a execução dos movimentos. Este é, a grosso modo, o princípio da paralisia cerebral, que se apresenta de diversas formas e em diversos graus, dos mais leves aos casos mais críticos. Em princípio não é uma doença mental, como erroneamente muitos pensam.

Segundo a escritora, os dois tinham uma longa lista de pretensões, entre elas, a de desmistificar a figura da pessoa que a sociedade ainda insiste em chamar de “deficiente”. E os dois fazem isso, por meio do impacto que sua condição teve nos pais e na família, na infância divertida e mais próxima possível do normal, onde um menino esperto e agitado procurava romper com as convenções impostas a ele.

O livro passeia pelos questionamentos trazidos pela adolescência e por uma juventude marcada pelo despertar de uma capacidade intelectual instigadora, que passou a exigir dele uma força considerável de luta, de inconformismo e de busca pela realização pessoal.

“Para mim, Lenilde é uma parceira. E, esse livro está me permitindo descobrir uma parceria cada vez maior. Eu me lembro de nossa primeira produção profissional, no começo dos anos 1990, quando em uma matéria para o jornal da LBA (Legião Brasileira de Assistência) para a qual ela colocou o título: “Eu quero ser eu”. A frase é do livro de uma amiga dela de Corumbá, a Marlene Mourão. Quando li essa frase, senti que Lenilde captava o anseio que tinha dentro de mim, que é o da grande busca de vencer a atitude de tutela das pessoas para comigo e a conquista de minha autonomia”, diz João.

João Carlos está com 63 anos e tem muita história para contar. Lenilde afirma que sua luta continua e esse livro é mais uma arma para que ele prossiga na tarefa de quebrar protocolos, enfrentar tabus e mostrar que é gente como a gente. “O livro está nas mãos de Marília Leite, respeitada profissional da composição gráfica e membro do Instituto Histórico e Geográfico de MS. O lançamento está previsto para o início de março”.

Fonte: LadoB de CGN

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