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Em 11 meses, Campo Grande teve 38% mais assassinatos que em todo 2019

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O número de homicídios registrado em Campo Grande até ontem ultrapassa a taxa do ano inteiro de 2019 em 38,7%.

A Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp) atribui a alta de assassinatos a brigas entre facções e ao confinamento social durante a pandemia da Covid-19.

De acordo com dados da Sejusp, de primeiro de janeiro até ontem, foram 111 assassinatos na Capital, em contrapartida, durante todo o ano de 2019 foram apenas 80 casos.

Em relação ao mesmo período de 2019, o porcentual é maior, foram registrados 65 homicídios, isso representa um aumento de 70% entre os dois anos.

Os dados são de homicídio doloso, que se refere ao assassinato com intenção de cometer o crime.

De acordo com o secretário estadual de Segurança Pública, Antônio Carlos Videira, o confinamento é uma das principais causas do aumento, pois muitos autores não registravam antecedentes criminais.

“Além disso, é considerável o número de casos que foram registrados em ambientes familiares, dado o crescimento do consumo de drogas por usuários durante o período de pandemia enquanto fazem home office”, disse.

A psicóloga Izabelli Coleone explica que não é correto colocar o peso na pandemia para justificar os atos humanos, mas pode-se somar o convívio social com as dificuldades e os problemas de um relacionamento.

“É verdade que nunca passamos tanto tempo convivendo assim e os problemas se afloraram. Com o isolamento, as pessoas estão lidando mais com as dificuldades e com os problemas dos relacionamentos pareados”, afirmou.

Os números mais altos de homicídios em 2020 se concentram entre os meses de maio e setembro. No quinto mês do ano foram notificados 15 assassinatos, o maior do ano, em junho e agosto foram 11 casos cada e em setembro, o número foi de 12 homicídios.

Em relação a Mato Grosso do Sul o número de assassinatos está próximo à taxa do ano anterior, mas o aumento ainda não é tão expressivo como o da Capital.

Este ano foram registrados 386 assassinatos e no mesmo período de 2019 foram 369 casos, no ano inteiro, o registro foi de 413.

CASOS

Videira ressalta que a disputa entre facções que atuam no tráfico de drogas também é um fator que contribuiu com um aumento significativo de assassinatos.

Como o último assassinato, que ocorreu no dia 30 de novembro, decorrente da disputa entre duas facções do Estado.

Integrante do PCC Juliano Pereira, 42 anos, foi executado com mais de 10 tiros em frente ao Centro Penal Agroindustrial da Gameleira em Campo Grande.

De acordo com a Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário (Agepen), Pereira havia saído para o trabalho externo, quando foi executado.

A Agepen afirmou que Pereira estava na Gameleira desde julho deste ano e foi condenado a 22 anos de prisão por homicídio e roubo.

Em 2017, ele foi apontado como o mandante do assassinato da ex-mulher e da irmã, que foram sequestradas, torturadas e decapitadas na fronteira do Paraguai com Mato Grosso do Sul.

Informações dadas ao Correio do Estado apontam que Pereira seria sobrinho do narcotraficante Jorge Rafaat Toumani, executado em 2016 no Paraguai. Rafaat era apontado como um dos principais chefes do narcotráfico na fronteira e foi executado em atentado.

Ele morreu após ter o carro atingido por mais de 200 tiros de armamento militar.

No entanto, nem todos os casos estão relacionados à facções, como no segundo caso de assassinato mais recente, que ocorreu no dia 20 de novembro na região das Moreninhas.

O caminhoneiro Gilmar Barros, 37 anos, tentou defender o irmão em uma briga e acabou sendo assassinado com três tiros, dois no peito e um no pescoço. O irmão da vítima e o assassino fugiram do local.

ANOS ANTERIORES

Os números contrariam os indicativos de anos anteriores, em que demonstravam queda em cada ano. Entre os anos de 2017 e 2018, a taxa teve queda de 14,3%, em que o primeiro ano registrou 24,3 casos e no seguinte foram 20,8 homicídios por 100 mil habitantes no Estado.

Os dados são do Atlas da Violência 2020, documento elaborado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, que traça o perfil das mortes ligadas a crimes no Brasil.

 

 

Fonte:CE

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