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Todos têm medo do “Tenente Terror”, diz à Corregedoria vítima de espancamento

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“Todo mundo tem medo desse tenente terror”, desabafou a empresária de 44 anos ao chegar na Corregedoria da Polícia Militar em Campo Grande, na manhã desta segunda-feira (23), para denunciar o PM  André Luiz Leonel.

A mulher foi espancada pelo militar na recepção do quartel de Bonito, no dia 26 de setembro, mas o caso só veio à tona neste fim de semana depois que as imagens das agressões foram divulgadas. O governador Reinaldo Azambuja (PSDB) determinou o afastamento imediato de 2 policiais militares envolvidos diretamente nas agressões.

Antes de prestar depoimento, a vítima falou com a imprensa sobre o caso e durante a entrevista chorou muito. Acompanhada de uma das filhas pequenas e de uma mulher, a empresária pediu para não ser identificada. “Meu esposo é militar, tenho muito medo. O pai dele e o sogro são coronéis da corporação. Não está sendo fácil, é um casamento de 26 anos, tenho 4 filhos, estou com medo”.

As imagens gravadas por câmeras de segurança do quartel da Polícia Militar mostram o policial empurrando a mulher contra a parede. Ela tenta se defender com os pés, mas acaba apanhando com tapas, depois socos e chutes. Na cena, outro PM ainda parece segurar a mulher na cadeira para que o colega continue batendo.

Como começou – Tudo começou por conta de um pedido em restaurante de Bonito, que atrasou. Mãe de criança autista, a vítima disse que reclamou da demora, admitiu que perdeu o controle, mas contou que foi tirada pelos cabelos do hotel onde estava hospedada, durante a comemoração do aniversário. Por ser a única responsável com as crianças, os filhos foram levados para um abrigo.

“Quando aconteceu, num sábado, eu fiquei presa até domingo. Meu marido foi até a polícia solicitar imagens, mas disseram que a câmera era fictícia. Como ia provar que fui espancada? Mesmo com os roxos, não me deixaram fazer boletim de ocorrência. Eu só queria levar meus filhos daquele terror, daquele momento”.

Segundo a empresária, quando o esposo dela chegou já tinha acontecido toda a tortura, ela estava na cela. “Ele foi no abrigo, tirou as crianças de lá, insistiu em falar comigo, para me acalmar, mas não deixaram”, contou.

Aos prantos, a vítima relembrou a situação que passou naquele dia: “Quando levaram meus filhos, foi como se tivessem tirado minha vida. Eu não sabia pra onde tinham levado eles, me senti incapaz. Eles me xingavam de puta o tempo todo, me batiam muito”.

Segundo a empresária, todo mundo tem medo do tenente que a agrediu, por isso ela acredita que ninguém fez nada. Ela espera que outras pessoas que foram agredidas pelo tenente procure a corregedoria para denunciá-lo. “Espero que a justiça seja feita, só isso. E que as pessoas tenham empatia e respeito por crianças especiais. A gente já vive na sombra, com problemas, com surtos, com remédios caros. Minha carga já é pesada em casa.”

Convivendo com militares diariamente, ela ainda disse que se sente impotente diante da situação. “Conheço o marido que tenho, como ser humano, como marido e policial. Não deveria ter pessoas despreparadas como esse tenente. Ele não deveria estar ali. Espero que outras pessoas, que já foram agredidas por ele, venham à tona, para ele ser exonerado. Ele está ocupando o cargo de outras pessoas melhores. Estou revoltada e muito triste com tudo isso”.

Durante entrevista, vitíma chorou bastante (Foto: Silas Lima)Durante entrevista, vítima chorou bastante (Foto: Silas Lima) 

 

Fonte:CGN

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