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De Kennedy a Obama: o que deixaram os últimos 10 presidentes americanos

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Na história americana, cada eleição foi decisiva para a humanidade, uma vez que se trata da maior economia do mundo e com decisões capazes de impactar todo o globo. Até Donald Trump, os EUA tiveram 44 presidentes, todos homens. O único negro foi Barack Obama. Nenhum sofreu impeachment, embora Richard Nixon tenha renunciado, em 1974, em meio ao escândalo do Watergate.

Nesta lista, relembre os últimos presidentes americanos antes de Donald Trump e o que mudou na política e economia em seus mandatos — da Guerra Fria à crise de 2008.

 JFK: escalada das tensões com a União Soviética e assassinato no fim do mandato

John F. Kennedy (1961-63 – Democrata)

Kennedy, o “JFK”, já foi eleito em uma transição de tempos. Como os candidatos de hoje com as redes sociais, o presidente é conhecido por ter dominado antes dos demais a “nova tecnologia” da época: a televisão.

Bonito, carismático e vindo de uma família rica e influente nos EUA, tendo outros parentes políticos, Kennedy se deu imediatamente bem com a TV, um de seus trunfos para vencer a eleição de 1960 contra o republicano Richard Nixon (que viria a ser presidente anos depois). Sua esposa, Jacqueline Bouvier, a “Jackie” Kennedy, também se tornou admirada por sua beleza, estilo e gosto por artes e preservação histórica. O casal chegou a ser conhecido como uma espécie de “realeza americana”.

 Presidente Lyndon B Johnson (à esq.) em negociação com Luther King: pressão do movimento pelos direitos civis marcou mandato do presidente

Lyndon B. Johnson (1963-69 – Democrata)

Johnson era o vice de John F. Kennedy quando este último foi assassinado. Assim, assumiu o restante do mandato com uma nação em luto e terminou sendo reeleito um ano depois, desta vez para um mandato próprio. Johnson foi presidente durante o auge do movimento dos direitos civis e coube a ele terminar o processo começado por Kennedy. Em meio à ampla pressão do movimento negro com nomes como Martin Luther King e Malcon X, culminou no Civil Rights Act de 1968. Foi também durante seu mandato que avançaram o Medicare e o Medicaid, programas para oferecer planos de saúde à população pobre e idosa — Johnson optou por não avançar em uma maior universalização do sistema de saúde, no modelo de saúde privada que vigora até hoje nos EUA.

Johnson também continuou o programa espacial de Kennedy, que levaria o homem à Lua pouco depois do fim de seu mandato. Por fim, a ação americana no Vietnã passou a ser alvo de protestos massivos também por essa época — em meio às primaveras em todo o mundo em 1968 — e o presidente foi amplamente criticado pela continuidade da guerra.

 Nixon: marcado pelo escândalo do Watergate

Richard Nixon (1969-74 – Republicano)

O republicano Richard Nixon ficou marcado pelo escândalo do Watergate, em que repórteres do jornal Washington Post descobriram que os republicanos estavam espionando o Partido Democrata. É até hoje um dos maiores escândalos da história americana. O presidente terminou por renunciar em 1974, antes que o caso pudesse de fato culminar em um impeachment.

Em outras frentes, o presidente foi um grande defensor dos direitos das mulheres e, algo incomum para a época, teve várias mulheres em seu gabinete. Nixon também criou frentes de proteção ambiental, como a Agência de Proteção Ambiental americana e o Clean Air Act de 1970 contra a poluição.

 Gerald Ford: enteado do fundador da montadora

Gerald Ford (1974-77 – Republicano)

Ford ficou marcado como o único presidente a servir tanto como presidente quanto como vice sem ter sido eleito para nenhum dos cargos. Primeiro, o republicano assumiu a vice-presidência no governo Nixon quanto o então vice renunciou (devido a um escândalo próprio não relacionado ao Watergate, de fraude tributária). Depois, com o Watergate, Ford virou presidente com mais da metade do mandato de Nixon ainda pela frente.

Apesar do sobrenome que remonta à montadora, o político não é oficialmente parente dos Ford mais conhecidos. Gerald Ford nasceu Leslie Lynch King Jr. em Nebraska, em uma família de classe média. Quando ainda era criança, sua mãe viria a se casar com Gerald Rudolff Ford, o criador da montadora Ford, e por quem o futuro presidente mudou seu nome.

Jimmy Carter em 1978, na assinatura dos Acordos de Camp David: acordo de paz histórico entre Egito e Israel
Jimmy Carter (1977-81 – Democrata)

Carter foi o presidente eleito após o Watergate, e construiu sua campanha prometendo acabar com o período de escândalos americano. “Eu nunca contarei uma mentira”, dizia. Muito antes das redes sociais, ele se apresentou como um outsider político em Washington, uma vez que até então havia somente tido cargos na Geórgia, seu estado natal (como congressista estadual e depois como governador).

Uma vez eleito presidente, mediou os famosos Acordos de Camp David, entre Egito e Israel, fazendo os dois países voltarem a ter relações diplomáticas, o que não acontecia desde a fundação de Israel em 1948 (até hoje, devido a esses acordos, o Egito é um dos poucos países árabes que têm relações com Israel).

Depois de deixar o governo, Carter continuou um trabalho de diplomacia e direitos humanos no mundo. Por esse período, foi um dos presidentes americanos a ganhar o Prêmio Nobel da Paz, em 2002, por seu trabalho à frente da fundação Carter Center, de combate à pobreza em dezenas de países. Ao todo, outros três presidentes americanos ganharam o Nobel da Paz: Barack Obama, Theodore Roosevelt e Woodrow Wilson, Carter sendo o único premiado após o fim do mandato.

Ronald Reagan And Margaret Thatcher Reagan e Thatcher: líderes dos anos 80 ajudaram a moldar o pensamento liberal no mundo

Ronald Reagan (1981-89 – Republicano)

A rejeição alta de Jimmy Carter no fim do mandato fez Reagan conseguir proezas na eleição presidencial, como uma vitória em estados historicamente democratas (até hoje, Reagan é o último presidente republicano a vencer em Nova York).

Reagan foi eleito após ter sido governador da Califórnia por oito anos. Embora nascido em Illinois, do outro lado do país, foi na Califórnia que fez carreira como ator de Hollywood antes da política. No começo de sua carreira, também chegou a ser filiado ao Partido Democrata, mas suas visões se aproximaram mais do Partido Republicano com o tempo.

Como presidente, Reagan teve um mandato com popularidade alta: em meio à crise econômica dos anos 70, cortou impostos e é visto como um dos presidentes a implementar mais fortemente uma agenda liberal e pró-mercado, conhecida como Reaganomics. Reagan e sua política liberal foram influências para o resto do mundo na época, ao lado da premiê britânica Margaret Thatcher, que era frequentemente vista ao lado do presidente americano. Ele também foi responsável por nomear Sandra Day O’Connor para a Suprema Corte, a primeira mulher da história na Corte.

Reagan é ainda tido como responsável por acelerar o fim da Guerra Fria. A essa altura, a União Soviética começava a enfrentar problemas econômicos, e Reagan usou o poderio americano para aumentar gastos com defesa e escalar o conflito, ampliando a pressão sobre os soviéticos. Os EUA assinaram com o então líder soviético Mikhail Gorbachev um tratado para eliminar mísseis nucleares e, em um discurso famoso em Berlim, Reagan desafiou Gorbachev a derrubar o muro (o que aconteceria pouco mais de dois anos depois). Em sua biblioteca presidencial está uma ilustração do Muro de Berlim, que ele afirma ter recebido da população local pelo fim dos conflitos.

George H. W. Bush: vice de Reagan e envolvimento na Guerra do Golfo
George H. W. Bush (1989-93 – Republicano)

George Herbert Walker Bush, o “Bush pai”, foi vice de Reagan durante seus dois mandatos. Com a popularidade do antecessor, conseguiu ser eleito na sequência. Filho de um banqueiro, Bush foi empresário do setor petroleiro no Texas e, antes de ser presidente, chegou a ser diretor da CIA, agência de inteligência americana.

Como presidente, seu mandato é lembrado sobretudo pela política externa. Bush autorizou operações militares no Panamá e no Oriente Médio. Os EUA se envolveram na Guerra do Golfo, após a invasão do Kuwait pelo Iraque (então liderado por Saddam Hussein) em 1990, tendo a disputa por petróleo como pano de fundo. Liderados pelos EUA, 30 países invadiram e derrotaram o Iraque em 1991. Em seu mandato, a União Soviética também iria oficialmente colapsar.

Apesar da popularidade que ganhou internamente com a política externa, o governo Bush teve de lidar com outra crise econômica no fim do mandato e foi criticado por aumentar impostos, o que levou à derrota contra Bill Clinton.

Bill e Hillary Clinton: volta dos democratas ao poder e quase impeachment
Bill Clinton (1993-01 – Democrata)

Após mais de uma década de governo republicano, a eleição de Clinton representou a volta do Partido Democrata. Bill Clinton havia sido então governador do Arkansas, seu estado natal, e era uma estrela ascendente no partido e com propostas de algumas reformas estruturais, como a ampliação da gratuidade do sistema de saúde, algo que não conseguiu passar no Congresso. Clinton também nomeou um número alto de mulheres e outras minorias para postos em seu governo.

No fim, o segundo mandato do presidente foi marcado pelo escândalo do envolvimento de Bill Clinton com a estagiária Monica Lewinski, que quase levou o presidente ao impeachment.

 George W. Bush: o republicano era o presidente americano quando aconteceram os atentados de 11 de setembro

George W. Bush (2001-09 – Republicano)

George W. Bush é filho do ex-presidente George H. W. Bush e foi eleito presidente após ser governador do Texas. Como o pai, também trabalhou na indústria do petróleo no estado.

Seu mandato começou com uma polêmica eleitoral que vem sendo frequentemente lembrada neste ano de 2020: a eleição na Flórida, que teve votos questionados, uma célula com design confuso que pode ter feito o democrata Al Gore perder votos e o envolvimento da Suprema Corte. O imbróglio só terminou porque Al Gore decidiu reconhecer a vitória do rival. Essa eleição é vista como um marco no século 20: muitos dizem que, se Al Gore, conhecido por sua política ambiental, tivesse sido eleito, as questões ambientais teriam sido colocadas em pauta mais cedo nos EUA.

Bush teve popularidade alta durante seu primeiro mandato, mas questionamentos à guerra sem fim no Oriente Médio derrubaram sua aprovação no segundo mandato. Por fim, o período de Bush no poder terminou com o estouro da bolha imobiliária e a crise econômica de 2008.

Joe Biden e Barack Obama Joe Biden, atual candidato à presidência, ao lado do ex-presidente Barack Obama: mandato durante a crise de 2008

Barack Obama (2009-17 – Democrata)

Nascido no Havaí, Obama foi o primeiro presidente negro da história dos Estados Unidos. Então uma jovem estrela ascendente no Partido Democrata, tendo sido somente senador pelo estado de Illinois, Obama chegou ao poder com o hoje famoso slogan “Yes, we can” (sim, nós podemos). Sua primeira campanha em 2008, que bateu primeiro Hillary Clinton nas primárias democratas e depois o republicano John McCain na eleição nacional, também foi uma das primeiras a usar redes sociais em massa, sobretudo o Twitter, na época começando a se popularizar. Biden, hoje candidato à presidência contra Donald Trump, foi seu vice nos dois mandatos, em 2009 e 2013.

Embora a crise de 2008 tenha começado no fim do governo Bush, Obama foi o presidente responsável pelas medidas que viriam, como pacotes de estímulo e perdão a setores como montadoras e bancos. No geral, os EUA conseguiram se recuperar da crise e Obama terminou o mandato com desemprego em baixa. Internamente, seu governo também ficou marcado pelo programa de expansão dos planos de saúde, o Affordable Care Act (o “Obamacare”). A Suprema Corte também passou durante o período a legalização do casamento de homossexuais nos EUA.

A popularidade de Obama, embora relativamente alta até hoje, foi colocada em xeque por parte da população americana, que questionou a queda da indústria em locais como o Meio-Oeste e a redução dos empregos no setor, uma insatisfação que levaria à eleição de Donald Trump contra a democrata Hillary Clinton em 2016.

Fonte: Exame

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