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Seca trava navegação pela hidrovia e atrasa até o plantio da safra de soja em MS

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O clima de deserto e as temperaturas elevadas acima dos 40° C deverão permanecer neste outubro quente em Mato Grosso do Sul. Mas além de afetar a saúde da população, a seca está causando prejuízos aos exportadores de grãos e minérios que atuam na hidrovia do rio Paraguai e também aos produtores rurais do Estado.

No caso da hidrovia, os portos de Corumbá, Ladário e Porto Murtinho já suspenderam desde o mês passado as operações, devido ao baixo nível do Rio Paraguai – um dos menores em 22 anos – causado pela seca extrema que ocorre na bacia. Essa paralisação da navegação comercial é um impacto para as exportações de Mato Grosso do Sul. A previsão é que neste ano Estado deixará de movimentar pelo menos 50% do volume de cargas de grãos e minério de ferro previsto pela hidrovia em 2020.

No caso do plantio da safra de soja, estimada em 3,645 milhões de hectares no Estado, a situação também começa a preocupar. O vazio sanitário terminou há mais de 15 dias, mas o plantio da principal cultura econômica do Estado, a soja começou tímido. A Associação dos Produtores de Soja de MS ( Aprosoja) e o o Siga MS (Sistema de Informações Geográficas do Agronegócio) estimam aumento de 2,35% no volume de produção de grãos, passando de 11,325 milhões de toneladas na safra 2019/2020 para 11,591 milhões de toneladas na safra 2020/2021. A expectativa é de que produtividade desta próxima safra fique na casa das 53 sacas por hectare.

Por enquanto a Aprosoja não vê perdas. “Entramos no mês de outubro, a princípio o que nossa equipe técnica tem visto a campo é que o produtor está super preparado para semeadura. Temos poucos produtores que iniciaram o plantio, mas já temos algumas áreas onde choveu bastante, nessa última chuva acima de 40 a 50 milímetros, que possibilitou o plantio, principalmente em áreas mais alagadas, com maior umidade, mas isso corresponde a um volume muito baixo”, salientou André Dobashi, presidente da Aprosoja-MS.

Ele destaca que os produtores já estão com as áreas dessecadas, só esperando as chuvas. “As plantadeiras estão reguladas, semente, fertilizante, tudo dentro de casa, só esperando chuva mesmo”.

Prejuízos
Dados da Embrapa Pantanal apontam ainda prejuízos econômicos para pecuária e comunidades ribeirinhas. Desde 2010, o Pantanal registra volumes de chuvas abaixo da média. De acordo com o Cemaden (Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais), a precipitação de chuvas neste ano foi abaixo da média histórica. Assim, 2020 registra a pior situação desde 1973. Nos últimos 30 dias, as chuvas também ficaram bem abaixo da média.

A falta de chuvas está relacionado ao fenômeno do La Niña moderado, que é a condição atual, e indica chuva abaixo do normal nos próximos três meses e um pouco acima do normal entre os meses de dezembro e fevereiro.

O gerente de Previsões Hidrológicas da Diretoria de Meteorologia e Hidrologia do Paraguai, Max Pasten, disse que a redução da vazão do rio começou já no início do ano, devido ao déficit de chuvas na região do Pantanal. O pior é que não há previsão de muitas chuvas para este ano. Por isso, a situação de baixa vazão do rio deve se estender até o final de novembro, segundo Max. Outra consequência desta seca que atinge o país é o aumento dos incêndios florestais.

Os impactos dos níveis mínimos do rio Paraguai são acompanhados especialmente em relação à navegação na hidrovia Paraguai-Paraná, que vivencia grande restrição e na captação de água para abastecimento, preocupação para município de Corumbá.

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