As descobertas científicas e a importância da ciência e da tecnologia entraram mais em voga com o problema sanitário enfrentado por todo o mundo.
No combate à pandemia do novo coronavírus (Covid-19), muitos se deram conta de que problemas cotidianos podem ser resolvidos cientificamente.
Em Campo Grande, universidades e fundações investem para que o conhecimento seja valorizado e traga resoluções de problemas do cotidiano.
Equipes se concentraram nas projeções matemáticas para orientar a saúde pública, outras em recuperar equipamentos essenciais e até mesmo no desenvolvimento de medicamentos.
As descobertas, os equipamentos adquiridos e todos os investimentos realizados deixam, para professores e alunos, um legado para as gerações futuras.
“A ciência é importante para a melhoria da qualidade de vida das pessoas, e por meio dela e de vários estudos diversas doenças foram eliminadas ou controladas, mas em uma pandemia a importância se dá pela urgência de salvar vidas”, afirma Márcio de Araújo, diretor-presidente da Fundação de Apoio ao Desenvolvimento do Ensino, Ciência e Tecnologia do Estado de Mato Grosso do Sul (Fundect).
O diretor ainda reforça que o melhor investimento é nas pessoas.
“A ciência começa na base, como no Programa de Iniciação Científica Júnior (Pibic-Jr) em parceria com o CNPq e Fundect, no qual são concedidas 180 bolsas a estudantes de nível Fundamental, Médio e Técnico das escolas da rede pública de ensino, visando despertar a vocação científica e incentivar talentos potenciais entre estudantes”, considerou Araújo.
Investimentos
No pós-pandemia, o apoio a negócios e ideias inovadoras também é foco da Fundect. Segundo o diretor, serão disponibilizados em torno de R$ 3,6 milhões, por meio dos programas Centelha e Tecnova (Fundect e Finep) para novos projetos.
Araújo ainda destacou o investimento de R$ 7 milhões no Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia (INCT) Bioinspiration Bioinspi, instalado no campus da Universidade Católica Dom Bosco (UCDB) na Capital.
“O instituto já é referência internacional, com equipamentos de alta tecnologia, e envolve pesquisadores das áreas de computação, física, bioquímica e biologia que atuam com foco no desenvolvimento de medicamentos “inspirados” em moléculas.
Na pandemia, esse investimento possibilitou a cooperação internacional para pesquisas para criação de fármaco para combater a Covid-19”, explicou.
Projetos
Doutora em Engenharia de Produção da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), Carolina Lino de Camargo diz que a pandemia mostrou a necessidade de se obter uma rápida resposta a fatores desconhecidos e que diferentes áreas do conhecimento podem contribuir em conjunto para trazer soluções à sociedade.
Carolina faz parte de um projeto que desenvolveu um modelo de simulação para estimar o impacto da Covid-19 na demanda de utilização da infraestrutura física hospitalar (leitos clínicos e de UTI) do sistema de saúde em Campo Grande.
“O intuito é dar suporte aos gestores no processo de tomada de decisão, otimizar a alocação dos recursos no combate à pandemia e, principalmente, evitar ao máximo a quantidade de óbitos em decorrência da doença”.
A professora ainda reforça que os investimentos de hoje servem de base para pesquisas futuras e deixam mais evidente o papel transformador que a ciência pode exercer na sociedade.
“Acredito que [no pós-pandemia] haverá mais valorização em relação à pesquisa e à ciência, mostrando que devemos e podemos nos basear nela para tomarmos decisões mais assertivas”, disse.
Outro projeto de destaque foi desenvolvido pelo professor Fernando Guimarães, diretor-executivo de Desenvolvimento Institucional do no Instituto Federal de Mato Grosso do Sul (IFMS).
Em conjunto com professores das áreas da eletrotécnica, mecânica e informática, Guimarães atuou na recuperação de respiradores.
A instituição firmou parceria com o Hospital Regional para recuperar os aparelhos essenciais na luta pela sobrevivência.
“Recebemos 28 ventiladores pulmonares que estavam inoperantes, iniciando o processo de recuperação. O trabalho foi magnífico, envolvendo alunos, ex-alunos e professores. O grupo contou também com o apoio de colaboradores das empresas Engetec e Acmed, ex-alunos do Instituto Federal trabalham nessas empresas. Dos aparelhos, 12 estão em operação, três em recuperação e os demais serviram como doadores de peças”, explicou.
Guimarães ainda ressaltou que o IFMS atuou na fabricação de máscaras em impressoras 3D dos laboratórios de Campo Grande e algumas peças impressas para reposição de outros tipos de aparelhos para a Santa Casa.
“O envolvimento das equipes se deu de forma intensa, não poupando esforços para o bem da comunidade. Isso é ciência, evolução científica e tecnológica a serviço da humanidade, um dos propósitos do Ensino Técnico”, finalizou Guimarães.