Baixa umidade do solo pode afetar Estados produtores de soja

Os níveis de umidade do solo permanecem baixos nas principais regiões de soja, com Goiás no menor nível em 20 anos e Mato Grosso do Sul com apenas 34 mm de chuva entre setembro e 22 de outubro, segundo a EarthDaily, empresa de monitoramento agrícola por satélite. A persistência do quadro pode dificultar o estabelecimento das lavouras e reduzir o potencial produtivo da safra 2025/26, de acordo com a companhia.

Em Mato Grosso do Sul, o volume está bem abaixo da média histórica de 132 mm para o período. A projeção para as próximas duas semanas indica 53 a 63 mm, ainda insuficiente para normalizar a umidade no solo. A persistência da seca deve manter o avanço do plantio de soja em ritmo lento, o que pode atrasar tanto a colheita da oleaginosa quanto o início do plantio do milho de segunda safra, aumentando o risco de exposição dessa cultura a condições climáticas menos favoráveis durante o ciclo, segundo a EarthDaily.

Em Goiás, a umidade muito baixa limita o avanço do plantio e pode comprometer a germinação. Projeções do Centro Europeu de Previsões de Médio Prazo (ECMWF) apontam melhora no início de novembro. Embora esse alívio inicial deva ser limitado, o cenário indica recuperação gradual da umidade em cerca de 10 dias, favorecendo o desenvolvimento inicial das lavouras.

Em Mato Grosso, as chuvas continuam abaixo da média desde setembro, como nas duas últimas safras, mas as previsões indicam aumento nas próximas semanas. Em Minas Gerais, o GFS (Global Forecast System, dos EUA) prevê retorno das chuvas a partir de 28 de outubro, ainda com estresse hídrico ao longo de novembro, segundo a empresa. O mesmo o modelo americano indica manutenção do déficit, o que reforça a necessidade de precipitações adicionais em novembro para garantir o desenvolvimento adequado das lavouras.

No norte do Paraná, a umidade está em queda e deve melhorar apenas a partir de 27 de outubro, ficando levemente abaixo da média até a primeira semana de novembro. Os Estados do Sul são exceção no cenário de baixa umidade, segundo a EarthDaily. Em Goiás, Mato Grosso do Sul e Minas Gerais, o déficit hídrico é mais severo e tende a desacelerar o ritmo do plantio ou prejudicar a germinação nas lavouras recém-semeadas.

Situação é melhor no sul do MS
O plantio da safra de soja 2025/26 em Mato Grosso do Sul alcançou 30,9% da área total estimada, correspondendo a aproximadamente 1,4 milhão de hectares, informou a Associação dos Produtores de Soja de Mato Grosso do Sul (Aprosoja/MS), em nota. A região sul lidera a semeadura, com 40,3% da área plantada, seguida pela região centro, com 17,7%, e norte, com 13,3%, segundo levantamento do Projeto Siga/MS, executado pela entidade, com dados até sexta-feira passada, 17.

O ritmo está ligeiramente abaixo do registrado no mesmo período da safra passada, quando o plantio estava em 32%, mas superior em dez pontos porcentuais quando comparado à média dos últimos cinco anos, de 21%. Isso se deve principalmente ao bom volume de chuvas na região sul, que detém a maior área cultivada do Estado, enquanto as outras regiões sofrem com falta de precipitação.

“O comportamento climático nas próximas semanas será determinante para o avanço da semeadura, especialmente nas regiões centro e norte, onde a umidade do solo ainda é limitada. Os produtores têm adotado estratégias como o escalonamento do plantio para reduzir riscos diante das incertezas meteorológicas”, explicou o assessor técnico da Aprosoja/MS, Flávio Faedo Aguena, na nota.

Para esta safra, a expectativa é de crescimento de 5,9% na área cultivada, totalizando 4,79 milhões de hectares. A produtividade média prevista é de 52,8 sacas por hectare, com produção estimada em 15,2 milhões de toneladas. O valor médio da soja está em R$ 125,06 por saca, segundo a Aprosoja/MS.

A comercialização da safra 2024/25 em Mato Grosso do Sul chegou a 94%, segundo levantamento realizado pela Grãos Corretora até 20 de outubro, avanço de 4 pontos porcentuais quando comparado a igual período de 2024 para a safra 2023/24. Já a comercialização da nova safra 2025/26 alcançou 15%, conforme dados da Aprosoja/MS.

O monitoramento técnico da Aprosoja/MS também indica baixa incidência de plantas daninhas e pragas nas lavouras acompanhadas até o momento. De acordo com a previsão climática, o Estado deve enfrentar distribuição irregular das chuvas nos próximos meses, sob possível influência do fenômeno La Niña, ainda de intensidade fraca a moderada.

*Com informações do Broadcast Agro

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