A crise nos Correios continua se aprofundando, e o cenário ganhou ainda mais atenção após a saída do ex-presidente da estatal, Fabiano Silva dos Santos, que receberá R$ 319.718,34 em quarentena remunerada — valor equivalente a seis meses do salário de R$ 53.286,39 que ele próprio reajustou em 14% enquanto comandava a empresa.
Fabiano deixou o cargo após comunicar à Comissão de Ética Pública (CEP) que recebeu convite para atuar como consultor no escritório CM Advogados, do advogado Marco Aurélio de Carvalho. O órgão entendeu que a mudança para a iniciativa privada poderia gerar conflito de interesse e autorizou a quarentena, período em que Fabiano não poderá trabalhar na área, mas continuará recebendo integralmente o valor do antigo salário.
A saída ocorre em meio ao pior momento financeiro recente da estatal. O rombo dos Correios chegou a R$ 2,6 bilhões em 2024, quatro vezes maior que o prejuízo do ano anterior, e os números de 2025 seguem ainda mais críticos.
Diante desse quadro, a empresa aprovou um duro plano de reestruturação para tentar evitar o colapso nos próximos 12 meses. Entre as medidas, estão:
- Fechamento de até mil agências consideradas deficitárias;
- Programa de demissão voluntária, com estimativa de desligamento de cerca de 10 mil funcionários;
- Mudanças nos planos de saúde dos colaboradores que permanecerem;
- Venda de imóveis, com expectativa de arrecadar até R$ 1,5 bilhão;
- Operação de crédito de até R$ 20 bilhões, considerada essencial para reduzir o déficit em 2026 e tentar voltar ao lucro apenas em 2027.
Segundo a empresa, o objetivo é atravessar três fases: recuperação financeira, consolidação e retomada do crescimento. Mesmo assim, o custo dos serviços postais universais continua pesando: só no primeiro semestre de 2025, esses serviços custaram R$ 5,4 bilhões, resultando em déficit líquido de R$ 4,5 bilhões.
Enquanto a estatal enfrenta cortes, fechamento de unidades e incertezas para milhares de trabalhadores, o ex-presidente deixa o comando com salário reajustado e uma quarentena remunerada que ultrapassa os R$ 300 mil, aumentando ainda mais a pressão sobre a gestão e sobre a situação financeira da empresa.
com informações do Metrópoles e CNN