Quase um mês após o último reajuste nas refinarias da Petrobras, os preços da gasolina e do diesel pararam de subir nos postos.
Ainda assim, uma alta acumulada nas bombas é bem superior aos aumentos promovidos pela estatal.
Para especialistas, a diferença pode ser explicada pela evolução da cotação dos biocombustíveis misturados aos dois produtos e pelo repasse das cotações internacionais nas empresas privadas.
Na última semana, o preço da gasolina nas bombas ficou em R $ 6.752 por litro, estável em relação à semana anterior.
O valor é 6,1% superior aos R $ 6.361 verificados na semana anterior ao reajuste. O aumento na refinaria foi de R $ 0,21 por litro, mas nas bombas a alta já chega a R $ 0,39 por litro.
O preço do diesel também se estabilizou nas bombas. De acordo com a ANP, o produto era vendido na semana passada por uma média de R $ 5.356 por litro no país.
O valor é R $ 0,37 superior ao vigente antes do reajuste nas refinarias.
O último reajuste foi anunciado pela estatal no dia 23 de novembro, com vigência a partir do dia seguinte.
Como a gasolina e o diesel vendidos nos postos receber a mistura de etanol e biodiesel, o impacto dos reajustes no preço final deveria ficar em R $ 0,15 e R $ 0,24, respectivamente.
O consultor Luiz Henrique Sanches diz que parte da alta na gasolina pode ser explicada pelo anidro que é parte da mistura do etanol vendida nos postos.
“Este ano, o anidro já subiu de R $ 2,41 para R $ 4,43 por litro. Considere que ele participa com 27%, sua fatia na gasolina já subiu R $ 0,54 por litro este ano”, diz.
Na última semana, diz Sanches, o preço do anidro caiu R $ 0,05 por litro nas usinas de São Paulo, mas o impacto nas bombas só deve ser captado pela ANP no fim desta semana.
O biodiesel também vem em alta. No último leilão realizado pela ANP, para entrega entre novembro e dezembro, o produto foi adquirido por R $ 5.907 por litro, 4,4% acima dos R $ 5.658 vigentes no bimestre anterior. No ano, a alta acumulada é de 6,4%.
O etanol hidratado também ficou estável nas bombas na semana passada, de acordo com os dados da ANP.
Na média, o produto foi vendido a R $ 5.414 por litro no país, 0,4% acima do valor vigente na semana anterior.
Este mês, não houve pressão por parte do ICMS, já que os estados decidiram congelar os preços de referência para o cálculo do imposto.
Caso contrário, o repasse da alta nas refinarias ajudaria a empurrar ainda mais o preço de bomba dos dois produtos.
De acordo com a ANP, o preço do gás de cozinha ficou estável na semana passada, em R $ 102,27 por botijão de 13 quilos.
Nesta segunda-feira (22), o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) sancionou a lei que garantirá a famílias de baixa renda um subsídio de 50% do preço final do produto.
Já o preço do GNV (gás natural veicular) subiu 1,9% na semana passada, para R $ 4.354 por metro cúbico, na média nacional.
A escalada dos preços dos combustíveis é o principal fator de pressão inflacionária no país e vem provocando estragos na popularidade de Bolsonaro, que vinha afirmando um desejo de privatizar a Petrobras para deixar de ser responsabilizado pelos aumentos.
Nesta segunda, a expectativa do mercado para um informe de 2021 chegou aos dois dígitos na pesquisa Focus divulgada pelo Banco Central, com os especialistas passando a ver ainda mais aperto monetário em 2022.
O levantamento semanal apontou que a expectativa para a alta do IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) em 2021 chegou a 10,12% -na semana anterior, este percentual era de 9,77% -, bem acima do centro da meta de 3,75% com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou menos.
Fonte:Folhapress