Diante do fraco consumo doméstico de carne bovina, as indústrias frigoríficas brasileiras que atuam no mercado interno buscam proteger as suas margens operacionais, reduzindo a capacidade de abate diária de suas unidades de produção.
Tal estratégia explica a atual morosidade dos negócios no mercado de compra e venda de boiada gorda, que segue com preços da arroba firmes em todo o País, apesar da entrada de animais de confinamento, pertencentes ao primeiro giro da engorda intensiva.
Nos últimos dias, muitos os frigoríficos conseguiram alongar um pouco as escalas de abate, o que possibilitou o plano de tirar o pé das compras de boiadas até pelo menos a chegada da primeira semana de agosto – quando entra o salário na conta do trabalhador brasileiro, o que, teoricamente, pode elevar a demanda pela carne vermelha.
De maneira oposta, relata a IHS Markit, os abatedouros que atendem o mercado internacional buscam adquirir animais terminados para suprir o sazonal incremento da exportação durante o segundo semestre deste ano.
Porém, muitos pecuaristas, apesar das condições climáticas adversas, conseguem pleitear negócios alinhados aos patamares de preços vigentes, acrescenta a IHS.
Os preços futuros do milho na B3 continuam subindo, motivados pelas quebras da safrinha.
As geadas que impactaram as lavouras de cana-de-açúcar também interferiram nos custos de produção dos pecuaristas, obrigando muitos confinadores a substituir a silagem desta cultura por outros ingredientes, observa a IHS.
Na B3, os contratos futuros do boi tiveram variações positivas significativas em quase todos os vencimentos, gerando expectativa de consolidação de nova tendência de alta da arroba, aponta a IHS.
Os negócios para out/21 e nov/21 alcançaram R$ 324,60/@ e R$ 329/@, respectivamente, no pregão de terça-feira (20/7).
O contrato de vencimento mais curto (julho) apresenta novas variações negativas, alcançando R$ 318,15/@, patamar mais próximo dos preços negociados no mercado físico no interior de São Paulo.
Na avaliação da IHS Markit, nas próximas semanas, o mercado do boi gordo ficará dependente do apetite internacional pela proteína brasileira.
No caso de maior procura externa, a restrição de oferta de animais terminados neste período de entressafra oferece a possibilidade de novas elevações nos preços da arroba, apesar da lentidão do mercado doméstico, que se mostra reprimido desde o começo da crise gerada pela pandemia da Covid-19, observa a IHS.
No mercado atacadista, os preços dos principais cortes bovinos, assim como do couro e sebo industrial, ficaram estáveis nesta quarta-feira.
Os entrepostos seguem tentando escoar para o varejo o excedente de carne estocado.
Porém, reforça a IHS, a fraca demanda dos consumidores, sazonal neste período do mês, torna tal movimento complicado, gerando especulações sobre novas quedas nos preços dos cortes bovinos no curtíssimo prazo.
Cotações máximas desta quarta-feira, 21 de julho, segundo dados da IHS Markit:
SP-Noroeste:
boi a R$ 320/@ (prazo)
vaca a R$ 300/@ (prazo)
MS-Dourados:
boi a R$ 310/@ (à vista)
vaca a R$ 295/@ (à vista)
MS-C.Grande:
boi a R$ 310/@ (prazo)
vaca a R$ 298/@ (prazo)
MS-Três Lagoas:
boi a R$ 310/@ (prazo)
vaca a R$ 298/@ (prazo)
Fonte: PortalDBO