O secretário de administração de Bonito, Edilberto Cruz Gonçalves, o Beto, recebeu Pix de R$ 20 mil através de um ‘laranja’ após liberar o pagamento de R$ 102.445,17 ao empreiteiro Genilton Moreira da Silva, dono de empresa de mesmo nome.
Conforme relatório de investigação do Gecoc (Grupo Especial de Combate à Corrupção) o qual a reportagem teve acesso, trata-se de pagamento feito pelo município à empresa Lopes & Lopes, que tem Nádia Mendonça Lopes como proprietária.
Ela é esposa de Genilton e o casal também está implicado na Operação Spotless, que identificou esquema de fraudes em contratos de obras. Aliás, a partir do celular de Genilton, apreendido em Terenos, é que chegou-se ao esquema em Bonito.
Assim, após receber o pagamento pela construção da base de concreto do ginásio de esportes e Elup Boa Vista, Beto avisa Genilton: “Tô fazendo o seu pagamento”.
Em resposta, o empreiteiro agradece e, em seguida, informa que dali uns dias estaria em Bonito: “segunda tô ai”.
Logo, o Gecoc conclui que “a visita de Genilton Moreira a Edilberto Gonçalves estava relacionada às negociações para o pagamento de propina ao agente público”, diz o relatório.
A reunião entre os dois seria o acerto da propina, segundo o Gecoc.
‘Laranja’ recebeu Pix de R$ 20 mil
Conforme conversas no WhatsApp, Beto informa uma numeração Pix para Genilton, que está em nome de Jerry José Gibertoni, outro empreiteiro.
No entanto, as investigações apontam que ele seria ‘laranja’ de Beto para receber propinas. Ele tem empreiteira com sede no Paraná.
No dia seguinte, Genilton faz o Pix de R$ 20 mil para o nome indicado de Beto. A informação coletada via WhatsApp foi confirmada pelo Gecoc após quebra de sigilo bancário de Genilton.
Na continuidade das conversas entre Genilton e Beto, o empreiteiro pergunta de o secretário havia conseguido Pix. “Vc não conseguiu nenhum px?”.
Em resposta, Beto confessa: “Ninguém quer arrumar kkkkk”.
Fraude de R$ 4,3 milhões em licitações
Além de Beto e Genilton, o Gecoc também prendeu a diretora de Licitações, Luciane Cintia Pazette, o empresário e fiscal de obras do município, Carlos Henrique Sanches Corrêa, além de Luis Fernando Xavier Duarte, funcionário de imobiliária, que foi preso em flagrante pela posse de arma de fogo — mas solto após pagar fiança de R$ 2 mil.
A investigação do Gecoc identificou um grupo que atuava fraudando constantemente licitações de obras e serviços de engenharia em Bonito, desde 2021. São vários certames fraudados, simulando concorrência e prevendo exigências para favorecer as empresas investigadas.
Servidores públicos integram o esquema, em que repassavam informações privilegiadas a empresários e organizavam a fraude licitatória para ajudar as empreiteiras a vencerem. Em troca, recebiam vantagens indevidas.
Os investigados são suspeitos dos crimes de organização criminosa, fraude em licitações, corrupção ativa e passiva, lavagem de dinheiro, entre outros.
“Águas Turvas”, termo que dá nome à operação, faz alusão a algo que perdeu a transparência ou limpidez, e contrasta com a imagem de Bonito, reconhecido por suas belezas naturais e águas cristalinas, as quais, contudo, vêm sendo maculadas pela atuação ilícita dos investigados.
Fonte:MidiaMax