O salário mínimo será reajustado para R$ 1.621 a partir de janeiro de 2026, anunciou o Ministério do Planejamento e Orçamento nesta quarta-feira (10). O valor representa um aumento de R$ 103 em relação ao piso atual de R$ 1.518, equivalente a reajuste de 6,79%. O impacto no bolso do trabalhador, porém, só será sentido no pagamento de fevereiro.
O novo piso leva em conta dois fatores centrais: a inflação acumulada pelo INPC, que registra alta de 4,18% nos últimos 12 meses, e o crescimento do PIB de 2024, revisado pelo IBGE para 3,4%. Ambos integram a fórmula de valorização do salário mínimo adotada pelo governo.
O reajuste afeta não apenas os trabalhadores que recebem o piso nacional, mas também aposentadorias do INSS, seguro-desemprego, abono salarial e outros benefícios indexados ao mínimo.
Arcabouço fiscal limita ganho real
Mesmo com a política de valorização, o arcabouço fiscal impõe limite ao ganho real — aumento acima da inflação — entre 0,6% e 2,5%. Pelos cálculos técnicos, o valor exato chegaria a R$ 1.620,99, mas o arredondamento previsto em lei elevou o piso para R$ 1.621.
Houve ganho real? Especialistas explicam
Segundo Renan Silva, professor de economia do Ibmec Brasília, a reposição da inflação mantém o poder de compra, enquanto o ganho real amplia a capacidade de consumo. “A reposição da inflação evita perda do poder de compra. Já o ganho real é o aumento acima da inflação, permitindo adquirir mais bens e serviços”, afirma.
Ele alerta que o impacto deve ser observado no cotidiano. “O ganho real em termos de cesta básica e serviços é mais relevante. O percentual de reajuste pode soar abstrato.”
Já o contador Vanderson Aquino lembra que o ganho real depende de fatores como produtividade e sustentabilidade fiscal. “O salário mínimo afeta despesas públicas. Para que o ganho seja sustentável, é preciso crescimento econômico consistente.”
Ambos especialistas concordam que o reajuste não garante proteção total contra a inflação futura. Se dezembro registrar alta maior que a prevista, parte da perda — referente apenas àquele mês — será compensada somente no reajuste de 2027.
Valor pode mudar? Chance é remota
Para Renan Silva, alterações são improváveis. “O valor já foi confirmado pelo Ministério do Planejamento e deve ser formalizado por Medida Provisória. Em geral, é esse o número que entra em vigor em 1º de janeiro.”
O limite imposto pelo arcabouço fiscal também reduz espaço para mudanças substanciais.
Impacto no dia a dia
Com o novo piso, mais de 25 milhões de pessoas que recebem salário mínimo diretamente ou por meio de benefícios públicos terão aumento a partir de fevereiro de 2026. O reajuste também deve influenciar contratos, pisos estaduais e negociações coletivas em diversos setores.
Enquanto isso, a discussão sobre o poder de compra do trabalhador e os efeitos da inflação seguirá ditando o tom do debate econômico ao longo do próximo ano.
Fonte:EFMS