Um dos maiores desafios da prova é a autossuficiência: cada atleta deve carregar seus próprios mantimentos durante todos os dias de competição. São mais de 10 kg nas costas, sob um calor que ultrapassa os 50°C. Mas, para Josy, o peso maior não estava nas costas, e sim na mente.
Você fica muito tempo sozinha. Só que eu acredito que para estar ali, tem que estar 100% bem mentalmente. Pelo menos 80% dessa corrida é você, preparo mental, e o restante é físico — afirma.
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Josy enfrentou frio, carregou o próprio mantimento e também teve que lidar com os machucados que apareceram durante a ultramaratona — Foto: Arquivo pessoal
A ultramaratonista contou que já correu na Amazônia, na Patagônia, mas nenhum desafio foi maior do que vencer a si mesma. Em 2021, ela quase perdeu a vida para a Covid-19. — Tive três paradas cardíacas, fiquei entubada, em coma, foi triste. Hoje eu sou outra pessoa. Hoje eu sei viver, eu sei sentir o vento e dar valor em cada coisa — conta.
No Saara, entre centenas de competidores, ela superou medos, angústias e lesões para se tornar a primeira mulher brasileira a completar a prova.
— Foi inacreditável. Ser a primeira mulher e estar ali, vivenciar tudo aquilo que eu vivenciei. Eu não sei explicar, não sei dizer o que eu passei ali porque foi imensurável a energia daquele lugar. Foi incrível — se emociona.
Por fim, ela relata que, ao cruzar a linha de chegada, só uma certeza ecoava em sua mente:“Estou viva. Tô viva e posso fazer o que eu quero. Tô respirando, tô andando, tô correndo. Eu acreditei em mim mesma. Viver, esse é o poder.”
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Ultramaratonista superou todos seus limites e completou prova no Deserto do Saara. — Foto: Arquivo pessoal