Com a preocupação de que a Rota Bioceânica, estrada que liga o Estado a outros países da América do Sul por meio do modal rodoviário, facilite o caminho para a criminalidade, a Polícia Rodoviária Federal (PRF) e a Superintendência Regional de Polícia Federal (PF) em Mato Grosso do Sul devem ampliar o seu efetivo em Porto Murtinho com a instalação de uma unidade operacional e uma delegacia na região, respectivamente.
Ambas as autoridades de segurança já manifestaram receio de que a rota comercial – que vai melhorar o acesso rodoviário de Mato Grosso do Sul com o Paraguai, a Argentina e o Chile – possa ser utilizada pelo tráfico internacional de drogas.
De acordo com a PRF, uma das estratégias para inibir o uso do corredor econômico pela criminalidade é a construção de uma nova unidade operacional em Porto Murtinho, cidade que é ponto de partida da Rota Bioceânica no Brasil.
“Essa unidade reforçará as atividades de fiscalização e as operações de combate ao crime, abrangendo também o controle do trânsito e do transporte de cargas e passageiros, além de todas as demais atribuições já desempenhadas pela PRF”, declarou a corporação, por meio de nota.
Além dessa ampliação estrutural na segurança da região fronteiriça, com a implementação da Rota Bioceânica, uma das principais estratégias da instituição será um plano de integração com os órgãos de segurança do Brasil e dos países conectados pela via.
“Essa cooperação envolverá a troca de informações, a realização de operações conjuntas, a criação de sistemas de comunicação ágeis entre as instituições e a promoção de intercâmbios entre os agentes de segurança, medidas que serão fundamentais para aprimorar os resultados das ações ao longo do trajeto”, concluiu.
Segundo informações da Folha de S.Paulo, foi realizado um memorando de entendimento com os países que integram a rota e com nações próximas, como o Uruguai.
O Paraguai já assinou essa documentação e há a previsão de que o Chile e o Uruguai também assinem o acordo. A PRF ainda aguarda a resposta da Argentina para avançar as tratativas.
A Superintendência Regional de PF em MS também tem projetos voltados para a melhoria na fiscalização viária na cidade de Porto Murtinho. Conforme a instituição, está em tramitação a instalação de uma delegacia da PF no município.
Segundo o superintendente da PF em MS, Carlos Henrique Cotta D’Ângelo, essa delegacia deve contar com prédios da PRF, da PF, da Receita Federal do Brasil (RFB), da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e do Ministério da Agricultura e Pecuária, a serem cedidos pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), além do alinhamento com a aduana paraguaia.
A nova delegacia está sendo projetada dentro do prognóstico de que a Rota Bioceânica deve aumentar a demanda por melhorias na segurança, por conta do fluxo de imigração que a ponte na região de Porto Murtinho vai acarretar.
OBRAS DA ROTA
A obra da ponte sobre o Rio Paraguai, unindo o município de Porto Murtinho à cidade paraguaia de Carmelo Peralta, está com 67,05% de sua construção executada.
A informação foi dada na 9ª Reunião da Comissão Mista Brasil-Paraguai, convocada pelo Ministério das Relações Exteriores e realizada em fevereiro. Atualmente, o canteiro de obras da ponte conta com mais de 400 trabalhadores que atuam dos lados do rio.
Os viadutos já foram finalizados e os pilares estão sendo implantados. A expectativa é de que a obra fique pronta no primeiro trimestre de 2026.
O governo de Mato Grosso do Sul realiza investimentos nas cidades que farão parte do trajeto, entre elas Porto Murtinho, que recebeu R$ 40,6 milhões em obras nos últimos anos. Com investimento do governo federal, as construções serão realizadas na BR-267, que dará acesso à Ponte Bioceânica.
Para as obras, serão investidos R$ 472,4 milhões por parte da União. O valor vai ser utilizado para a restauração de 101 km da BR-267, que liga o distrito de Alto Caracol a Porto Murtinho, e na construção de um centro aduaneiro de fronteira.
No Brasil, a futura rota percorrerá rodovias dos estados de Santa Catarina, do Paraná, de Mato Grosso do Sul e de São Paulo. Com a Rota Bioceânica, a previsão das autoridades é de que o investimento gere ganhos expressivos na exportação, na importação, na competitividade dos produtos regionais e na promoção de intercâmbio entre o Brasil e a Ásia, além do Mercosul e do Chile.
ANVISA
A Anvisa também está se preparando para a nova rota.
De acordo com reportagem da Folha de S.Paulo, a agência enviou ao Ministério do Planejamento e Orçamento informações sobre os requisitos para o comércio exterior de bens e produtos sujeitos à fiscalização e ao controle sanitário.
Fonte:Correiodoestado