Os recursos para a aquisição vêm da venda de uma fatia que a Prosus tinha em empresa de tecnologia especializada em mídia, a Tencent. Com sede em Amsterdã, a Just Eat Takaway viu suas ações caírem rapidamente após o fim do lockdown, o que permitiu a aquisição agora, com um prêmio de 22% em relação ao valor negociado nos últimos três meses. A empresa terá o capital fechado na Bolsa de valores.
A compra tem contornos mundiais e um toque brasileiro. Com a Just Eat Takeway, a Prosus quer dominar o negócio de entregas de alimentos na Europa e vê potencial para prover o serviço à metade da população mundial. A inspiração virá do Brasil. A ideia é replicar os avanços obtidos pelo iFood no mercado local, em especial por meio do uso de aplicações de inteligência artificial para melhorar a operação e a experiência no negócio.

“A bem-sucedida trajetória de crescimento do iFood no Brasil é um guia prático para transformar o avanço da Just Eat Takeway por meio da tecnologia, de produtos, serviços e de qualidade”, afirmou a empresa em comunicado.
As partes já se conhecem muito bem. A Just Eat Takeway era até 2022 sócia da Prosus no iFood. Naquele ano, vendeu a sua participação de 33,3% para o parceiro por € 1,5 bilhão, num negócio que avaliou o iFood, na época, em € 5,4 bilhões (R$ 32 bi em valores atuais).
Qual é o segredo do iFood
Impulsionada pela onda positiva das entregas na pandemia, o iFood saiu de 20 milhões de pedidos em 2019 para 103 milhões em 2024. Fechou o ano passado com uma receita de US$ 1,2 bilhão (R$ 7 bilhões), sendo hoje uma empresa rentável, coisa incomum no setor há alguns anos.
Bloisi segue a cartilha de empreendedor de tecnologia de carteirinha. Abriu a primeira empresa com duas pessoas numa sala, após se formar na Unicamp, em Campinas. Errou diversas vezes até acertar na compra da pequena empresa de entregas, então com 15 pessoas, que transformou no maior grupo de delivery do País, expulsando concorrentes de peso, como o Uber Eats do mercado local.
Em entrevista ao Estadão/Broadcast há pouco mais de um ano, reforçou a importância de fazer novas apostas, sem medo de errar. Para ele, o iFood é um grande barco, com diversas frentes de apostas, os chamados jet-skis . “Estamos sempre testando jet-skis, como se fossem 15 startups dentro do iFood. É assim que a gente erra. A gente faz para errar. E aprender, aprender, aprender.”
O sucesso com o iFood o alçou no ano passado ao comando de um dos seus principais apoiadores. O Prosus foi um dos primeiros investidores a apostar no negócio brasileiro, com um aporte US$ 2 milhões, feito por meio da Movile, holding dona do delivery, em 2013. Na época, a empresa cobria apenas 800 restaurantes — hoje são mais de 300 mil.
A Prosus, controlada pelo grupo sul-africano Naspers, é um veículo de investimentos em negócios empreendedores, com participações por todo mundo. Na área de delivery de comida, tem participações societárias na Meituan, da China, e no Delivery Hero, na Alemanha. Na América Latina, tem ainda fatias na OLX e na Kovi.
Fonte: Estadão