Rede de gestão compartilhada que visa a conservação dos recursos hídricos de Bonito, o projeto lançado há cerca de cinco anos, batizado como “Águas de Bonito”, aponta para o resultado de quase 13,5 mil quilômetros de nascentes cercadas em prol da preservação.
De responsabilidade da Comarca de Bonito do Ministério Público do Estado (MPMS); Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul (Imasul); Instituto das Águas da Serra da Bodoquena (IASB) e Sindicato Rural do município, esse projeto foi dividido em etapas.
Em balanço desde sua criação, o Ministério Público divulga que o Projeto Águas de Bonito já protegeu mais de 15.338 hectares, através da implantação de 13.464,3 km de cercamento nas chamadas áreas de preservação permanente (APP).
Além disso, o Ministério destaca como positivo a implementação de práticas de conservação de solo em mais de 500 hectares, bem como o plantio de 5.256 mudas de espécies nativas e a semeadura de 14.530,5 kg de sementes.
Ações do Projeto
Com tantos agentes envolvidos, o Promotor de Justiça responsável pela ação, Alexandre Estuqui Junior aponta justamente para a importância desse trabalho coletivo que visa a preservação ambiental.
“O objetivo do Projeto Águas de Bonito é fazer com que cada parceiro contribua, na medida de sua possibilidade, com ideias, recursos, maquinários e mão de obra, para que, ao final, o resultado desta união seja significativo para a preservação da Serra da Bodoquena”, disse.
Segundo o MPMS, justamente o cercamento de nascentes, reflorestamento e implementação de técnicas de conservação de solo, todas implementadas na bacia hidrográfica do Rio Mimoso, são ações que se destacam no projeto. Além desses, Cabe citar ainda:
- Construção de Barreiras de Pedras: técnicas simples para conter sedimentos e prevenir a erosão;
- Coleta de Sementes nativas: para fortalecer viveiros parceiros e ações de restauração;
- Apoio na Produção de Mudas: suporte técnico e fornecimento de sementes para viveiros parceiros;
- Monitoramento: avaliação contínua das áreas em restauração florestal;
- Participação em Congressos: compartilhamento de resultados e boas práticas em eventos ambientais;
- Oficinas e Palestras: conscientização sobre conservação ambiental e manejo sustentável;
- Ações de Educação Ambiental: atividades interativas na Feira Socioambiental de Bonito.
Linha do tempo
Antes de lançar o projeto, a poluição do Rio Mimoso e do Córrego Taquara, em Bonito, ainda em 2017 despertava atenção do Ministério Público, que instaurou inquérito para investigar as causas, depois que o cristalino das águas locais foi tomado por uma turbidez avermelhada, como acompanhou o Correio do Estado.
Cerca de três anos depois o projeto nasceria, com foco inicial em uma das áreas que mais foi atingida pelo acúmulo de sedimentos, a bacia de contribuição do rio Mimoso, principal afluente do rio Formoso.
Como forma de atuação, o projeto vai junto das fazendas mostrando o papel de protagonismo do produtor nas ações de preservação ambiental.
Ali, ao invés de multas e notificações (exceto quando necessárias), é apontado através do diálogo uma melhor forma de pelo menos amenizar os chamados passivos ambientais.
Todo esse trabalho já rendeu prêmios, além de contar por dois anos consecutivos com o apoio da Associação Brazil Foundation, por meio do Fundo Luz Alliance, liderado pela Top Model Gisele Bündchen, além de receber recursos do Fundo Estadual de Direitos Difusos e Lesados (FUNLES).
Entre os mais importantes prêmios, levou inclusive o Troféu Seriema e o Prêmio Ipê Amarelo, oferecidos respectivamente pelo Conselho Regional de Engenharia e Agronomia dos estados de Goiás e Mato Grosso do Sul, visto com bons olhos por Alexandre Estuqui.
“O prêmio apenas reforça que, quando os parceiros e órgãos conseguem atuar em conjunto, com um objetivo em comum, é possível realizar boas práticas para a conservação do meio ambiente. Além disso, o prêmio impulsiona e estimula novas ações ambientais, reforçando a imprescindibilidade de políticas públicas e investimentos em sustentabilidade”, conclui.
Fonte:Correio do Estado