Com base nos fósseis da espécie encontrados no Rio Miranda, próximo a Bodoquena, os cientistas constataram que Mato Grosso do Sul está entre as regiões onde viveram os últimas preguiças gigantes da América do Sul.
Intitulado “3.500 anos AP: A última sobrevivência da megafauna de mamíferos nas Américas”, o estudo foi publicado no Journal of South American Earth Sciences, um das mais respeitadas revistas científicas do mundo. Acesse aqui.
Entre os fósseis encontrados no estado, está parte da mandíbula de uma preguiça gigante, extinta há aproximadamente 4.900 anos, segundo os especialistas.
Até então, estimava-se que a espécie havia sido extinta no final da Era do Gelo. Com a descoberta, contudo, os pesquisadores confirmaram que a preguiça gigante conseguiu sobreviver muitos anos além do período, que terminou há aproximadamente 11.700 anos.
“Esse estudo mostra que essa megafauna se extinguiu entre o início do Holoceno até metade do Holoceno, vários anos após a Era do Gelo”, comenta a paleontóloga e professora da UFMS, Edna Maria Facincani, única representante de Mato Grosso do Sul no estudo.

As preguiças gigantes podiam atingir até 6 metros de comprimento e pesar várias toneladas. Fósseis da espécie também já foram encontrados, há 10 anos, na Gruta do Lago Azul, um dos pontos turísticos mais famosos de Bonito.
“Esses fósseis da preguiça gigante são mais comuns de serem encontrados em canais fluviais ou dentro dos próprios rios que correm nas cavernas. Aqui, nós encontramos a mandíbula e o dente, o que nos permitiu datar quando essa espécie foi extinta.”
Edna Maria Facincani, paleontóloga e professora da UFMS.
De acordo com a pesquisadora, no estado e em outras regiões da América do Sul, a espécie foi extinta devido às mudanças climáticas que ocorreram ao longo dos anos.
“O que o nosso estudo demonstra é que vários fatores contribuem para o processo de extinção. Ela não necessariamente ocorreu de forma abrupta, mas sim ao longo de um período de tempo um pouco maior do que esperávamos.”
Edna Maria Facincani, paleontóloga e professora da UFMS.
Entre os fatores que contribuíram para a extinção da megafauna estão as variações de temperatura e a falta de alimento.
“Quando você começa a ter variações climáticas, a umidade aumenta, surgem outros tipos de vegetação que aqueles animais não estavam acostumados a comer, e eles não conseguem se adaptar. Com a variação das plantas e o aumento da densidade da vegetação, esses animais de grande porte, que se deslocavam em campos abertos, perderam essa possibilidade de interação e deslocamento. Esses são alguns dos motivos que contribuíram para a extinção dessa megafauna, principalmente no continente sul-americano.”
Edna Maria Facincani, paleontóloga e professora da UFMS.
Além da preguiça gigante, o estudo “3.500 anos AP: A última sobrevivência da megafauna de mamíferos nas Américas” também analisou as idades de fósseis de outras espécies da megafauna, encontrados no Ceará: o tigre-dentes-de-sabre, o Toxodon platensis, o mastodonte e o Palaeolama major.
Além da pesquisadora da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul), também assinam o estudo os cientistas Fábio Henrique Cortes Faria e Ismar de Souza Carvalho, da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro); Hermínio Ismael de Araújo-Júnior, da UERJ (Universidade do Estado do Rio de Janeiro); e Celso Lira Ximenes, do Museu de Pré-História de Itapipoca.
Fonte: PrimeiraPágina